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Após denúncias, Gustavo Sebba realiza visita técnica para vistoriar o Crer
O deputado Gustavo Sebba (PSDB), presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), realizou, nessa quinta-feira, 14 de setembro, uma visita ao Centro Estadual de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (Crer). O encontro contou com a presença de diversas autoridades da área da saúde e foi motivado por denúncias que a comissão vem recebendo frequentemente, relatando dificuldades que pacientes e profissionais têm enfrentado no Centro de Reabilitação.
Inaugurado em 25 de setembro de 2002, o Centro Estadual de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo – Crer, uma unidade da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás, é gerido pela Associação de Gestão, Inovação e Resultados em Saúde (Agir), desde sua fundação. Todo o atendimento realizado no hospital é pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A humanização do atendimento, o pioneirismo e a excelência sempre foram os pilares da atuação e história do hospital, mas, segundo denúncias, atualmente o Crer não está funcionando como antes.
“O papel da comissão é intermediar exatamente essas demandas que existem na saúde pública, em todo o Estado de Goiás. A comissão fiscaliza, diagnostica dificuldades e propõe alternativas e soluções, além do papel institucional de aprovação de todos os projetos de lei relacionados à saúde pública e privada que passam pela casa. Nesse caso específico, tivemos algumas demandas que chegaram à comissão de pacientes e de profissionais que aqui trabalham. E por isso viemos aqui fazer uma visita técnica para discutirmos com a equipe de gestão da unidade para entender melhor o que está acontecendo e o que é de responsabilidade da unidade, da Secretaria Estadual de Saúde e do Estado e, após, ir em busca de alternativas para resolver esses problemas e responsabilizar os responsáveis. Nós, da Comissão de Saúde, estamos aqui para ouvir todas as partes envolvidas, analisar com cuidado cada demanda e unir forças, para de fato trazermos soluções que vão melhorar a assistência para a população goiana”, explicou Gustavo.
Na ocasião, o parlamentar destacou que o Crer sempre foi uma referência no País em sua especialidade e precisa continuar sendo.
Denúncias
Dayse Pereira Arruda, mãe de Danilo Arruda, paciente do Crer diagnosticado com paralisia cerebral, relatou que está havendo um rodízio contínuo de profissionais desde 2020 e que isso tem atrapalhado muito o tratamento do filho, pois ele já passou por cinco fisioterapeutas diferentes. “Estou indignada em saber que meu filho está regredindo porque não tem uma continuidade no tratamento e, se ele não fizer fisioterapia, poderá ter que fazer cirurgia. As pessoas que tratam aqui precisam criar uma relação de confiança com o especialista. É um grupo distinto de pessoas, principalmente as crianças. Elas passam anos se tratando, e esse elo de confiança é o que possibilita também a evolução no quadro médico”, justificou.
Geraldo Pedro, pai da paciente Stephane Vitória, que sofreu um engasgo em 2021, disse que a filha passou mais de 60 dias na UTI e desde então ela precisou fazer sua reabilitação no Crer. “De 2021 para cá, tenho visto gradativamente demissões em massa de grandes profissionais que fizeram o nome do Crer ser referência e agora estão sendo demitidos de forma covarde. E agora estamos vendo esses novos profissionais ganhando menos e o tratamento dos nossos filhos declinando”, explicou.
Laisa Pires, mãe do paciente Janderson Filho, disse que veio de Ipameri morar em Goiânia faz oito anos para fazer o tratamento do filho e também tem visto o tratamento do seu filho decair com a contratação de novos profissionais. “Nós estamos aqui para fazer nossas reclamações e pedir para que o Crer volte a ser como era há 20 atrás”, salientou.
Juliane Lacerda, vice-presidente do Conselho Local de Saúde e paciente do Crer, enfatizou que fez questão de estar presente na visita técnica para fazer reclamações do atendimento e limpeza do Crer em favor da luta dos pacientes para resgatar o Crer que era antes. “Aqui uma faixa grande de pacientes e colaboradores relatam que a instituição já não funciona como no passado e existem muitos problemas”, afirmou.
O presidente do Sindicato dos Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais de Goiás (Sinfito), João Batista da Silva Júnior, informou que o sindicato vem recebendo denúncias de todas as esferas a respeito do Crer. Ele acredita que a reunião de hoje permitiu que a Associação de Gestão, Inovação e Resultados em Saúde (Agir), que cuida da gestão do Crer, prestasse esclarecimentos sobre os ocorridos e avaliou o encontro como muito produtivo. “O deputado Gustavo Sebba estabeleceu que se envie à comissão documentos para as devidas comprovações das ocorrências e, posteriormente, estes serão encaminhados às autoridades competentes, ou seja, o Ministério Público, Ministério Público do Trabalho, Tribunal de Contas do Estado, Assembleia Legislativa, Conselho Estadual de Saúde", disse.
A diretora do Sindicato dos Enfermeiros do Estado de Goiás, Dionne Hallyson, declarou que quis acompanhar a visita da Comissão de Saúde da Alego para averiguar as denúncias de assédio moral. “Nós estamos aqui hoje para informar que foram feitas muitas demissões de fisioterapeutas e enfermeiros e isso tem afetado a saúde mental desses profissionais”, comunicou.
Responsabilidade
O médico Ciro Bruno, diretor técnico da Unidade do Crer, achou que a reunião foi produtiva e que as cobranças, reclamações e as sugestões do deputado Gustavo Sebba, dos usuários e dos sindicatos são legítimas. "Vejo com olhos positivos essa visita da Comissão de Saúde, pois entendo que todos desejam o fortalecimento do Crer, o que é o objetivo da Agir e de nós, da diretoria do Crer, que buscamos, assim como os usuários. No entanto, isso tem um custo; o orçamento público é limitado, a fonte de financiamento do Crer é pública. Então, no meu entendimento, devemos unir forças com a sociedade, o governo estadual, o terceiro setor e o parlamento para encontrar soluções. Com diálogo, ideias, muita discussão e respeito, vamos melhorar ainda mais o Crer", elucidou.
O superintendente executivo da Agir, Lucas Paula da Silva, avaliou a visita da comissão como muito oportuna, quando a entidade apresentou dados e esclareceu os pontos necessários. "Nosso compromisso é proporcionar o maior número possível de atendimentos, mantendo um equilíbrio com o contrato de gestão, os recursos disponíveis e o atendimento aos pacientes", atestou.
Lucas destacou que é valioso ouvir a percepção dos usuários, dos pacientes e dos pais dos pacientes, reconhecendo que, infelizmente, nem todos os anseios dos pais serão atendidos completamente durante o processo de reabilitação. "Nosso compromisso é buscar todos os recursos para atender bem nossos pacientes e entender que há espaço para melhorias. Momentos como esses são importantes para esclarecer conflitos de entendimento e demonstrar a grupos de pais e representantes de sindicatos que não estamos perseguindo ninguém e, e se houve algum caso isolado, isso não chegou ao conhecimento da instituição. Continuaremos empenhados em melhorar”, assegurou.
Gustavo concluiu a reunião pedindo aos gestores do Crer para criar um canal de denúncias na Comissão de Saúde da Alego para receber essas demandas e reclamações diretamente à comissão. “Além da Ouvidoria do Estado, que já desempenha esse papel, a Comissão de Saúde também terá acesso a essas reclamações, documentos e dados para, em seguida, tomar as medidas necessárias e encaminhá-las aos órgãos competentes, bem como à Assembleia Legislativa, a fim de propor sanções dentro da lei”, esclareceu o parlamentar.
Ao término da reunião, o deputado Gustavo Sebba fez uma visita às dependências do Crer, acompanhado por profissionais do local. "Viemos à unidade para uma visita técnica, discutimos com a equipe de gestão da unidade para entender melhor a situação na unidade, suas dificuldades, e, assim, propor maneiras de resolver os problemas", finalizou.