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Notícias dos Gabinetes
Brasileiro apanha da democracia, diz Wagner Guimarães

13 de Setembro de 2007 às 11:34
Em artigo publicado hoje (13/09/2007) em jornal diário da Capital, deputado diz que absolvição do senador Renan Calheiros foi uma pancada do Congresso no Brasil. Confira na íntegra.
As pancadas da democracia

Acordei e logo cedo vi que um hematoma circulava meu olho. Corri para a sacada do meu apartamento, de onde constatei marcas de igual violência na população. O brasileiro levanta dolorido hoje. Ele apanhou da democracia nas agressões na entrada do Senado ontem, na absolvição de Renan.

Não queremos saber os motivos ou culpados do troca-tapa ou as explicações insustentáveis da absolvição, queremos é não acreditar no que não acreditávamos. Que Casa de Leis? Durante a briga de rua, fizeram falta aqueles atiçadores de rinha, para jogar no meio do tumulto lascas de pau e pedaços de meio-fio, só pra ver no que ia dar. Na votação, faltou oportunidade pública.

Que poderes paralelos são os que controlam nossas instituições (públicas)? Há quem acredite em manobra da oposição. Sabemos que a não-cassação tem mais força para fincar na história que o outro resultado. Não vou esquecer a cena da pancadaria na entrada do Senado Federal; para sempre me perguntarei “Que manobras?, que manobras?”

Quando falarem de agressões a políticos, lembrarei sempre do inesquecível episódio de um parlamentar chinês acavalando poltronas para esmurrar o rosto de outro; das bengaladas no José Dirceu e da pancadaria de ontem, mas quando falarem de 12 de setembro de 2007, terei uma sensação de vazio, uma quase não lembrança pela falta de uma linha de raciocínio coerente para explicar o que aconteceu.

Arlindo Chinaglia, na condição de presidente da Câmara, fez bem em cobrar investigação sobre a baderna do início da tarde. Mas estranhas foram algumas de suas considerações, por exemplo, quando afirmou que “servidor não pode agredir deputado (coloquemos senador, presidente, governador, prefeito...)”. O contrário é incogitável.

O presidente disse também que parlamentar não pode ser agredido nem na Câmara nem no Senado, mas que a polícia pode falhar e, se foi o caso, será punida por isso. Punida, a palavra mais unilateralmente bem encaixada.

Deputados acusam a segurança de agir com truculência. Os seguranças disseram que proibiram a entrada porque não tinham recebido ordem da Mesa Diretora. O problema é que não se pode falar de truculência onde ela não é vista.

De posse da autorização do STF, os 13 deputados, afoitos, correram para o Senado e os policiais, automaticamente, cumpriram preceito básico da segurança: não permitir a menos que houvesse autorização superior. Autorização, determinação, coerção.

Mas fiquemos atentos quanto a apuração e os desdobramentos do episódio, que despeja toneladas de interrogações na condição da democracia brasileira, já tão despedaçada por incoerências.

Wagner Guimarães é deputado estadual, 2º vice-presidente da Assembléia Legislativa e 2º vice-presidente do PMDB
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