Ícone alego digital Ícone alego digital

Notícias dos Gabinetes
Jardel Sebba: “Não adianta falar que a base não está com Marconi”

28 de Dezembro de 2009 às 14:34
O deputado catalano Jardel Sebba assume em fevereiro uma função estratégica para o PSDB: vai liderar a bancada do partido na Assembleia Legislativa. Em entrevista ao jornal O Popular, publicada na edição desta segunda-feira, Sebba defende a tese de que o posicionamento dos tucanos na Casa dependerá da postura do governo

 

ÍNTEGRA DA ENTREVISTA AO JORNAL O POPULAR


O senhor assume a liderança do PSDB no ano das eleições, com o partido tendo como pré-candidato ao governo o senador Marconi Perillo e após um ano de desavenças com o governador Alcides Rodrigues (PP). Estes fatores vão influenciar sua postura como líder?


Sou extremamente conciliador. Mas tenho de assumir responsabilidades, pois trata-se de uma bancada relevante. Jamais, nestes três anos do governo Alcides, nos posicionamos contra o governo ou obstruímos uma matéria. Evidentemente, temos de ver como vai ser a atuação do governo em relação ao PSDB para definirmos como vai ser a nossa atuação aqui. Queremos atuar ordeiramente, pacificamente, conciliatoriamente. Afinal de contas, esse governo que está aí fomos nós que ajudamos a eleger. Avalizamos esse governo, o indicamos, temos responsabilidade e nunca faltamos com ela. Vamos ver quem será nosso adversário. Nós já temos o candidato, um patrimônio muito grande a ser preservado, que tem nome, sobrenome, CPF, identidade e endereço: senador Marconi Ferreira Perillo Júnior.


O que modificaria o tom do PSDB dentro da Assembleia em relação ao governo?


Só (muda) se o governo não quiser o nosso apoio, se fizer gestos mostrando que não nos quer ao lado dele nas eleições. Sei que estou assumindo a liderança num momento delicado. Fiz algumas condições para assumir essa responsabilidade. Uma delas é de que as nossas decisões sejam tomadas democraticamente pela bancada. Não vai ser imposta a minha vontade nem a vontade de A ou B, mas sim a vontade do grupo. Vamos ter uma eleição difícil, mas temos um candidato, que nós vamos jogar tudo para que ele seja eleito. Não posso fazer uma previsão, mas sonho que haja uma eleição polarizada entre o PSDB e o PMDB e que os partidos que compõem a base aliada façam uma prévia com as suas bases. Tenho plena convicção que eles vão acabar nos apoiando.


Os alcidistas discordam que as bases estejam com Marconi para 2010.


Falo o que conheço. Acredito que as regiões não são tão diferentes. Na minha região (Sudeste), os dois prefeitos do PP querem o Marconi, os três prefeitos do PR também. As outras regiões que conheço são mais ou menos assim. Porque o Marconi foi um excelente governador, tanto nas relações políticas como pessoais. Não estou criticando Alcides, que tem um estilo diferente e eu respeito. Politicamente sou bem definido e realista. Não adianta querer falar que a base não está com Marconi, porque está. Ele sofreu muito e hoje está amadurecido, está preparadíssimo para ser um bom governador, pelas pancadas que levou, pela história que tem desde que chegou ao governo. Então, eu contesto que as bases não o queiram. Faça um plebiscito ou um chamamento das bases, com voto secreto, que te garanto que 90% a 95% querem o Marconi.


Qual seria a aliança ideal para o PSDB?


O ideal seria a manutenção (da base aliada). Compartilho a opinião do Roberto Balestra (deputado federal, PP), reverencio e admiro as declarações que ele fez. A gente tem de largar os problemas pessoais de lado e pensar no macro, pensar grande, pensar em Goiás. Pensar que nós temos um projeto bonito para Goiás. Se depender de mim, estaremos todos juntos: o PP, o PR, o PSDB e o DEM.


Mesmo depois de tantas desavenças na base aliada, o sr. acha que é possível Alcides Rodrigues apoiar o projeto do PSDB?


Nunca vi uma desavença do Alcides com o Marconi. O que vejo são desavenças de umas poucas pessoas, que fazem barulho e não têm comprometimento político com Goiás. São pessoas que pensam em si próprias. Não pensam no futuro, não pensam no projeto do tempo novo. Não vejo esse sentimento com as bases do partido. Com as bases, vejo tristeza a cada declaração dada por uma liderança.


Em evento de ampliação do programa Renda Cidadã, o governo exibiu uma propaganda que dizia que a gestão passada havia retirado dinheiro da saúde para investir no programa. É possível caminhar juntos assim?


Não adianta você querer esconder. O Renda Cidadã foi um marco revolucionário no Brasil. Muitos países vieram aqui para ver como era o Renda Cidadã. O Lula copiou o programa. O Renda Cidadã tirou aquela cesta humilhante, em certos casos até deprimente. Vi na minha cidade distribuindo as cestas em estádio de futebol. Agora o cartão é pessoal. De onde vinha esse dinheiro (do Renda Cidadã), com sinceridade, eu não sei. Se for da saúde, certamente Marconi pode ser processado por isso, se houve desvio de verba. Agora, foi o melhor programa criado por uma pessoa em Goiás, na minha concepção.


Mas como o sr. interpreta o fato de uma acusação dessa partir de um suposto aliado para 2010?


Eu não vi essa acusação. Quem deu essa declaração?


Apareceu na propaganda do governo estadual.


Acho que se tinha alguma coisa errada tinha de ir para o Ministério Público. Eu não vi essa propaganda. Não estou querendo falar sobre uma coisa que não vi. Falo sobre o Renda Cidadã e como o programa colocou o Marconi como uma das pessoas mais articuladas em fazer uma promoção dessas até a pessoa arrumar um emprego, anonimamente, sem humilhação, sem ter obrigação de votar em A, B ou C. Não vejo nada que possa denegrir um programa maravilhoso desse. Se foram desviadas verbas, eu desconheço.


O que realmente incomoda os tucanos agora?


Não é confortável fazer uma frente e não convidar o partido. Mas isso é superável. Nossa postura é a seguinte: nosso adversário é o PMDB. Temos de mostrar quem é o PMDB e como agem. Por exemplo, esses parquímetros, é uma pouca vergonha. A saúde de Goiânia está na UTI. Os programas sociais de Goiânia não existem. Goiânia só fala em asfalto, não fala em mais nada. O PMDB está fazendo um feijão com arroz aqui. Uma das metas do PSDB é mostrar as deficiências do PMDB em termos administrativos.


Se houver uma ruptura com PP, mesmo assim o alvo continua a ser o PMDB?


Não sou muito de responder isso de “se houver uma ruptura”. Reafirmo que não desejo (ruptura). Mas acho que o grande adversário do Marconi será o candidato do PMDB.


E quem o sr. acha que será esse adversário?


Acho que nem eles sabem quem será o candidato. Se você conversar na intimidade com alguns peemedebistas vai encontrar opiniões totalmente divergentes sobre o mesmo assunto. Tem gente acha que é um, tem gente que acha que é outro. Isso é bom, porque enquanto eles estão indefinidos Marconi está percorrendo o interior, está recebendo homenagens e adesões.


Marconi costuma dizer que prefere disputar o governo com Iris Rezende. Ele considera Henrique Meirelles um candidato mais difícil?


Acho que ele não tem medo de ninguém, seja quem for o candidato. O problema do Iris é que ele tem um teto e o Meirelles é um ponto de interrogação. Particularmente, acho o Meirelles um fiasco para essa campanha majoritária. Ele não tem convivência e carisma com o povo mais humilde. Se você soltar o Meirelles em Catalão, por exemplo, ele não sabe aonde está. Ele não fez nada para Goiás. Na minha opinião, acho ele um fiasco como candidato. Tem gente que acha que é o contrário, que ele não tem rejeição. Acho que para qualquer um vai ser uma eleição difícil.


Como o sr. avalia a postura do PMDB na Assembleia?


É difícil entender a crise de identidade pela qual passa o PMDB. Porque normalmente um ou outro deputado muda e vai pro governo, isso é normal. Mas sinto na bancada do PMDB uma crise de identidade muito grande, alguns são governo um dia e no outro, não. É muito complexo o relacionamento que têm com o governo. Mas o dia que o governo apresentar uma candidatura, ou apoiar outra candidatura que não seja do PMDB, eles vão passar a bater de manhã, de tarde e de noite no governador. Agora, nunca antes na história da Assembleia houve um partido com tanta crise de identidade como o PMDB.


O sr. acha que, dependendo dos rumos tomados, o PMDB volta a ser oposição de fato novamente?


Depende, tinha gente que antes era da oposição, hoje não é tanto. Estou impressionado com a crise de identidade que eles estão tendo. Como é que elogiam um governo que há três anos atrás falava que o homem era cachaceiro, que ele era caloteiro, preguiçoso, que era ‘esquecidinho’, que demorava para fazer as coisas, desonesto, que roubava. Filmaram a casa dele, a mãe quase morreu por causa dessas filmagens. Aí em três anos ele sofreu uma metamorfose? Algo está acontecendo.


E em relação à nova frente, o sr. acredita que vai adiante, lançando candidato?


Difícil. Qualquer nome que tenham vai ser difícil (emplacar). Porque, com todo o respeito que tenho com os partidos da frente, as bases desses partidos querem o Marconi. Se fizer uma consulta popular aos filiados do PR, do PP, do DEM, aos prefeitos, deputados e vereadores, uma grande maioria quer Marconi.


Em relação aos escândalos envolvendo o governo de José Roberto Arruda (DEM), o sr. acredita que podem ter reflexos para Marconi?


Acho que atingiu todo mundo que gravitava em torno do Arruda. Atingiu o PMDB, o PSDB, fulminantemente o DEM. Evidente que os prefeitos do Entorno vão sofrer as consequências, porque o Arruda ajudava a todos. Agora, Marconi tem luz própria no Entorno do Distrito Federal. Lá ele é mais querido do que o governador do DF. Quando eles saíam juntos para distribuírem obras, o Arruda é que aproveitava a carona de Marconi, que fez por esse Entorno o que nunca se fez na história deste Estado.

 

Compartilhar

Nós usamos cookies para melhorar sua experiência de navegação no portal. Ao utilizar você concorda com a política de monitoramento de cookies. Para ter mais informações sobre como isso é feito, acesse nossa política de privacidade. Se você concorda, clique em ESTOU CIENTE.