Notícias dos Gabinetes
Por uma reforma educacional
A palavra educação vem do latim educatio e significa criar, nutrir. Guarda em sua essência, portanto, o sentido de algo vital, absolutamente indispensável. Porém, a educação no Brasil ocupou um papel acessório ou foi usada como um mero instrumento de dominação.
Pagamos um preço alto por esse passado. Hoje somos um País com grande potencial para o desenvolvimento, abundância de recursos naturais, mas que esbarra na falta de mão-de-obra qualificada. Nosso desenvolvimento tecnológico está limitado pelas falhas no sistema educacional.
Somos um País em que as pessoas vão à escola e não aprendem. Convivemos com o fenômeno do analfabetismo funcional, em que pessoas passam anos na sala de aula sem desenvolver competências mínimas como a compreensão de um texto simples. A Unesco considera que o processo de alfabetização na América Latina só se consolida para aqueles cidadãos que completam o 4º ano do ensino fundamental. De acordo com essa definição, em 2002, 32,1 milhões de pessoas (ou 26% da população) poderiam ser consideradas analfabetas funcionais. Mas sabemos que esse número é maior.
O desempenho dos estudantes brasileiros no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, é prova do fracasso do nosso sistema educacional – 61% dos estudantes estão abaixo ou no pior dos seis níveis de ciência estabelecidos pelo teste. Quase 30% desses alunos não chegaram ao grau mais baixo de compreensão.
Ainda segundo resultados do Pisa, os estudantes brasileiros com melhores condições socioeconômicas tiveram notas inferiores às dos alunos mais pobres de vários países desenvolvidos. Nem a elite intelectual consegue fugir de um modelo pouco eficiente. E os estudantes mais pobres do Brasil ficaram praticamente em último lugar quando tiveram desempenhos comparados aos de estudantes mais pobres de outros países. É por esses motivos que uma reforma educacional ampla se torna indispensável.
Não adianta aumentar o número de matrículas, nem construir salas de aula ou inaugurar escolas com pompa se os nossos alunos não aprenderem de fato.
Precisamos, urgentemente, combater a evasão escolar, a repetência, o desempenho muito abaixo do aceitável. Sob pena de ocuparmos para sempre a periferia econômica e social do mundo.
Jardel Sebba é presidente (PSDB) da Assembléia Legislativa.