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Em almoço com setor produtivo, Bia de Lima defende qualificação de trabalhadores e fim do trabalho escravo em Goiás
A deputada Bia de Lima (PT) participou, nessa quarta-feira, 28, de um almoço com empresários de entidades representativas do setor produtivo como Fieg, Faeg, Fecomércio, entre outros, acompanhada do ministro do Trabalho, Luiz Marinho, que estava na Capital goiana a convite da parlamentar. O encontro foi parte da agenda do ministro em Goiânia.
No uso da palavra, a deputada enfatizou a necessidade de um esforço coletivo para o combate ao trabalho escravo em Goiás, já que o Estado ocupa a primeira colocação no ranking do Ministério Público do Trabalho, em relação ao trabalho análogo à escravidão.
“Nós, que somos de Goiás, queremos os avanços necessários do ponto de vista da industrialização, das relações do comércio, da ampliação, garantindo os direitos dos trabalhadores. E, para isso, temos dois pontos cruciais: a qualificação dos trabalhadores e a somatória de esforços no combate ao trabalho escravo no nosso Estado”, disse Bia, acrescentando as discussões que tem promovido para aproximar o ensino médio do técnico e tecnológico. “Tenho trabalhado para aproximar o ensino médio e o técnico e tecnológico. É necessário pensar, de forma conjunta, em como avançar na oferta de mais emprego, de mais condições de trabalho, de aproximar mais capital e trabalho”, destacou a deputada.
Aos empresários, Bia de Lima chamou a atenção para os dados negativos do Estado de Goiás, em relação ao trabalho análogo à escravidão. “Eu que sou do movimento sindical e presidi a Central Única dos Trabalhadores (CUT-GO) por três mandatos, me preocupo muito com o fato de Goiás se destacar em um quesito tão vergonhoso, que é o trabalho análogo à escravidão. E aí os bons empresários, os bons empreendedores, quem trabalha buscando a valorização dos trabalhadores, acabam ficando esquecidos em uma dinâmica que destoa das orientações das instituições. Então temos que pensar como é que num esforço tripartite (governos, empresários e movimento sindical) faremos para coibir algo que é tão vexatório. Penso que é um desafio e temos que tirar Goiás desse destaque negativo, até porque Goiás também se destaca em produção, inovação, empreendedorismo, no desenvolvimento econômico e, misturado a tudo isso, aparecem situações como essa, que não pode ser naturalizada”, finalizou a parlamentar. A fala da deputada foi bem recebida pelos empresários.
Finalizando o encontro com o setor empresarial, o ministro Luiz esclareceu diversos questionamentos dos participantes do encontro. Vejas as respostas:
Qualificação
Temos o Sistema S, a rede Simbios, cooperativas, cursos eventuais para destinar a qualificação dos trabalhadores. Talvez valesse uma reunião de trabalh com todos os órgãos dessas entidades para pensar sobre o que falar de capacitação de mão de obra. Pensar por áreas, nas taxas de desemprego por área no Estado, pensar o que temos instalado nessas áreas de infraestrutura, o que temos amarrado de sinergia nessas localidades. Pensar para fazer a diferença. O Estado é jovem e vem crescendo mais que o Brasil, então pode ser exemplo. Temos desafios, como por exemplo a logística, mas talvez seja mais fácil começar pelas pequenas coisas. Como diz o presidente Lula, façamos o possível todos os dias, mas só é possível se trabalharmos em rede, com solidariedade, abrirmos mão das mesquinharias e diferenças, e daqui um tempo veremos que fizemos muito.
Igualdade e equidade
Às vezes o novo assusta, mas não existe nada de novo nisso. Uma mulher e um homem cumprindo a mesma função, os mesmos requisitos, é obrigação, não precisa nem ter lei. É uma questão moral, ética. Mas o ser humano é um bicho danado. Acontece, por exemplo, um recrutador de mão de obra contratar no mesmo dia um homem e uma mulher, com a mesma função, porém com salários diferentes. O que acontece com a mente humana, que chega a esse nível de crueldade com as mulheres? Já ouvi como desculpa que mulheres não sabiam negociar, mas isso é uma aberração. Essa lei vai trazer à luz do dia a correção desse comportamento selvagem da sociedade. A nossa missão é criar facilidade para as coisas funcionarem corretamente, não existe a lógica do castigo à empresa, a não ser que faça a opção do não cumprimento. Mas, acredito que questões como essa carecem do apoio da sociedade, assim como o trabalho infantil, o trabalho análogo à escravidão. Assim como a adesão do setor empresarial, dos meios de comunicação e todas as áreas. É a coisa mais simples de realizar se todos estiverem imbuídos nisso. Temos um processo de implantação da lei, as empresas inteligentes vão prestar as informações até o dia 8 de março. As empresas não têm porque deixar de publicar o seu relatório, são 90 dias para dizerem que constataram e desejam um plano que corrija esses erros. Não vejo motivo para nervosismo.
Bolsa-família
Estamos estimulando que o pessoal que recebe o bolsa-família retorne ao mercado de trabalho, não tenha medo de assinar a carteira de trabalho. A própria medida provisória busca solucionar essa questão, já que as pessoas têm medo de assinar a carteira e perder o benefício. Agora, eles continuam recebendo o salário integral por um período de 4 meses. Eles só deixam de receber o benefício, caso a família saia da renda per capita exigida. Acho que pode haver uma simplificação dessa lei. Precisamos da ajuda do setor empresarial para chegar na ponta.
Desoneração da folha
A oneração da folha eu defendia quando estava na presidência do sindicato dos Metalúrgicos do ABC, onde estive de 1996 até 2005. Para mim, existe distorção. Se tem empresas altamente tecnológicas, com pouca mão de obra, então a inserção da folha é baixinha. A oneração da folha pesa demais e depende da mão-de-obra. Então achava que precisava ser olhado e estudado. Para se chegar a um consenso de Reforma Tributária é muito complexo e não é uma coisa fácil.