Adailton pleiteia Festa da Caçada da Rainha como patrimônio cultural imaterial goiano
O reconhecimento da Festa da Caçada da Rainha, realizada no município de Colinas do Sul, como patrimônio cultural imaterial goiano é a postulação do deputado Coronel Adailton (Progressistas), formalizada através do projeto de lei nº 7337/21, que iniciou tramitação na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego).
O parlamentar cita o historiador Luis Câmara Cascudo, que considera a Caçada da Rainha uma festa de tradição folclórica de raízes luso-africanas, devido à mistura de manifestações católicas vindas de Portugal com a cultura dos escravizados africanos.
Adailton inicia a justificativa da sua iniciativa considerando que a manifestação cultural faz referência à época do Império Brasileiro, com ênfase ao ato libertário da Princesa Regente do Brasil, Dona Isabel Cristina Leopoldina, em 13 de maio de 1888, quando ela sancionou a Lei Áurea durante a ausência do seu pai, o Imperador D. Pedro II, que na ocasião havia deixado temporariamente o país para cuidar da saúde em território europeu.
E acrescenta: “A origem da Caçada da Rainha resultou do medo que a princesa Isabel teve do pai, Pedro II, ao saber que ela havia assinado a lei libertando os escravos, temendo a repreensão, assim que soube que o imperador estava vindo de Portugal para o Brasil, a princesa reuniu sua comitiva e se escondeu na mata, até seu pai se acalmar. Assim que soube que a filha havia fugido, Pedro II preparou seu séquito para procurar Isabel”.
Coronel Adailton conta que a notícia se espalhou na província e os escravos, ao terem conhecimento, resolveram preparar uma festa de agradecimento para recepcionar a princesa. A partir de narrativas orais, verifica-se que a atual celebração da Caçada da Rainha surgiu no extinto arraial São Félix, em Goiás, que foi transferido para o povoado de Lages no final do século XIX, por Sebastião da Silva Coelho.
Algumas décadas depois, em 1954, Herculana da Silva Coelho foi a primeira rainha do então povoado de Almécegas, que foi fundado por Sabino da Silva Coelho, no dia 12 de maio de 1953. Em 30 de dezembro de 1987 o povoado foi elevado à categoria de município e passou a se chamar Colinas do Sul, instalado em 1° de junho de 1989.
Diz mais o parlamentar: “A caçada é celebrada com a festa popular folclórica, católica, conhecida como folia, caracterizada por uma representação cênica, acompanhada de música e dança, conhecida como Batuque da Rainha e também são distribuídos alimentos, que é um costume herdado da Idade Média portuguesa e das tradições indígenas, que algumas festas religiosas ainda preservam”.
Adailton lembra que, em Colinas do Sul, a festa da Caçada da Rainha é realizada sempre no segundo domingo do mês de julho, nove dias antes da Festa de saída da Folia do Divino Espírito Santo e de Nossa Senhora do Rosário e por sorteio ou devoção são indicados o Imperador, o Rei e a Rainha para o ano seguinte. "Informações fornecidas pelo Sr. José Nilo, morador da cidade de Colinas do Sul, que há mais de trinta anos busca manter as tradições culturais, especialmente a Caçada da Rainha.”
O deputado informa que Colinas do Sul, situada na microrregião da Chapada dos Veadeiros, apresenta diversidades de atrativos de lazer ecológico, tais como rios, cachoeiras, grutas, sítios arqueológicos, trilhas, pesca e náutica. Assim, a festa atrai muitos turistas, que complementam seu tour ecológico assistindo e participando das manifestações de cultura tradicional com caráter religioso e popular. "Outro fator importante é que o evento possibilita a consolidação da identidade cultural do município.”
A proposição foi encaminhada à Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ), onde está sob relatoria do deputado Dr. Antônio (DEM).