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Em audiência pública, Bia de Lima conclama para a tarefa de resgatar estudantes do ensino médio

19 de Março de 2024 às 13:48
Em audiência pública, Bia de Lima conclama para a tarefa de resgatar estudantes do ensino médio

A deputada Bia de Lima (PT) realizou na tarde da última segunda-feira, 18, a audiência pública sobre  “A importância do ensino médio na formação profissional e cidadã da juventude goiana”, quando debateu o tema com representantes do movimento estudantil, professores, entidades ligadas à educação, fóruns temáticos da educação, além de representantes do Governo Estadual. Esse foi o terceiro encontro promovido pela parlamentar sobre o ensino médio.

Na abertura da audiência, a deputada pontuou a relevância de promover um debate com pontos de vistas distintos, para ampliar o leque de opiniões e resultar em ações. “Precisamos ter clareza sobre o que queremos com o ensino médio em Goiás. Por isso, essa discussão oportuniza vários pontos de vista sobre os trabalhos a serem desenvolvidos, para atingirmos o ensino médio que almejamos. Priorizamos os diferentes olhares, para tirarmos os encaminhamentos, com foco no resultado eficaz das ações”, disse ela.

Ao expor dados sobre evasão escolar, Bia expôs a sua preocupação com a realidade enfrentada pelos estudantes. “O problema da evasão escolar começa muito antes do ensino médio, ele se agrava no final do ensino fundamental, em que os estudantes estão no processo de se tornarem adultos e precisam procurar o mercado de trabalho. E isso fica evidenciado pelas desigualdades educacionais no País. A nossa responsabilidade com a educação é geral, mas precisamos chamar a atenção para alguns gargalos que precisamos avançar, como essa questão da permanência dos alunos na escola. Precisamos buscar mecanismos para que todos tenham acesso e condições de continuar os estudos”, reforçou Bia.

Bia também relembrou que uma das propostas para colaborar com a resolução do problema foi a criação do programa do Governo Federal Pé-de-Meia. “O programa garante uma poupança para os estudantes ficarem na escola até a chegada na universidade, mas não é para todos, o programa é restrito aos alunos que estão inscritos no CadÚnico. Em Goiás, são 30 mil nessa condição. Apesar de ser baseado nos dados, fica muita gente de fora. Precisamos acompanhar e pressionar o governo e o MEC, lutando por um ensino médio e profissionalizante mais próximos”, disse a deputada.

A audiência pública ocorreu dias após determinação do Tribunal de Contas do Estado de Goiás (TCE-GO) para que a Seduc matricule na Educação de Jovens e Adultos (EJA) apenas estudantes que cumprem os requisitos legais, ou seja, jovens de 18 anos que descontinuaram os estudos, o que não contempla alunos menores de idade, fato ocorrido com a transferência compulsória e inadequada dos alunos do ensino médio regular noturno para a EJA, após o fechamento das turmas noturnas, pela Secretaria de Educação, no ano passado. Esse foi um dos pontos tratados no encontro.

Veja como foi a participação dos convidados:

Adriana Accorsi
- Deputada federal (PT): “Fico feliz em ver o movimento estudantil presente nesse debate. Lutamos por uma educação de qualidade, que é direito de todos nós. Lutamos para trazer institutos federais para Goiás e, agora, serão mais três, garantindo acesso ao ensino superior público de qualidade. É preciso destacar que o estudante tem que ter o direito de escolha do seu sonho e as autoridades precisam garantir isso por meio da oportunidade, combatendo as desigualdades”.

Andrei Pires - Gerente de Educação Profissional da Seduc: “A Seduc tem uma gerência especializada na educação profissional e realiza uma oferta própria com 375 turmas, que somam 77 mil estudantes em qualificação profissional no ensino médio. A partir desse ano também há oferta de cursos de qualificação na EJA, ampliada para 2.400 horas no regular e 2.100 nos cursos técnicos. Temos mantido oferta de parceria com alguns órgãos. O nosso desejo é ampliar a oferta e manter os alunos, não só com a bolsa formação todo mês, mas com qualidade de estudo”.

Lueli Nogueira Duarte da Silva – Diretora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás (FE-UFG): “Vivemos numa sociedade moderna, digital e em constante mudança e a escola, como instituição educativa e formativa, é imprescindível para todos. Em seu sentido amplo e genérico ela tem duas funções básicas: oportuniza a adaptação dos indivíduos à realidade, além da função de socialização e humanização, formação cidadã, preparação para a vida. Defendemos a revogação do NEM, porque ele não contribui para uma formação cidadã e profissional, não contribui para nada. O substitutivo também é um retrocesso. Queremos uma oferta diversificada articulada com conhecimentos gerais, ensino médio precisa ser pensado de modo integrado. Investimento é recurso essencial, mas a oferta deve acontecer de modo concomitante ao ensino profissional e profissionalizante. Isso tem que ser integrado à educação técnica. Não podemos esquecer de falar de educação de qualidade sem professores e concurso público, bem como professores que ministrem suas disciplinas de acordo com as suas áreas de conhecimento”.

Professora Geísa Dávila Ribeiro Boaventura – Representante do Instituto Federal Goiano – IFGoiano: “Os institutos federais colocam em prática o ensino médio integrado e a política é exitosa. Temos 680 campi espalhados no País, voltados para uma formação que não é para o mercado, que acontece para além da competência técnica, nossos egressos têm escolha real de atuar como técnicos ou possibilidade de elevação de escolaridade e temos visto isso passando nas universidades, dada a qualidade da educação oferecida. Formação básica dialoga com a formação técnica, leitura de mundo diferenciada, grande vantagem e atuação no mundo como cidadãos, como profissionais e que lutam pelos próprios direitos, com a capacidade de lidar com os dilemas da sociedade. Ter o ensino médio garantido é direito à educação, premissa básica que estamos lutando aqui, aligeirar é embarreirar direitos”.

Flávio Roberto de Castro – Presidente do Conselho Estadual de Educação (CEE): “Atuo na educação há 35 anos e, nesse tempo, vejo que o problema maior são os alunos do 9° ano que não seguem para o ensino médio, tínhamos que trabalhar com esses alunos para a escolha. E a grande maioria da população quer duas coisas: ensino médio e força de trabalho para ajudar em casa. Impossível Enem que contemple todo o País apenas com educação básica, como fazer uma prova pois possibilita o acesso à universidade. Enem precisa ser tratado, porque não tem como fazer uma prova igualitária para todos. Qual estudante fica em casa com 18 anos? Aspecto que tinha que ser focado é a construção de ensino médio com acesso ao profissional. Impensável um aluno que não saiba português e matemática, não saber lógica, trabalhar o básico das outras áreas do conhecimento”.

Wilson de Paula e Silva - Analista de educação, representante da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação – SECTI:  “Falando de educação profissional em Goiás, o governador Caiado tem feito investimentos. Enquanto educador, percebo como uma estratégia interessante essa de trazer outras secretarias de Estado para tratar a educação. Temos a oportunidade de ter mais gente atuando em prol da educação, uma realidade multiformada, várias cabeças pensando educação. O Governo de Goiás investiu mais de R$ 19 bilhões na implantação de escolas do futuro, em locais de maior vulnerabilidade, escolas com altíssimo valor agregado de tecnologia, escolas de qualidade e com o diferencial dos eixos definidos de tecnologia, gestão, negócio, área sócio- ambiental. O Estado está caminhando, ainda é pouco, tudo o que fizermos ainda será pouco, mas espero que possamos fazer muito mais, mas o Estado tem feito, momento ímpar para falar sobre as mudanças no ensino médio. Estamos abertos ao debate.

Lucieny Alves – Secretária de Organização do Interior do Sintego: “A impressão que tenho é que não há aproximação do ensino médio técnico profissional e profissionalizante. Ou o aluno faz ensino médio para ser um profissional com mão de obra barata ou vai para a universidade. Eles podem ter as duas opções. A oportunidade tem que ser dada para todos. Já o ensino médio noturno, eu sou feita disso, várias pessoas só concluíram o ensino médio porque era regular, trabalhava cedo e à tarde e estudava à noite. Não podemos deixar de dar essa oferta para os estudantes, que precisa ser ofertado, que possamos avançar nessas pautas”.

Ranilson Ferreira Jr. – Presidente da União Estadual dos Estudantes de Goiás (UEE-GO): “Não podemos pensar o ensino médio só pra passar numa prova, é muito mais do que isso, ele cumpre um papel de avanço social, de transformação da vida. Educação no Brasil é projeto e a gente consegue distinguir a diferença da educação pública e privada. O aluno da escola pública não vai ingressar na universidade, ele vai entrar no mercado de trabalho, como mão de obra barata, enquanto aquele aluno que estudou em escola particular vai estudar em federais. O NEM deixa a gente ainda mais longe de alcançar os nossos objetivos. As políticas dificultam a permanência do estudante em sala de aula em Goiás, entre elas a integralização. O olhar foi positivo, mas a gente sabe que não são todos que têm essa possibilidade e alguns não têm nem a possibilidade do noturno. Como esse aluno vai disputar uma vaga? E isso não é sobre se esforçar, é muito diferente, o sistema separa os alunos que estão na escola pública e na privada e a gente tem que mudar isso. A gente quer que a universidade seja para todos, temos oportunidade com o governo Lula de cobrar as mudanças. Nos últimos anos, só vivemos precarização e não vamos deixar o NEM passar, se for preciso ocuparemos escolas novamente, acreditamos que a educação seja emancipadora”.

Maria Margarida Machado – Fórum Goiano de EJA: “A gente vem num debate sobre ensino médio discutir a EJA, porque os estudantes tiveram que abandonar o ensino médio regular noturno e foram empurrados para EJA. Estamos atuando como um espaço de resistência, para que a EJA não seja um lugar para onde empurrar a juventude, ela tinha que ter esse direito garantido. O Fórum tem denunciado há muitos anos o que a Seduc tem feito com a modalidade. Empurra a juventude para a EJA para fugir das notas do IDEB. Não é uma situação da pandemia, é usar a modalidade a distância para acabar com a educação de qualidade. EJA requer diferenciação de carga horária, de currículo, tudo não pode ser comparado com a sobrecarga do trabalho. Peço ajuda dos jovens para defender que todos têm direito a concluir a educação básica. Queremos currículos integrados também. Educação deve ser tratada por educadores”.

Samuel Zuncheddu – Grêmio Estudantil Marco Antônio do Lyceu de Goiânia: “Quando a gente fala sobre números, a gente não está falando só de estatísticas, estamos falando sobre alunos, sobre pessoas que representam o futuro do País. Educação precisa e deve ser libertadora, respeitar o que almeja para si e a vida do aluno. Alunos estão desinteressados, não têm perspectiva, muitos têm que colocar na balança o futuro, o estudo ou o que vai comer em casa. Escolarização está acontecendo de forma mal estruturada, com alunos distanciados. O plano de manipulação de dados segrega estudantes, é inconcebível para uma formação igualitária para todos”.

Lara de Cássia Castro Paulo Colares – Colégio Estadual da Polícia Militar de Goiás Gabriel Issa (Anápolis): “Na escola a gente não aprende só as matérias da base curricular. Mas isso fica muito no papel, nossos avanços são poucos e continuamos com a herança militar. O NEM não prevê que as disciplinas sejam adequadas às realidades. Eu estudo em uma escola pública e comecei a fazer um cursinho, ao chegar lá me senti sem base, e isso não é só questão de se esforçar, a gente pensa o porquê de todo mundo não poder ter acesso a tudo? Como aluna de colégio militar é possível perceber a distinção de privilégios, cumprimos coisas e não pensamos de forma geral”.

Participaram ainda os alunos Juliane Benício Oliveira Neves do CEPI Antônio Claret Cardoso, de Alvorada do Norte, e alunos do CEPI Professor José Pascoal da Silva, de Silvânia.

Gabinete Dep. Bia de Lima Conteúdo de responsabilidade do deputado e sua assessoria de imprensa, não representando opinião ou conteúdo institucional da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego).
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