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O Voto do Brasileiro

25 de Junho de 2018 às 17:51
Crédito: Divulgação
O Voto do Brasileiro
Lançamento do livro O Voto do Brasileiro do escritor Alberto Carlos Almeida
José Vitti promove nesta 3ª-feira. às 18h30 na Assembleia, o lançamento do livro de Alberto Carlos Almeida. Em entrevista exclusiva ao Portal, o autor faz avaliações sobre a tendência do eleitorado goiano nas próximas eleições.

Em entrevista exclusiva à Agência Assembleia de Notícias, o cientista político Alberto Carlos Almeida avalia que o eleitor goiano médio tende a votar em candidatos para cargos majoritários que tenham perfil centro-direita, considerando os dados sociais disponíveis. O autor lança o livro “O Voto do Brasileiro” no auditório Costa Lima, nesta terça-feira, 26, às 18h30.

O lançamento do livro é promovido pelo presidente da Assembleia Legislativa, José Vitti (PSDB), em parceria firmada com a Brasilis-Instituto Análise e a Editora Record. Logo em seguida, o chefe do Parlamento participa de uma mesa redonda com o cientista político, que terá como comentarista o ex-governador Marconi Perillo, e será mediada pelo ex-presidente da Junta Comercial do Estado de Goiás (Juceg) Rafael Lousa

Alberto Carlos Almeida disse à Agência Assembleia que os resultados das últimas eleições presidenciais em Goiás indicam que o eleitorado tende a ter votação mais expressiva em candidatos de centro-direita. Os indicadores sociais do eleitorado goiano sugerem uma maior predisposição por nomes que defendam menor participação estatal na economia e maior liberdade econômica.

“No livro, analiso os resultados das últimas três eleições presidenciais. No Centro-Oeste, o PSDB, que representa uma posição centro-direita, venceu nas eleições presidenciais de 2010 e 2014. Há uma relação direta entre indicadores sociais e resultados eleitorais. Pode haver coincidência do resultado eleitoral para candidatos para presidente e para governador”, disse o cientista político.

Alberto Carlos Almeida diz que o livro procura demonstrar que existem pilares sociais do voto. De acordo com ele, as fundações que correlacionam os dados sociais aos resultados são profundas, o que acaba reforçando uma maior previsibilidade do processo eleitoral.

“Há uma predisposição do eleitorado pobre em votar em candidatos de centro-esquerda. Isso tem muito a ver com a sociabilidade desse eleitor, que reconhece nos candidatos com esse perfil maior identificação, que priorizam o aumento da presença do Estado na economia e à geração de mais igualdade de renda. Do outro lado, os menos pobres tendem a votar em quem prioriza menor interferência estatal na economia e que tenham mais eficiência econômica”, disse o cientista político.

 

Polarização

 

Alberto Carlos Almeida sugere que o resultado das eleições presidenciais dos últimos três pleitos indica polarização de forças entre centro-esquerda e centro-direita, representadas, respectivamente, por PT e PSDB. O livro “O Voto do Brasileiro” discute a tese de que o Brasil tem, em relação ao voto, muitas semelhanças a países como Espanha, Alemanha, França, Itália, Inglaterra e Estados Unidos.

“Quando se reúne os dados das eleições para presidente nesses países, você chega à conclusão de que a divisão do eleitorado entre centro-esquerda e centro-direita existe no mundo todo. Existem divisões regionais e sociais, mas há um padrão que assegura previsibilidade nos processos eleitorais”, disse o sociólogo.

O autor diz que essa polarização no Brasil surge e se consolida a partir do primeiro Governo Lula (2003-2006). Até então, embora os indicadores sociais não fossem profundamente diferentes, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso chegou inclusive a ter votações expressivas no Nordeste. De acordo com ele, a simbologia tem um papel forte na construção dessa polarização.

“Essa polarização se dá em razão de uma máquina política organizada. Isso não acontece ao acaso. Há uma mobilização, que leva as mensagens dos partidos, que acaba reforçando essa tendência. Isso vale para qualquer lugar. Por exemplo, o governador mobiliza sua base social por meio dos deputados estaduais, que indicam diretores de escola e chefes de hospitais, o que acaba fortalecendo a mensagem desse grupo político”, afirmou o cientista político.

 

Dois países

 

Para o cientista político, os dados sociais e eleitorais apontados no livro sugerem que existem dois países diferentes dentro do Brasil. Um, sediado no Nordeste, com população de baixa renda e dependente do Estado, que apoia candidatos de centro-esquerda; outro, sediado em São Paulo, com população com melhores condições de vida, oferecem apoio aos nomes de centro-direita.

“Pelos dados do livro, temos um país chamado Nordeste e outro chamado São Paulo dentro do Brasil. Mais do que os resultados eleitorais, os dados sociais talvez sejam um dos aspectos mais relevantes do livro. São Paulo é bem atendido em infraestrutura e serviços públicos; no Nordeste isso já não acontece e há muitas deficiências”, afirmou.

Alberto Carlos Almeida disse que o primeiro governo de esquerda consolidou essa polarização. De acordo com ele, o atendimento voltado aos pobres e a forte simbologia fizeram com que os pobres passassem a votar mais nos partidos de centro-esquerda.

“O governo de esquerda atende às expectativas dessa população pobre, que atende às suas demandas. Vejo essa polarização entre centro-esquerda e centro-direita nem tanto como sinal de amadurecimento eleitoral do país, mas de alternância de poder. Os candidatos vão em cima de oportunidades no mercado eleitoral”, disse o sociólogo.

 

Livro

 

 “O voto do brasileiro” é a segunda obra focada no processo eleitoral que o autor publica pela Editora Record. A primeira, “A cabeça do eleitor”, foi publicada em 2008. Alberto Carlos Almeida também havia publicado “A cabeça do brasileiro”, em 2007, onde compila uma série de dados sobre religião, política, família, trabalho e preocupações recorrentes da população.

O livro que será lançado traz vários insights sobre as eleições, com destaque para a ideia de que o resultado do processo eleitoral brasileiro é relativamente previsível em razão da polarização entre candidatos. A obra reúne dados sobre as últimas eleições no País para estabelecer padrões que permitam uma análise sobre a previsibilidade do comportamento do eleitor médio.

 

O autor

 

O cientista político Alberto Carlos Almeida fundou o Instituto Análise, hoje a empresa de consultoria Brasilis, especializada em “análises de dados primários e secundários sobre a sociedade brasileira”. Sociólogo por formação, o autor também é sócio da Inteligov – uma plataforma de inteligência legislativa automatizada. Foi colunista do jornal Valor Econômico. Atualmente, é colaborador do portal Poder360.

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