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“Por um desenvolvimento mais inclusivo e realmente sustentável”
Veja o artigo assinado pelo deputado Virmondes Cruvinel Filho (PPS), em alusão ao Dia Mundial da Água, comemorado neste 22 de Março. O texto foi publicado no jornal online A Redação:
Por um desenvolvimento mais inclusivo e realmente sustentável
22 de março – Dia Mundial da Água
‘Água e Empregos’. Esse é o tema do Dia Mundial da Água – comemorado em 22 de março – neste ano de 2016. Recém-divulgado, o Relatório Mundial das Nações Unidas para o Desenvolvimento de Recursos Hídricos produzido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em nome da ONU Água, mostra que 78% dos empregos que constituem a força de trabalho mundial são dependentes dos recursos hídricos. A estimativa, segundo o relatório, é que por volta de 2 bilhões de pessoas necessitem de acesso a um melhor saneamento, com as meninas e as mulheres em uma situação ainda mais precária.
Ainda de acordo com o documento da Unesco, muitos países em desenvolvimento estão localizados em regiões de tensão relativa aos recursos hídricos e, provavelmente, serão mais afetados pela mudança climática. Ao mesmo tempo, a demanda por água está aumentando, especialmente em economias emergentes nas quais a agricultura, a indústria e as cidades estão se desenvolvendo em ritmo acelerado. Vale, aqui, destacar a mensagem da diretora-geral da Unesco, Irina Bokova: “Os riscos são altos. A água é fundamental para a vida. Também é essencial para o desenvolvimento mais inclusivo e sustentável”.
É esse o caminho a seguir. Não há mais como fugirmos de políticas públicas voltadas para o macro, que apontem para a sustentabilidade do planeta e para a qualidade de vida da população mundial, a partir de iniciativas locais. Com o conceito de Aldeia Global do filósofo canadense Marshall McLuhan – popularizado lá atrás, nos anos 60 – se concretizando, não resta dúvida: somos, todos, cidadãos do mundo, e é nesse sentido que devemos pensar nossas ações – incluindo, aí, o poder público.
Quase um ‘futurólogo’, McLuhan foi o primeiro filósofo a tratar das transformações sociais provocadas pela revolução tecnológica do computador e das telecomunicações. Já naquela época ele previu, em suas obras A Galáxia de Gutenberg (1962) e Os Meios de Comunicação como Extensão do Homem (1964), que as novas tecnologias eletrônicas encurtariam distâncias e o progresso tecnológico tenderia a reduzir todo o planeta em uma aldeia; um mundo em que todos estamos, de certa forma, interligados. Daí que não podemos mais nos restringir ao que ocorre apenas em nossos lares, em nossa cidade, em nosso Estado e em nosso País: cada um precisa fazer a sua parte pensando macro, em nome do planeta! Se algo não vai bem lá, acolá, aqui ou ali – seja em termos de política, de economia ou do meio ambiente – todos seremos, de alguma forma afetados.
Nesse contexto macro se insere a preocupação e a atenção que merece a água – muito bem relacionada à questão da empregabilidade e do mercado de trabalho. A Unesco aponta que mais de 1,4 bilhão de empregos, ou 42% do total da força de trabalho mundial, são altamente dependentes dos recursos hídricos. Entre os setores mais atingidos estão a agricultura, indústria, silvicultura, pesca e aquicultura, mineração, o suprimento de água e saneamento, assim como quase todos os tipos de produção de energia. Esta categoria também inclui empregos em áreas como cuidados de saúde, turismo e setores de gestão de ecossistemas.
Foi estimado ainda, pelo órgão internacional, que 1,2 bilhão de empregos, ou 36% do total da força de trabalho mundial, são moderadamente dependentes dos recursos hídricos. São setores para os quais a água é um componente necessário em suas cadeias de valores, como construção, recreação e transporte. Outro dado preocupante: em pleno ano 2016, temos algo em torno de 1,5 bilhão de pessoas no mundo que ainda têm problemas de acesso à água, seja em quantidade ou em qualidade. Isso afeta o emprego delas também, como destaca o coordenador do setor de Ciências Naturais da Unesco no Brasil, Ary Mergulhão.
As previsões da Unesco não são das melhores: “A redução da disponibilidade hídrica vai intensificar ainda mais a disputa pela água por seus usuários. Isso afetará os recursos hídricos regionais, a segurança energética e alimentar e, potencialmente, a segurança geopolítica, provocando migrações em várias escalas”. Além do aumento da demanda, as mudanças climáticas são uma ameaça à disponibilidade de recursos hídricos. Conforme o relatório divulgado nesta semana, “a mudança climática levará, inevitavelmente, à perda de empregos em determinados setores. Uma abordagem proativa de adaptação por meio de políticas pode amenizar algumas dessas perdas”.
Para a Unesco, a criação de oportunidades de emprego em atividades de mitigação e adaptação e o mercado emergente de pagamentos por serviços ambientais pode oferecer às populações de baixa renda a oportunidade de criar um tipo de empreendedorismo, com aumento de renda e implementação de práticas de restauração e conservação. “A urbanização acelerada e o aumento dos padrões de vida, o aumento da demanda por água, alimentos e energia de uma população mundial em constante crescimento, inevitavelmente, levarão à criação de postos de trabalho em determinados setores (por exemplo, tratamento municipal de águas residuais) e à perda de postos de trabalho em outros”, diz o relatório.
De acordo com a Unesco, as evidências mostram que o investimento em infraestrutura e em serviços hídricos pode resultar em elevados retornos tanto para o desenvolvimento econômico, como para a criação de empregos. Para o órgão internacional, é importante que esses investimentos sejam planejados com todos os setores interessados, incluindo o agrícola, o energético e o industrial, para que sejam assegurados os melhores resultados para todos. São muitos os desafios que se apresentam – principalmente com a mudança climática e a agonia lenta, gradual e silenciosa do meio ambiente – e qualquer avanço exige comprometimento de todas as partes – governos, sociedade civil e iniciativa privada. Essa causa também é nossa. E merece reflexão não apenas hoje, Dia Mundial da Água, mas a cada iniciativa e atitude.
*Virmondes Cruvinel Filho é procurador do Estado licenciado e deputado estadual pelo PPS