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Bia de Lima concede mérito legislativo para personalidades negras
A deputada Bia de Lima (PT) promoveu na noite dessa terça-feira, 21, a sessão solene que concedeu o Certificado do Mérito Legislativo a personalidades negras, em reconhecimento aos expressivos serviços prestados à promoção da igualdade racial e justiça social na contínua construção de uma sociedade mais inclusiva e igualitária. Mais de 170 pessoas foram homenageadas na solenidade, que fez parte das atividades promovidas para celebrar o Dia da Consciência Negra.
Participaram da sessão solene o delegado especializado no atendimento às vítimas de crimes raciais e delitos de intolerância, Joaquim Filho Adorno Santos, a representante do Ministério da Igualdade Racial, Roseane Ramos, a coordenadora da Juventude do Movimento Negro Unificado (MNU), Natália Cristina Lemes Simão, o coordenador jurídico do MNU, Wanderson Pinheiro, e a coordenadora nacional das mulheres do MNU, Ivana Leal. Também marcaram presença o coordenador do projeto Batuca G e capoeirista Mestre Goiano e a presidente da Associação Quilombola Jardim Cascata, Maria Lúcia.
Na ocasião, Bia de Lima ressaltou que o objetivo do evento não era apenas comemorar o dia 20 de novembro, mas sim fazer com que a Casa de Leis seja um espaço contínuo de homenagem, valorização e enaltecimento do povo negro. “Queremos que esse espaço seja apropriado, no sentido de se apropriar, por parte de todo o povo negro. Nós sabemos que aqui tem poucos assentos, ainda, do povo negro. E muitas vezes os que são negros não se veem como tal, o que é um grande problema”, disse ela.
A deputada lamentou que o projeto apresentado por ela para que o dia 20 e novembro se tornasse feriado estadual não tenha sido aprovado pelos pares. E se comprometeu a reapresentar a proposição nos próximos anos: “não desisto fácil”.
Participações
Em seu discurso, o delegado Joaquim Filho Adorno fez uma dura crítica aos que tratam a data de forma hipócrita. “Em novembro todo branco adora ter um negro para chamar de seu. Uma foto, uma coisa assim. Mas no seu evento, deputada Bia, eu venho com muita tranquilidade, porque isso aqui é apenas uma pequena parte da sua história de luta. Você está todos os dias conosco. Isso aqui é só para concretizar isso. Por isso eu venho com orgulho”, afirmou ele.
O delegado pontuou que o racismo ainda é negado no Brasil. No entanto, trata-se de uma realidade bastante próxima. De acordo com ele, só neste ano já foram instaurados quase 300 inquéritos de racismo, somente em Goiânia. “Então, o racismo existe, ele está do seu lado. E o grande 'babado' dos racistas é o discurso único: racismo não existe. E se não existe, não precisa ser discutido, não precisa resolver, não precisa do dia 20, não preciso disso daqui, porque todos nós somos iguais, embora eu more nos Jardins e você more na favela”, finalizou.
Representando o Ministério da Igualdade Racial, Roseane Ramos ressaltou que é primordial que os negros ocupem os espaços de poder, para mudar a situação desconfortável em que vivem há mais de 500 anos. Ela ressaltou a iniciativa do projeto Abraço Negro, criado pelo Movimento Negro Unificado, abraçado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego) e que neste ano foi realizado na Alego, em parceria com Bia de Lima.
Roseane reafirmou a disposição em estar junto com o movimento negro e que a sessão solene era reconhecimento de tantas pessoas importantes que estão na luta antirracista. “A gente sente muito orgulho em fazer parte disso, porque todos caminhamos juntos pelo mesmo objetivo: um Brasil sem racismo”.
Coordenadora da Juventude do MNU, Nati Simão declarou que o 20 de novembro convida a sociedade à reflexão sobre justiça e respeito ao povo negro. “Não podemos ignorar as desigualdades que envolvem o povo negro. Temos a obrigação moral de assegurar o ensino sobre história e cultura afro-brasileira. No entanto, apesar da lei federal sobre o tema, ainda não atingimos os patamares desejados”.
“Sugiro à deputada Bia que faça um requerimento para que o ensino seja fiscalizado nas instituições de ensino, com vistas a garantir a educação adequada de história em todas as escolas. Precisamos valorizar e resgatar a história dos africanos que têm um papel fundamental desempenhado pelo povo negro na formação da nossa sociedade”, completou.