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Thiago em O Popular: "Chega de desculpas"
Nesta sexta-feira, em O Popular, o deputado Thiago Peixoto (PMDB) assina artigo em que comenta o resultado do último Enem em que as escolas públicas estaduais estiveram péssima classificação. Abaixo, confira texto na íntegra:
Chega de desculpas
É por demais conveniente atribuir as baixas colocações das escolas públicas do Estado no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) à classe socioeconômica a que pertencem seus alunos. Ao usar este argumento o gestor público simplesmente apresenta desculpas baseadas em nossos sérios problemas sociais. É lançar mão de um viés muito simplista. Até porque a educação tem como um de seus principais objetivos reduzir as desigualdades sociais.
Tal desigualdade deve ser levada em conta? Sim, mas os dados do Enem referentes a Goiás revelam muito mais. Revelam, por exemplo, que das 85 escolas estaduais localizadas em Goiânia que pontuaram no Enem de 2007, apenas seis (7%) tiveram notas melhores em 2008. Por outro lado, 73 delas (85%) tiveram classificação pior. Usar as condições econômicas e o apoio familiar para julgar como natural o fato de as escolas particulares estarem no topo do Enem é uma demonstração inequívoca de que os resultados divulgados em anos anteriores não foram corretamente interpretados – ou foram ignorados.
O Enem deveria servir de norte para as ações dos responsáveis diretos pela educação pública em Goiás. Deveria gerar discussões que rendessem alternativas concretas para melhorar a rede estadual. Mas não.
O interessante é que se também optarmos pela generalização – como querem os conformistas –, poderíamos ressaltar que a classe C brasileira aumentou consideravelmente no último ano, assim como também cresceu o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Logo, a classificação das escolas públicas goianas também não deveria subir?
Aliás, a grande disparidade entre os resultados das escolas particulares e públicas deveria servir de inspiração e não de lamúria. O mapeamento da real situação da rede pública torna-se imprescindível: o que leva o Colégio Menino Jesus a saltar da 63ª posição para a 10ª? E o Colégio Polivalente Goiany Prates passar da 41ª para a 5ª? São unidades localizadas em regiões periféricas de Goiânia e que deveriam servir de exemplo às outras escolas.
E o que dizer do Colégio da Polícia Militar Ayrton Senna, no Jardim Curitiba I, numa das áreas mais carentes da capital e que se destaca entre as dez melhores? É um caso típico de uma escola que consegue resultados expressivos e que, ressalte-se, conta com boa estrutura física e pedagógica e professores qualificados – de certa forma, também motivados, porque há quem tenha salário diferenciado.
A pergunta chave é: o que, de fato, foi feito pelos gestores públicos em Goiás nos últimos 12 meses?
Thiago Peixoto é deputado estadual (PMDB) e economista.