Em pleno mês da Defesa do Meio Ambiente, a Câmara de Constituição, Justiça e Redação (CCJ) da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego) aprovou, na semana passada, projeto de lei (PL) do deputado Amilton Filho (MDB) que institui a disciplina de Educação Climática nas escolas de Goiás. Agora, o PL segue para a Comissão de Educação da Casa Legislativa para análise dos membros e posterior encaminhamento ao Plenário para primeira votação.

De acordo com o projeto, a disciplina de Educação Climática será ministrada como uma matéria transversal multidisciplinar e irá abordar os efeitos das mudanças climáticas no cotidiano da população, bem como na economia, na saúde e na cultura da sociedade. A disciplina vai discutir as causas, consequências, características e formas de se mitigar os efeitos nocivos resultantes das mudanças climáticas e da crescente emissão de carbono no meio ambiente e como essa prática afeta negativamente o bioma Cerrado.

“O projeto visa a discutir fatores, como o aquecimento global, as alterações ambientais, a poluição e fenômenos como secas e ondas de calor, que afetam a população e causam prejuízos incalculáveis para a atividade econômica, em especial a agropecuária, força maior da economia de Goiás” explica Amilton. Caberá às secretarias da Educação e do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável definirem a implementação do projeto à realidade de cada escola e às características de cada região do Estado.

Amilton Filho utilizou-se de dados alarmantes para justificar a apresentação do projeto, números levantados por mais de 800 cientistas do mundo inteiro, 21 deles do Brasil, que integram o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) em seu Sexto Relatório de Avaliação (AR6), que apontou o aumento galopante das emissões de carbono e da elevação das temperaturas no mundo todo. 

Esse aumento tem desencadeado uma série de eventos climáticos extremos, que causam consequências irreversíveis ao planeta e a seus ecossistemas, como o aumento do nível do mar, a acidificação de oceanos e a intensificação de fenômenos, como secas e arenização de áreas atualmente vegetadas. “Dos 17 anos mais quentes já registrados na história, 16 ocorreram só neste século, e isso é muito preocupante por causa dos reflexos negativos que podem levar ao colapso da nossa economia”, observa Amilton Filho.

O projeto apresentado hoje foi motivado pelo Manifesto Jovens pela Educação Climática – Por uma Educação Climática no Ensino Básico Brasileiro, elaborado a partir da demanda de 12 jovens de 16 a 24 anos, representantes de oito estados brasileiros (Goiás, Ceará, Mato Grosso do Sul, Pará, Pernambuco, Paraíba, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo). 

A iniciativa de Amilton Filho é uma parceria entre o Fridays for Future e o Climate Reality Project Brasil e já mobilizou o apoio de mais de 3.300 brasileiros. “Dessa forma, esse projeto de lei foi construído e revisado por jovens ativistas climáticos  e educadores no Estado de Goiás, principalmente com a ajuda dos líderes da Realidade Climática, Guilherme Luiz Silva Teles e Natalia Almeida Brito, a quem deixo aqui um sincero agradecimento  pelas colaborações”, destacou o deputado.