Comunicação acessível
Desde que foi criada, a internet vem promovendo diversas mudanças na sociedade. Dentre os impactos exercidos, ela, por exemplo, facilitou o acesso às informações, descentralizou a produção de conteúdo, modificou as formas de estudar, trabalhar, consumir e até mesmo se organizar politicamente.
Na fase inicial, a internet estava restrita aos sistemas de busca por palavras-chave, diretórios e sites. Era a chamada Web 1.0. Na etapa seguinte, porém, a participação do internauta tornou-se mais intensa. Possibilitada pela evolução dos dispositivos e da internet móvel, a web 2.0 tem a interatividade dos usuários como sua principal característica. Um dos efeitos dessa revolução foi o advento das Mídias Sociais, que são plataformas de relacionamento na internet, capazes de aproximar as pessoas independentemente das barreiras do mundo físico.
A Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu, em 2015, o Dia das Mídias Sociais, que passou a ser oficialmente comemorado em 30 de junho, uma data para refletir sobre os impactos positivos e negativos potencializados pelas redes.
Público e privado
No âmbito privado, essas mídias possibilitaram, por exemplo, que amigos de longa data, familiares distantes e mesmo meros conhecidos, mantivessem uma sensação de proximidade, com informações constantes sobre a vida uns dos outros. Ao mesmo tempo em que romperam limites geográficos, tais mídias também reduziram a privacidade e modificaram a forma como os usuários se expõem.
Para o jurista Rodrigo Goulart, é preciso considerar as implicações negativas desses meios sobre o Direito à Intimidade. “A liberdade no ciberespaço, por vezes quase ilimitada, e o tráfego compulsivo e descontrolado de informações acabam pondo em risco direitos respeitantes à personalidade do indivíduo, em um ambiente onde não se encontra aparente o limiar do público e do privado. Nesse contexto, a temática atinente à intimidade e à vida privada passa a exercer papel determinante quanto à proteção dos sujeitos envolvidos”, problematiza o advogado.
A psicanalista Walquíria Sousa destaca que os efeitos dessa revolução tecnológica se manifestam no imaginário social, mas também na psique de cada indivíduo. “As mídias sociais são uma importante ferramenta de comunicação. Entretanto, elas também ditam padrões, normas e condutas, que geralmente são impossíveis de serem alcançados e/ou desconsideram as subjetividades, gerando um sentimento de inadequação e de não pertencimento”, alerta a psicóloga. Expondo a complexidade da questão, Walquíria acrescenta que essa análise precisa observar, caso a caso, como cada pessoa se relaciona com as mídias.
Mestra em Comunicação, Cultura e Cidadania pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e professora de Marketing pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), Núbia Simão chama a atenção para o fenômeno do cancelamento nas redes. “As execrações públicas são promovidas por haters, inimigos ocultos que muitas vezes escondem sua identidade por meio de perfis fakes. O cancelamento impacta a realidade das pessoas que o vivenciam. Há quem perca o emprego, quem adquira doenças e transtornos psicológicos graves”, exemplifica a professora.
Mídias Sociais e Política
Núbia explica que o campo político não está imune a essa influência e que há uma preocupação global em torno da criação de bolhas ideológicas, bem como do uso eleitoral do impulsionamento de mensagens. “A política sempre foi um campo de relacionamento. Então, as estratégias de marketing de relacionamento migraram para o digital. Nesse aspecto, há uma preocupação muito grande com a forma como os algoritmos e os robôs nas redes sociais, os bots, influenciam a percepção da realidade, principalmente por causa da difusão exponencial de fake news com fins políticos.”
Por outro lado, as vantagens das mídias sociais também são visíveis. O contato entre cidadãos e seus representantes políticos foi facilitado, o que aprimora os mecanismos de publicidade e transparência, que são premissas constitucionais da Administração Pública.
No Legislativo goiano, por exemplo, todos os parlamentares possuem perfis oficiais em diversas plataformas, assim como a própria Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego).
O deputado Gustavo Sebba (PSDB), que possui 61 mil seguidores no Instagram, compara a relevância atual das mídias sociais em relação a quando ele ingressou na vida pública, em 2014. “As redes sociais já tinham bastante força e alcance. Mesmo assim, elas se consolidaram ainda mais desde então. O público está cada vez mais atento, engajado e crítico. Isso faz bem à política. As redes se tornaram uma linha direta do cidadão com os seus representantes. Isso estimula a cidadania e melhora o debate público. Mas precisamos ter cuidado para não nos guiarmos pelo sensacionalismo e por conteúdos apelativos que quase sempre repercutem mais do que o debate ponderado”, pondera Sebba.
O parlamentar também menciona que está atento à polarização, que considera um efeito nocivo do uso equivocado das mídias. “As redes também podem estimular a polarização, pois as pessoas se fecham em bolhas, interagindo apenas com quem concorda com elas. Eu tento fazer a minha parte, abrindo espaço para o diálogo e respeitando as discordâncias”, exemplifica Gustavo Sebba.
Com mais de 31 mil seguidores no Instagram, o deputado Virmondes Cruvinel (Cidadania) afirma que esses canais são importantes por proporcionarem um diálogo permanente. “Nós implementamos esse trabalho através do gabinete digital no whatsapp e participamos de várias redes sociais, sempre ouvindo sugestões da população dos municípios que representamos. Tenho certeza que esse é um caminho natural, que permanecerá muito forte mesmo depois da pandemia”, analisa o parlamentar.
Também assíduo no ciberespaço, o deputado Humberto Aidar (MDB) possui 16 mil seguidores em sua página do Facebook. Ele, que teve seu primeiro mandato como deputado em 1991, relata que o advento dessas mídias melhorou muito a estratégia de comunicação com a população. “Tenho utilizado bastante o Facebook e o Whatsapp. Dá para falar com bastante gente pelo Whatsapp, além de ser mais rápido e mais eficaz. O Facebook é bom de interação. Lá as pessoas comentam bastante. Eu sigo muitas páginas religiosas, de notícias e relacionadas à política. Gosto de acompanhar o trabalho de meus colegas da Alego e de outras casas legislativas”, detalha Aidar.
Parlamentares
Para acompanhar o trabalho dos deputados, você pode seguir os perfis da Alego e também dos 41 representantes do Poder Legislativo goiano. Segue a lista em ordem alfabética: