Ex-governador de Goiás e ex-presidente da Alego, Helenês Cândido morre de covid-19. Casa decreta luto de três dias
O ex-governador de Goiás e ex-presidente da Assembleia Legislativa de Goiás, Helenês Cândido, morreu na noite desta quarta-feira, 17, vítima de covid-19. Ele estava a caminho de Caldas Novas, quando finalmente seria internado em uma UTI. Em razão do falecimento, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Lissauer Vieira (PSB), decretou luto oficial por três dias.
Na tarde desta quarta-feira, durante sessão extraordinária, durante debate de projetos que envolvem a situação da pandemia de covid-19 no estado, o deputado tucano, Francisco Oliveira solicitou orações e empenho de todas as autoridades no sentido de conseguir, com urgência, uma UTI para o ex-deputado Helenês Cândido. A vaga surgiu em Caldas Novas, no entanto, chegou tarde. Durante a transferência ele veio a óbito.
Ao assinar o decreto de luto oficial, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Lissauer Vieira (PSB), destacou a trajetória política de Helenês Cândido. “Lamento profundamente a morte de mais um ex-governador do nosso estado para a covid-19. Helenês foi um grande político, exemplo de trabalho e conquistas, mas também de humildade e retidão. Ele também passou por essa cadeira que hoje eu ocupo, como presidente da Alego, e trouxe vários avanços para a Casa. Com certeza, deixa um legado brilhante”.
Helenês tinha 86 anos e possuía comorbidades - era hipertenso e diabético. Ele havia sido diagnosticado com covid-19 e aguardava um leito de UTI. Saindo de Santa Helena, onde estava internado na enfermaria, a caminho para Caldas Novas, ele seria internado no Hospital Nossa Senhora Aparecida. Mas Helenês não resistiu e acabou morrendo.
Enquanto presidente da Assembleia Legislativa, de 97 a 98, Helenês Cândido apresentou um projeto de lei que limitada a prática do nepotismo em Goiás. A Lei nº 13.145, de 9 de setembro de 1997, prevê, em seu art. 1º que "é vedado a membro de Poder ou a quem couber a prática dos atos de provimento em qualquer dos Poderes do Estado, nomear ou admitir cônjuge, companheiro ou parente consangüíneo ou afim até o terceiro grau civil, em linha reta ou colateral, incluídos os de seus pares e subordinados até o terceiro escalão de hierarquia, para exercer cargo em comissão ou função gratificada no âmbito do Legislativo, Executivo ou Judiciário ou permitir a permanência de servidores em desacordo com o disposto neste artigo". A lei foi sancionada pelo então governador Maguito Vilela, que também faleceu recentemente vítima da covid-19.
Helenês nasceu em Morrinhos, em 5 de janeiro de 1935. Foi deputado estadual por três mandatos e governador do Estado de Goiás de 24 de novembro de 1998 a 1 de janeiro de 1999. Era advogado, tendo sido formado na Faculdade de Direito de Uberlândia (MG). Seu primeiro emprego foi de secretário de escola e professor, tendo ajudado na instalação do Colégio Estadual Xavier de Almeida, em Morrinhos. Participou da fundação da Companhia Telefônica de Morrinhos, do Sindicato Rural, da Cooperativa de Leite e do Jóquei Clube do município.
Foi prefeito de Morrinhos, pela Arena, de 1973 a 1977. Nesse período, foi presidente da Associação Goiana dos Municípios (AGM) de 1974 a 1975. Seu primeiro mandato de deputado estadual também foi pela Arena, de 1979 a 1983. No segundo biênio dessa Legislatura, ocupou a vice-presidência da Assembleia Legislativa. Já no PMDB (atual MDB), foi eleito deputado estadual suplente em 1990. Foi empossado em abril de 1994, efetivando-se até o final da Legislatura. Em 1994 foi eleito deputado estadual pelo PMDB. Em 1997 foi eleito presidente da Assembléia Legislativa e ficou no cargo até novembro de 1998, quando afastou-se do cargo para assumir a Governadoria do Estado por 37 dias. Em 2000 e 2001 foi presidente estadual do MDB.
Em 2016, o ex-deputado Helenês Cândido esteve na Assembleia Legislativa para conceder entrevista à TV Assembleia e Agência de Notícias para o projeto "Memórias do Legislativo". Durante a entrevista, o ex-deputado relatou um pouco de sua trajetória quando entrou para a política em 1978 pela Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido político criado em 1965 com a finalidade de dar sustentação política ao governo civil-militar instituído no Brasil em 1964.
Helenês se filiou ao PMDB em maio de 1983, onde permaneceu até o final de sua jornada pública. Ele contou, na época da entrevista, que esteve à frente da direção de diversos órgãos de destaque do Estado, como Iquego, Dergo e Crisa.
“Em 97 e 98 fui presidente da Assembleia e trouxe muitas mudanças pra cá. Viajamos para Belo Horizonte e São Paulo e aderimos benfeitorias de lá. Trouxemos pra cá o painel que registra a presença dos deputados, o atendimento humanizado, o plano de cargo de salários e muitos outros avanços”, pontua. A entrevista, publicada pela Agência de Notícias, pode ser conferida aqui.