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Vanuza Valadares ataca usineiros
Entre os principais problemas apontados estão as condições de trabalho dos cortadores de cana, a ameaça à diversificação da produção local e os danos ao meio ambiente, provocados principalmente pela queima dos canaviais.
Os responsáveis pelas usinas não compareceram à audiência. Para a deputada, aquela foi uma ótima oportunidade para se aproximar da população e falar sobre os projetos ou o que pensam em fazer para promover melhores condições de trabalho dos cortadores e para o meio ambiente.
O deputado Thiago Peixoto também participou da audiência e elogiou a iniciativa de Vanuza, pois mostra o trabalho do Legislativo, além de aproximar a verdade dos fatos. Ele disse que o não comparecimento das partes envolvidas demonstra descaso e falta de transparência no processo produtivo.
O presidente do PSC de Rubiataba, Jamel Kider, comentou a restrição do mercado de trabalho no município causado pela fuga dos produtores de outras culturas, "a atração de mão-de-obra barata tem contribuído para o aumento do desemprego", acrescentou.
Moradores de Rubiataba relataram a degradação do manancial hídrico da região. De acordo com os depoimentos, as usinas instalam bombas d´água para irrigar os canaviais e poluem os rios com rejeitos industriais.
Alunos e professores da FACER (Faculdades de Ciências e Educação de Rubiataba) reforçaram o risco da monocultura em latifúndios, face à crise mundial na produção de alimentos.
A comunidade acadêmica deixou à disposição do poder público e das usinas o vasto banco de dados e pesquisas sobre o plantio da cana e seu impacto sócio-ambiental. João Correa, presidente do Partido Verde, elogiou a iniciativa da Comissão de Meio Ambiente e falou sobre o descaso dos usineiros. Ele citou a degradação das nascentes, o desmatamento de áreas preservadas, além da falta de planejamento da agricultura e as dificuldades enfrentadas pelo pequeno produtor.
Carlos Arriel, coordenador do movimento dos pequenos agricultores, disse que os canaviais são uma ilusão de desenvolvimento. "Se isso fosse verdade, a Zona da Mata do Nordeste seria a região mais rica do Brasil", ressaltou. Ele afirma que a cooperativa de pequenos agricultores e produtores de leite recolhe 40% da produção de leite da região. Segundo Arriel, os gastos com a produção e comercialização injetam na economia da região cerca de R$ 1.200.00,00 (um milhão e duzentos mil reais por mês) e que, somente com o leite, as cooperativas, em apenas seis meses, introduzem R$ 850.000,00. Com estes dados, Arriel chama a atenção para a necessidade de incentivos no período de entressafra da cana e em políticas que garantam ao pequeno produtor a sua fixação no campo.
Sergio Costa, da Universidade de Brasília (UNB), alertou para a destruição do cerrado.
Já Ivonete Oliveira acredita no trabalho de educação ambiental e falou da sua preocupação com o lixo, "o matadouro deposita dejetos no leito do rio e está degradando o córrego da Serra", afirmou.
Antes de encerrar a audiência, Vanuza, falou sobre a urgência de repensar esta situação. Ela citou que em 2006 foram produzidos 37,7 milhões de m³ de etanol e atualmente há 336 usinas em operação no Brasil, número que vai saltar para 410 em 2013. Para Vanuza, o Brasil não pode se submeter a um crescimento desordenado, sem preocupação com o meio ambiente e o social. "Vivemos em um país democrático, onde o capitalismo manda, sabemos da importância da geração de emprego, mas temos que pautar as políticas públicas visando o presente e também a qualidade de vida das futuras gerações", ressaltou.
Matéria divulgada no Jornal Diário do Norte
Edição 734. 04/05/2008