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Fechamento de turmas noturnas do ensino médio é debatido em audiência pública promovida pela deputada Bia de Lima
A deputada estadual Bia de Lima (PT), que também é presidente da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa de Goiás e do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego), promoveu, na tarde desta terça-feira, 16, uma audiência pública para debater o fechamento de salas do ensino médio regular do período noturno da rede estadual de educação.
A deputada Bia de Lima reforçou o elemento surpresa da medida, que transferiu as turmas para a modalidade EJA (Educação de Jovens e Adultos) e causou grande insatisfação aos estudantes e familiares e pediu que essa decisão seja repensada. “Gostaria de fazer um apelo: revejam esta medida e mantenham a oferta do ensino regular noturno e então, abrir para uma discussão ampla as mudanças que cabem e a forma como seriam realizadas. Dar a oportunidade de a rede estadual falar e, inclusive, pontuar os problemas. Penso que isso é o mais salutar”, completou a parlamentar.
Na ocasião, a superintendente de Gestão Estratégica e Avaliação de Resultados da Secretaria de Estado da Educação de Goiás (Seduc), Márcia Pereira, alegou que a medida foi motivada pela baixa frequência dos alunos na modalidade. “A Seduc faz uma coleta de dados periódica e os dados do noturno são alarmantes. A média de frequência dos estudantes não chega a 70%, e a média para aprovação é de 75%. Contudo, ela ainda vem caindo mensalmente. Se o aluno não participa e não frequenta a aula, a gente precisa tomar uma atitude e mudar as ações”, disse ela.
Já a professora doutora, representante do Fórum Goiano de Educação de Jovens e Adultos, Ana Desireé Castro, apontou que as dificuldades dos alunos ultrapassam a barreira do querer. “Se fizerem uma pesquisa, todos os trabalhadores vão querer os filhos na escola. Mas se eles tiverem que escolher ir para a escola ou comida no prato, qual vocês acham que eles vão escolher? Por isso, a nossa proposta é manter a oferta regular noturna, principalmente porque todo cidadão, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, pois esse porque é direito, se quiser, e o necessário é que o Estado faça essa oferta. O que deve ser levado em consideração não é o tanto, a quantidade de alunos, mas sim o direito à Educação”, ressaltou.
Aluno do 9ª ano e representante dos estudantes do ensino médio, Samuel Almeida falou, na audiência, sobre a sensação de desamparo dos estudantes. “A medida foi praticamente efetivada, sem qualquer debate e pegou todo mundo de surpresa. O Ensino Médio Noturno surge como meio para amparar as pessoas socialmente menos favorecidas, as que trabalham durante o dia, que saem da periferia para o centro para terem o mínimo de qualidade de ensino”, disse ele. O jovem ainda criticou a medida em razão das provas do Ideb.
“Em relação à nota do Ideb como estrutura para essa mudança, eu pergunto: em detrimento do que? O que perdemos socialmente das pessoas que acabaram não tendo o acesso ao ensino de qualidade, das pessoas que foram prejudicadas para a gente manter uma nota? A educação não deve ser um mecanismo para mascarar uma nota”, concluiu o aluno.
A reunião também teve a presença de representantes do Ministério Público de Goiás (MPGO), Conselho Estadual de Educação, Fórum Estadual de Educação, Superintendência do Ensino Médio e Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego).