Ícone alego digital Ícone alego digital

Notícias dos Gabinetes
Em audiência pública com o TCE, deputada Bia de Lima relata preocupações dos usuários do Ipasgo sobre privatização

05 de Abril de 2023 às 10:58
Em audiência pública com o TCE, deputada Bia de Lima relata preocupações dos usuários do Ipasgo sobre privatização

Ocorreu na manhã desta terça-feira, 4, na sala das Comissões da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), uma audiência pública convocada pelo presidente da Comissão de Saúde da Casa, Gustavo Sebba (PSDB), com a participação de parlamentares, entidades representativas dos servidores públicos, usuários do Instituto de Assistência aos Servidores Públicos de Goiás (Ipasgo), além do presidente e de um conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Saulo Mesquita e Celimar Rech, respectivamente. O tema discutido foi a privatização do Ipasgo.

A mudança de regime jurídico do Ipasgo para Serviço Social Autônomo (SSA), proposta pelo Governo estadual, pode colocar em risco a saúde de 600 mil servidores. Com a alteração, o plano de saúde passa a ser gerido segundo normas e regras da Agência Nacional de Saúde (ANS), o que significa aumentos anuais, sem possibilidade de discussão com os servidores e com reajustes salariais desproporcionais às cobranças. Convidados, representantes do Governo estadual e do Ipasgo não participaram do debate.

Durante a audiência, a deputada Bia de Lima (PT), que também é presidente do maior sindicato de Goiás, o Sintego, e coordenadora do Fórum em Defesa dos Servidores e dos Serviços Públicos de Goiás, falou sobre a angústia dos servidores públicos em relação às mudanças propostas no plano de saúde da categoria. De acordo com ela, as entidades estão sendo pressionadas a aceitar as mudanças propostas sem qualquer discussão, sem transparência e sem qualquer segurança aos usuários do Ipasgo.

“Estamos muito angustiados frente a esta mudança e a forma como estamos sendo pressionados. As preocupações são de todos os usuários, agregados, servidores e a pergunta que não quer calar é: será que vamos dar conta de pagar esse novo modelo do Ipasgo? Não basta decidir o regime jurídico, a nossa preocupação é muito maior. Quando o TCE traz os problemas do ponto de vista contábil e gerencial, cabe a nós, donos do Ipasgo, servidores públicos, determinar como queremos que seja a gestão”, afirmou Bia. 

“A grande preocupação é que, ao nos tornamos SSA, nós seremos regidos pelas mesmas regras da ANS e isso tem um fator que nos preocupa diretamente. Na prática querem transformar o plano de saúde em algo privado. Eu, como presidente do Sintego, falo em nome da metade dos usuários desse plano e posso ser categórica em falar o que não queremos. Nós não queremos ter o teto de gastos vinculado ao Ipasgo; não queremos que o dinheiro do Instituto entre na contabilidade do Governo. Queremos aportes financeiros, queremos concursos públicos”, completou ela.

Ao contrário da argumentação do Governo estadual, de acordo com o presidente do TCE, Saulo Mesquita, o órgão não obriga o Estado a mudar o regime jurídico do Ipasgo. Segundo ele, o recomendado pelo TCE é a retirada do plano da receita corrente líquida, já que a inserção desses valores resulta no endividamento público, em função da utilização indevida.

“O TCE faz alertas há 10 anos. Basicamente, o que se faz é computar indevidamente a receita do Ipasgo como se fosse do estado, isso causa problema fiscal e falta de transparência no processo. Por isso, o TCE recomenda que se proceda à alteração da natureza jurídica do Ipasgo ou que o Estado adote outras providências compatíveis para a resolução do problema. A determinação para a conversão em SSA visa resolver o problema na receita corrente líquida, a forma autárquica por si só não é ilegal, desde que o Ipasgo seja administrado como tal, com a realização de concurso público, por exemplo”, reforçou.

Conselheiro do TCE e responsável pelo parecer do órgão sobre a mudança no regime jurídico do Ipasgo, Celimar Rech ressaltou que “os demonstrativos apresentados pelo Governo não refletem a realidade fiscal do Estado. Em alguns momentos estávamos muito próximos do descumprimento da lei de responsabilidade fiscal, já que o limite do endividamento do Estado, também tem como denominador a receita corrente líquida. No entendimento de quem faz as análises, isso precisa ser corrigido e a retirada do Ipasgo faz parte disso. A grande dívida do Estado tem como credora a União. Ora, quando eu computo a receita, considerando a receita do Instituto, eu pago a dívida para a União sobre a receita que é do usuário, isso está inadequado, é uma apropriação indevida”, afirmou ele.

Também servidor público, o deputado Delegado Eduardo Prado (PL) participou da audiência e afirmou que o projeto de lei não oferece segurança jurídica aos servidores do Ipasgo, bem como aos usuários. “Há uma lacuna na lei e que não dá segurança jurídica a ninguém. A falta de gestão é culpa do Governo. Há outra alternativa? É um novo modelo e velhos problemas. São vários pontos obscuros do mesmo jeito que venderam o Hospital dos Servidores sem questionamento na Alego, não há clareza. Inclusive, em razão do RRF, o Estado não pode mandar projeto de lei para a Casa sem autorização do conselho como está sendo feito”, ponderou.

Presidente da Comissão de Saúde, deputado Gustavo Sebba declarou que seguirá acompanhando o caso. “O que estamos discutindo pode ser o fim do Ipasgo. Estamos falando da vida de 600 mil usuários, o que reflete na vida de muito mais pessoas, e as que não conseguirem pagar vão migrar para o SUS, que já está colapsado. Vimos nesta audiência que há alternativas. Ficou muito claro que o TCE não obriga o Estado a fazer nada, o que vai ser feito é uma decisão política do governador com a aprovação ou não dessa casa. A desculpa do Governo não existe, o que deve ser feito é o Tesouro estadual parar de pegar dinheiro do Ipasgo todo mês para gastar com outras coisas”, disse o parlamentar.

Por fim, também integrante da Comissão de Saúde, o deputado Antônio Gomide (PT) afirmou ser possível fazer um debate em alto nível em busca de soluções. “Não podemos discutir coisas paralelas, estamos dizendo ao governo que se ele acata e modifica a forma de prestação de contas resolveremos o problema na origem. O que temos é que exigir do presidente do Ipasgo uma gestão adequada, assim como o TCE está fazendo. Não podemos cair no jogo daqueles que estão querendo falar pelo governador”, finalizou.

Gabinete Dep. Bia de Lima Conteúdo de responsabilidade do deputado e sua assessoria de imprensa, não representando opinião ou conteúdo institucional da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego).
Compartilhar

Nós usamos cookies para melhorar sua experiência de navegação no portal. Ao utilizar você concorda com a política de monitoramento de cookies. Para ter mais informações sobre como isso é feito, acesse nossa política de privacidade. Se você concorda, clique em ESTOU CIENTE.