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“Chamada pela Paz”, Bia de Lima realiza evento pelo fim do feminicídio e das guerras
A deputada estadual Bia de Lima (PT) realizou na tarde desta segunda-feira, 6, o evento “Chamada pela Paz”. A atividade, que teve como motivação, os indicadores crescentes da violência, também chamou a atenção e pediu um BASTA contra o feminicídio e as guerras.
O evento aconteceu em alusão ao Dia Estadual de Combate ao Feminicídio - Lei 20.283. de 19 de setembro de 2018, da deputada Adriana Accorsi (PT). “Esta é uma atividade muito importante. Além de chamar a atenção para a necessidade de dar um basta aos índices de feminicídio no nosso estado, aproveitamos para dar um basta às guerras. É preciso gritar sempre que quem mata uma mulher, mata a humanidade. Eu e as deputadas da Casa [Rosângela Rezende (AGIR), Dra. Zeli (UB) e Vivian Naves (PP)] estamos todas em um trabalho intenso para contrapor toda e qualquer tipo de violência contra as mulheres. Agradeço às deputadas nesse somatório de esforços, para que alcancemos tempos mais promissores para as mulheres”, afirmou Bia de Lima.
Atualmente deputada federal, Adriana Accorsi, que propôs a lei, lembrou que apesar da tristeza do projeto, ele é fundamental na luta contra a violência contra as mulheres. “Para mim é emocionante estar aqui nesse dia. Essa lei eu fiz com tristeza, é o dia da morte da Rafaela, uma menina que morreu dentro da escola por ter terminado um relacionamento. Mas, me conforta o coração saber que a deputada Bia de Lima está dando sequência nesta luta, mostrando o desafio que temos para viver e para estarmos nos espaços de poder e decisão. Estamos aqui hoje para lembrar que nosso caminho é longo e não podemos esmorecer. A nossa vida não está valendo em Goiás? Não podemos aceitar isso. Queremos viver e viver sem medo”, pontuou ela.
A deputada estadual e procuradora da Mulher da Alego, Rosângela Rezende, fez uma fala emocionada sobre a própria transformação pela causa das mulheres. “É um prazer estar aqui. Sou uma deputada transformada pela causa da mulher, já que essa não era a minha pauta, exceto no direito da saúde da mulher, mas a gente amplia os nossos horizontes e meu olhar se abriu. Essa causa deve estar cada vez mais arraigada, queremos uma cultura de paz, não queremos conflitos, não queremos ser exterminadas. É importante destacar que o aumento do feminicídio é um sinal de que a violência contra as mulheres não está invisível, isso era normalizado, inclusive. Em Goiás especialmente, existe uma questão cultural que cala a nossa voz e embarga a nossa criatividade e isso é muito ruim. Essa transformação que aconteceu comigo é a prova da necessidade desse debate”, reforçou a parlamentar.
Secretária Nacional de Promoção da Igualdade Racial do Ministério da Igualdade Racial, a professora Ieda Leal, destacou a relevância de reforçar a luta em todos os espaços. “Chegamos ao Planalto para tentar resolver de forma decente essa história de quem está nos matando. Precisamos chegar mais longe, e as mulheres organizadas nesta Casa e organizando as mulheres lá fora. Cada ataque contra a professora Bia de Lima é um ataque contra todas as mulheres do Brasil. A gente só evita isso, organizando a luta desde muito novas. Estamos no momento de reforçar e transformar as nossas casas, nossos locais de trabalho para dizer: quem mata uma mulher, mata uma humanidade”, disse ela.
Além da participação de mulheres e entidades representativas, o evento teve ainda apresentações culturais, como a exibição da música “Sem Medo”, interpretada pelo bloco Não é Não e a canção “A Penha vai valer”, cantada por Mara Cristina.
Também estiveram no evento, a presidenta do Conselho Estadual da Mulher – Conem, Ana Rita de Castro; a secretária de mulher do PT de Goiás, Lucimar Nascimento; a Secretária de Mulheres do Sintego e da CUT-Goiás, Flávia Cristina Marques e a diretora da mulher do Sindicato Nacional dos Trabalhadores e das Trabalhadoras da Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário – Sinpaf, Mirane dos Santos Sosta.
Cresce o número de feminicídios
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública, lançado em dezembro de 2022, aponta que houve um aumento de 10,8% nos casos de feminicídio no Brasil, entre o primeiro semestre de 2019 e o mesmo período de 2022. No Centro-Oeste, o crescimento foi alarmante: 29,9%. Só no primeiro semestre do ano passado, o número de feminicídios na região cresceu 6,1%. Parceiros ou ex-parceiros íntimos foram responsáveis por 81,7% dos assassinatos. Sobre o número de mulheres e meninas estupradas, o Anuário registrou 1.234 casos, somente nos seis primeiros meses de 2022, em Goiás, 74,4% das vítimas eram consideradas vulneráveis, ou seja, eram menores de 14 anos.
Em Goiás, vale destacar, 105 mulheres foram agredidas por dia em 2022. Os dados são da Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO) e apontam para um triste cenário: 38.470 mulheres sofreram algum tipo de violência (feminicídio, estupro, ameaça, lesão corporal, crimes contra a honra).