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"Vim para colaborar", diz Thiago, sobre Segov, em O Popular
Recém empossado secretário de Governo da Prefeitura de Goiânia, o deputado estadual licenciado Thiago Peixoto (PMDB) afirmou, em entrevista publicada no jornal O Popular desta segunda-feira, que “é preciso unir as formulações do PT à realização de Iris”. A entrevista foi feita pelo jornalista Carlos Eduardo Reche. Abaixo, a íntegra:
Na quarta-feira, o prefeito Iris Rezende (PMDB) passou uma borracha nas divergências com os Peixoto, seus aliados históricos, e deu posse ao deputado estadual Thiago Peixoto para ocupar o lugar que era do pai dele, Flávio, na Secretaria de Governo. Para o posto vai um crítico do governador Alcides Rodrigues e defensor da aliança entre PMDB e PT à sucessão de Iris. Nesta entrevista, Thiago volta a pregar a aliança e diz não se preocupar com a oposição de colegas de partido à sua nomeação.
Sua nomeação encerra a divergência com Iris na eleição do presidente da Assembléia Legislativa, em que o senhor, com o apoio de Flávio Peixoto, contrariou o prefeito e votou em Jardel Sebba?
Sim. O prefeito completa 50 anos de vida pública neste ano e, em 40 desses 50 anos, ele teve uma relação próxima com minha família. Foi uma relação política com meu avô (Peixoto da Silveira) e com o meu pai, que teve um papel importante na volta de Iris (com a redemocratização) em 1982 (com a candidatura vitoriosa ao governo de Goiás), num momento em que Iris estava isolado politicamente. Participamos das vitórias e das derrotas de 1998 e 2002.
As divergências se perdem, então, em meio às convergências.
É. As pessoas entendiam que um mero episódio político de divergência pontual em uma história de 40 anos significaria o rompimento. Se teve divergência, teve convergência, milhões de convergências nessa história. É isso que tem de ser entendido. Após o episódio da mesa diretora, continuei tendo uma relação digna com o prefeito. Não há nada melhor do que essa nomeação para mostrar que a cumplicidade continua.
A que o senhor atribui a resistência, no PMDB, à sua nomeação?
Não saberia dizer o que teria gerado esse incômodo. O espírito com que chego aqui é de colaboração com o prefeito. Seja com aqueles que eram contra ou aqueles que eram a favor, tenho algo em comum: colaborar a gestão. E, no momento em que o prefeito der a partida, vamos todos colaborar com a reeleição dele. Qualquer divergência que existiu tem de ser superada pelo objetivo comum que temos.
Um dos mais claros adversários de sua nomeação foi o deputado estadual Samuel Belchior, que esteve a seu lado na votação da Assembléia. Como fica sua relação com ele?
A relação será de convergência. No dia em que tomei posse, o deputado me ligou explicando que não poderia participar porque estava em uma audiência com o presidente nacional do PMDB (deputado federal) Michel Temer (SP). Missão marcada pelo prefeito. Ele (Samuel) me disse que tínhamos de estar ao lado de Iris. Viver em harmonia é o único caminho que temos.
Samuel Belchior defende, nos bastidores, a permanência do vice Valdivino de Oliveira (PMDB) na chapa de Iris à reeleição e o senhor, a aliança com o PT. Essa é uma explicação para a divergência?
Defendo a aliança (com o PT) porque entendo que ela é o melhor caminho não só do ponto de vista político, mas para a cidade. A cidade tem muito a ganhar com uma aliança em que vamos estar mais próximos ainda do poder federal. A partir do momento em que entendi que esse era o melhor caminho, não o tratei de forma pessoal. Como não tinha dúvida disso, não tive medo nenhum de defender o que achei que era certo. E foi o caminho que o prefeito adotou e que agora vem sendo consolidado.
A forma como o prefeito definiu a sua nomeação, na quarta-feira, sinalizou para uma atuação política que hoje é exercida pelo vice-prefeito. O senhor vai ser o substituto dessas tarefas?
Não. A Secretaria de Governo tem como função se relacionar e se articular com quase todas as secretarias. Chego com esse espírito administrativo. Uma das primeiras ações que vou fazer é visitar cada secretário, disposto a cooperar. Tenho a função institucional de colocar as pastas para se relacionarem mais.
O senhor se desiludiu com a atividade parlamentar, por isso aceitou a missão no Executivo?
Adorei trabalhar na Assembléia, foi o primeiro espaço político que ocupei e ali pude aprender muito com todos os deputados. Venho para um desafio maior. Compor a equipe de Iris despertou em mim um interesse muito grande.
Que deputados o senhor admira?
Fiz grandes amizades na Assembléia. Tenho uma relação muito próxima com Mara Naves, Wagner Guimarães, admiro muito o trabalho do deputado Romilton Moraes, que é uma pessoa muito capaz tecnicamente (todos filiados ao PMDB). Fiz boas amizades, naquele caldeirão de siglas partidárias, com o PT. Falando da situação, tive relação muito próxima com o presidente da Casa, Jardel Sebba (PSDB), com o deputado Ozair José (PP), com o líder do Governo, Helder Valin (PSDB).
O deputado Jardel Sebba nunca economizou elogios ao senhor. Como vê a atuação dele à frente da Assembléia?
Jardel entende que a Assembléia é um elo com a população. Esse elo estava se rompendo. Há um empenho muito grande dele em abrir o diálogo com a comunidade, independentemente das questões partidárias. Uma ação madura do presidente foi a não-construção da nova sede própria (no Parque Lozandes), entendendo que o Estado vive momento financeiro complicado. Também temos uma relação pessoal próxima, apesar de em Catalão sermos adversários. Em Catalão, tenho compromisso especial com o PMDB. A grande virtude que eu e Jardel tivemos foi não deixar que a discussão política em Catalão interferisse nessa relação política que, do meu ponto de vista, é até maior.
A relação com Jardel estimulou as especulações de uma ligação, nos bastidores, do senhor com o senador Marconi Perillo (PSDB). Falou-se numa tendência sua ao ‘marconismo’, porque o senhor critica o governador Alcides Rodrigues, mas poupa o senador. Como vê isso?
Essa é a grande diferença. Sou deputado desse mandato e como deputado tinha o papel de fiscalizar este governo. Não é um problema pessoal com o governador Alcides Rodrigues. Limitei-me a não fazer referências ao passado, mas de atuar no presente. A relação que tenho com o senador Marconi Perillo é muito clara: a de adversários políticos. Nossa relação histórica é de adversários e não vejo condições de que isso seja alterado. Temos um único projeto em comum, projeto que eu faço questão de que seja suprapartidário, que é o Movimento Todos pela Educação.
Nessa posição de crítico contumaz do governo Alcides, como fica sua situação diante de uma concretização das previsões de aliança eleitoral, na sucessão estadual de 2010, entre PP, PMDB e PT? O senhor vai ter de mudar de posição?
Nos meus primeiros pronunciamentos, pedi um choque de gestão e uma reforma administrativa. Vi, de forma muito clara, a necessidade de isso acontecer em Goiás. Fiz questão de cobrar isso a todo momento mesmo. Minha posição com relação à reforma e ao governo, que não tem gerado a eficiência que a população precisa, continua a mesma. Não posso sentar na cadeira de secretário exercendo o papel de deputado. Se o governo estivesse bem, não precisava fazer. Meu papel é muito diferente aqui. Executivo não faz oposição a Executivo.
E a relação de proximidade com o PT que o senhor construiu com a discussão da aliança do partido com o PMDB, como fica?
Tenho uma relação próxima com o PT porque entendo que é o melhor para nossa cidade. O PT tem uma grande capacidade de formulação, de planejamento, de idéias, e a prova disso é que a administração do prefeito Iris Rezende continuou e aprimorou diversos projetos da gestão anterior. O prefeito Iris tem uma grande capacidade de realização, como talvez nenhum homem público do País tem. O que mais chama atenção no Iris é a eficiência, a capacidade de, a partir do momento em que definiu fazer algo, por mais ousada que seja, perseguir e fazer com que a meta vire realidade. Se a gente conseguir ter essa capacidade de formulação de projetos unida a essa capacidade de realização, com o apoio do presidente Lula e do governo federal, teremos condições de fazer de Goiânia uma cidade com grande qualidade de vida.
A aliança entre PT e PMDB é irreversível?
Tenho certeza disso. Há sinais, por todos os lados, de que PT e PMDB vão caminhar juntos este ano. E não é um mero projeto eleitoral e de poder, é para a cidade. O PT e o prefeito têm de discutir juntos ainda quem vai ser o vice-prefeito, mas já avançamos muito nesse sentido e acho que isso hoje é irreversível.
A principal tendência do PT que defendeu a aliança com o PMDB é muito ligada ao ex-petista e ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, apontado como operador do mensalão. Isso não pode virar munição dos adversários de Iris na campanha?
Esse é um ponto que serve muito para explicar o que é a aliança: trabalhar um projeto específico, o de trazer o que essas pessoas têm a contribuir com a gestão. Não vamos ficar discutindo o que aconteceu com fulano ou beltrano. Vamos discutir o que fazer para Goiânia. Temos quadros importantes desse grupo. A ex-deputada Neyde Aparecida, (os ex-deputados estaduais) Osmar Magalhães e Paulo Garcia, os vereadores Carlos Soares e Djalma Araújo, o deputado estadual Luis Cesar Bueno. Queremos buscar todo o PT para fazerem parte desse processo. Esse é o grande desafio.
O senhor vê em um desses petistas o vice mais viável para a chapa?
Não. Respeito essa questão do nome como uma decisão que cabe ao PT e ao prefeito.
O senhor vai participar da campanha?
O convite que o prefeito me fez foi específico para colaborar com a sua administração, então vou fazer todos os esforços nesse sentido. As demandas no setor público são quase infinitas. E a cada missão que você cumpre, surge uma nova.
O PMDB é criticado por supostamente não promover a renovação de seus quadros. Mas há uma nova geração na Prefeitura. Como vê a capacidade desses quadros?
É um processo natural, mas é fundamental que tenhamos um líder experiente para conduzir esse processo. A gestão do prefeito revelou pessoas muito capazes, muito competentes, muitas delas jovens: o presidente da Comurg, Wagner Siqueira, o ex-auditor Geral Andrey (Azeredo), os ex-secretários do Planejamento Francisco (Vale) Júnior e da Administração Agenor Mariano (Neto). Essa renovação no partido não é necessariamente em termos de idade. O Clarismino Júnior foi uma renovação na área do Meio Ambiente, o Denício Trindade, no Instituto de Saúde dos Servidores, a Márcia Carvalho, na Educação. Esse é um mérito que o prefeito teve, formar uma grande equipe.