Notícias dos Gabinetes Isaura Lemos discute descredenciamento de médicos do SUS em audiência pública
29 de Abril de 2010 às 15:11
A deputada Isaura Lemos (PDT) promoveu nesta quinta-feira, 29, audiência pública sobre o descredenciamento, dos médicos cirurgiões cardiovasculares do Sistema Único de Saúde (SUS) em Goiás, feito no dia 2 de dezembro do ano passado. Para discutir o tema, além da parlamentar, fizeram parte da mesa do debate, Cláudio Tavares, representante do secretário municipal de Saúde de Goiânia, Paulo Rassi; Hélio Freitas Moraes, representante da secretária estadual de Saúde, Irani Ribeiro Moura; Duílio Rezende, representante da Cooperativa dos Cirurgiões Cardiovasculares do Estado de Goiás; e o presidente da Sociedade Brasileira de Circulação Extracorpórea, Jeffchandler Belém de Oliveira.Na avaliação da deputada, é preciso encontrar saídas para esse problema, uma vez que a população não pode ficar sem a realização de cirurgias cardiovasculares. “Pessoas estão correndo risco de morte sem esse serviço que é essencial para a população. O problema é grave e a reivindicação dos cirurgiões (de reajustar a Tabela do SUS, que é de 1992) é justa. Temos que agir”, destacou a deputada. Na sexta-feira, 23, o Hospital da Criança também solicitou o descredenciamento alegando não ter mais condições de realizar cirurgias cardíacas. Os médicos recebem, por cirurgia, segundo a tabela do SUS de 1992, R$ 800 , sendo que este valor é dividido por seis profissionais, entre eles três cirurgiões, instrumentador e perfusionista.Duílio Rezende destacou que a situação dos cirurgiões cardíacos que atendem pelo SUS é caótica e impossibilita o bom desenvolvimento do trabalho realizado por estes profissionais. “Hoje temos que trabalhar em dois, três e até quatro lugares para conseguirmos nossa subsistência. Isso nos submete a uma carga horária que compromete a qualidade do nosso serviço”, destacou o médico.De acordo com Duílio Rezende, Goiás é hoje o sexto Estado em volume de cirurgias cardíacas, contudo a desvalorização deste profissional vem fazendo com que hospitais credenciados (grande parte não suportando os custos) optem pelo descredenciamento, que é mais viável que arcar com possíveis multas que são aplicadas em caso de não atendimento. “É impossível bancar uma equipe de cirurgia cardíaca levando em conta que os valores repassados pelo SUS são, em média, de R$ 800 por. Muitas vezes o anestesista, que recebe à parte, percebe pelo seu trabalho valores superiores ao de toda a equipe envolvida no restante da cirurgia”, informou Duílio.Hélio Freitas, representante da secretária estadual de Saúde, Irani Ribeiro, considera justa a reinvidicação dos médicos. “Os profissionais precisam ser remunerados adequadamente no exercício de sua função”, afirmou. Para Cláudio Tavares, representante do secretário municipal de Saúde de Goiânia, Paulo Rassi, a causa não somente é justa, como deve ser estendida a outros profissionais que atendem pelo SUS.O presidente da seccional goiana da Sociedade Brasileira de Circulação Extracorpórea, Jeffchandler Belém de Oliveira, ressaltou a atual situação desencadeia uma série de problemas que vão desde a desestruturação de algo extremamente complexo, como é a profissionalização de uma equipe de cirurgia cardíaca, ao próprio deslocamento e saturação de sistemas de outros Estados, que por sua vez são obrigados a atender além de sua população local. Segundo o presidente, Goiânia que é hoje uma referência nacional em atendimento em saúde, pode muito em breve deixar de ter essa qualidade à medida em que os profissionais se sentem desestimulados. “Não é justo deixar esse investimento todo ir para outros Estados, sendo que aqui temos ótimos cirurgiões capazes de prestar um excelente serviço em sua própria casa. O Brasil já é um dos países em que menos se investe em saúde. Pessoas estão morrendo todos os dias. Portanto, o que estamos tratando aqui não são valores e sim, a sobrevivência do sistema de saúde em nosso Estado. Não é algo que possa esperar o desenrolar burocrático, e sim vidas”, finalizou Jeffchandler.Para tentar acelerar a busca por uma solução, a deputada Isaura Lemos propôs um abaixo assinado com os deputados da Casa e a busca do apoio do governador Alcides Rodrigues (PP), que é médico, juntamente com as secretarias para levar a situação ao Ministério da Saúde. “Esperamos que o ministro da Saúde (José GomesTemporão) se sensibilize com essa situação. Se temos excelentes profissionais, não podemos abrir mão deles. Se isso acontecer, vamos regredir no tempo. Remeter pacientes para outros estados é uma vergonha para Goiás.”Compartilhar