Notícias dos Gabinetes
Goiás dos ipês e setembro amarelos
Para quem não sabe, o ipê-amarelo foi declarado, em 1961, a Flor Nacional. Nós, goianos, nos acostumamos a apreciar a beleza das árvores com sua carga fenomenal de flores exuberantes e que fazem tão bem aos olhos e à alma. Mas, para aqueles que sofrem com depressão, tentativas de suicídio, violência autoprovocada e automutilação, o amarelo é um sinal de alerta para que a vida não caia no abismo da existência, como uma flor despenca do galho do ipê quando cumpre seu ciclo. O ser humano, seja qual for a sua idade, já é fruto, com sementes que precisam germinar e os brotos e novas criaturas, serem cuidadas, pois, assim Deus nos fez, para procriarmos e cuidarmos uns dos outros.
A campanha Setembro Amarelo, promovida e incentivada pelo Centro de Valorização da Vida (CVV) e pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), busca exatamente conscientizar a nossa sociedade sobre a prevenção do suicídio, um tabu que, às vezes, preferimos não discutir, mas que pode custar muito caro às emoções das nossas famílias, visto que retira, de maneira súbita e trágica, um ente querido do nosso convívio, deixando a sensação de que poderíamos ter feito alguma coisa para evitar essa fatalidade irreversível.
Por isso, apresentei em Plenário da Assembleia Legislativa de Goiás, um projeto de lei, já aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça, que visa a instituir, nos estabelecimentos de saúde e unidades de ensino estaduais, a rotina de notificação compulsória de casos de violência autoprovocada, englobando a automutilação e as tentativas de suicídio, em conformidade com a portaria do Ministério da Saúde, que prevê tal prática humanitária, que pode evitar traumas físicos e até salvar vidas.
Como todos estamos cientes, as pessoas dão claros sinais de angústia e até pedidos velados de socorro, quando estão passando por situações de dor emocional e mudanças bruscas em suas vidas, com manifestações de tristeza, medo, isolamento, pessimismo exacerbado, baixa nos rendimentos escolar e profissional, frases que denotam menosprezo pela própria existência e queixas reiteradas de que ninguém se importa com ela, sendo, na imaginação doente delas, a morte a solução mais viável.
Acontece que a vida é muito bela. Perto da nossa capacidade de abstrair, criar, correr, brincar, sorrir, apreciar as tantas dádivas da natureza e, sobretudo, amar. Os ipês-amarelos são apenas uma espécie de árvores a mais, pois que existem tantas outras e todas florirão. Nós podemos e precisamos florir em todos os tons e viver felizes com as pessoas que amamos. Viva o Setembro Amarelo.