Ícone alego digital Ícone alego digital

Empatia e inclusão

21 de Setembro de 2021 às 08:50
Crédito: Seção de Publicidade
Empatia e inclusão
Dia nacional da luta da pessoa com deficiência
Data é uma oportunidade de refletir sobre os desafios enfrentados pelas pessoas com deficiência física, visual, auditiva, intelectual ou psicossocial. Na Alego, vários projetos de lei contemplam esse público.

Em 21 de setembro é comemorado o Dia Nacional de Luta da Pessoa Portadora de Deficiência. Instituído há 16 anos, pela Lei nº 11.133/05, o marco é um reconhecimento dos diversos desafios enfrentados pelas pessoas com deficiências física, visual, auditiva, intelectual ou psicossocial. A data também é uma oportunidade de refletir sobre a necessidade de inclusão desses indivíduos e o papel do poder público no enfrentamento a essa realidade. 

O Estatuto da Pessoa com Deficiência, também chamado de Lei Brasileira de Inclusão, foi sancionado em 2015. Trata-se da Lei nº 13.146/15, que conceitua pessoa com deficiência como “aquela que tem impedimento de longo prazo de naturezas física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas”. 

O diretor de Relações Públicas da Associação dos Deficientes Visuais do Estado de Goiás (Adveg), Alisson Azevedo, enfatiza que essa data serve tanto para sensibilizar a sociedade sobre as barreiras enfrentadas pelo segmento quanto para empoderar as pessoas com deficiência acerca de suas potencialidades. “Pessoas com deficiências também podem trabalhar, estudar, ter família e praticar esportes. Podem tudo aquilo que elas quiserem fazer, desde que as barreiras sejam reduzidas”, alerta Alisson, que é cego desde o nascimento, formado em Direito e pós-graduado em Políticas Públicas.

O diretor da Adveg também destaca a posição estratégica que o Poder Legislativo ocupa nessa luta pelos direitos das pessoas com deficiência. “O Legislativo tem o papel de compatibilizar as leis estaduais com a Convenção da Organização das Nações Unidas (ONU) dos Direitos das Pessoas com Deficiência e com a Lei Brasileira de Inclusão. Existem muitos projetos de lei esparsos, mas que, muitas vezes, não estão em consonância com a legislação federal e com a convenção internacional, que foi adotada pelo Brasil com força normativa de Emenda Constitucional”, explica Alisson.

Propostas legislativas

No fim de agosto deste ano, foi aprovado, em votação definitiva, o projeto de lei nº 1379/20, de iniciativa do deputado Coronel Adailton (Progressistas). A matéria altera a Lei n° 12.695/95, que cria a Política Estadual de Atenção ao Deficiente, destacando a Política Estadual de Turismo. “Na audiência pública 'Desafios da Inclusão das Pessoas com Deficiência no Turismo Goiano', realizada no dia 5 de dezembro de 2019, ressaltamos a importância da Política Estadual de Turismo na execução de projetos que visem à acessibilidade urbana, à adequação de atividades turísticas e a sensibilização e disseminação de orientações acerca da acessibilidade nos mais diversos setores ligados direta e indiretamente à atividade turística”, aponta o parlamentar na justificativa do projeto.

O deputado Bruno Peixoto (MDB) sugeriu, com o processo nº 6519/21, uma alternativa para as pessoas de baixa renda que possuem deficiência de mobilidade. A intenção é instituir um banco comunitário que possibilite empréstimos de cadeiras de rodas, bengalas, muletas, andadores e outros equipamentos similares às pessoas com deficiência temporária ou permanente. 

Já no projeto nº 5977/21, o deputado Delegado Eduardo Prado (DC) requer que os batalhões da Polícia Militar e as delegacias de polícia de Goiás contem “com pelo menos um policial habilitado na Língua Brasileira de Sinais (Libras), para atendimento à pessoa com deficiência auditiva”, detalha o texto da proposição. A matéria encontra-se em tramitação na Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ). 

Também na CCJ está a proposta de nº 5058/20, do deputado Chico KGL (DEM). O projeto busca incluir as pessoas ostomizadas e os portadores de nanismo na lista de beneficiários aptos à redução na alíquota do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) na aquisição de veículos em Goiás.  A medida vai adequar a legislação estadual à norma federal vigente desde a sanção do Estatuto da Pessoa com Deficiência.

Apoio financeiro

Os deputados também têm contribuído com a luta das pessoas com deficiência por meio de emendas ao orçamento, que permitem a destinação de verbas públicas a entidades voltadas a essa temática. Foi o caso, por exemplo, do deputado Delegado Humberto Teófilo (PSL), que, neste ano, contemplou o Centro de Atendimento Educacional Especializado Instituto Pestalozzi, de Goiânia, com emenda  parlamentar no valor de R$ 500 mil. O deputado também beneficiou a Associação Pestalozzi de Inhumas com emenda orçamentária de R$ 20 mil. As instituições oferecem atendimento educacional a pessoas diagnosticadas com deficiências múltiplas, deficiência intelectual e autismo. 

Em maio deste ano, o deputado Julio Pina (PRTB) — agora licenciado — entregou um veículo adaptado para a Associação Pestalozzi de Senador Canedo. O carro, que conta com elevador, espaço para dois cadeirantes e outros oito assentos, foi adquirido com os R$ 200 mil destinados pela emenda do deputado. Também foi uma emenda ao orçamento que beneficiou a Associação dos Amigos dos Autistas, de Itumbiara. A verba de R$ 100 mil foi destinada pelo deputado Amilton Filho (SD). 

Inclusão

Para além das medidas de acessibilidade, as pessoas com deficiência precisam de inclusão, o que demanda, sobretudo, uma mudança cultural. Especialista em educação inclusiva, psicóloga e mestra em educação, Liliane Garcez trata das singularidades de cada estudante como uma questão coletiva. “Não deixar ninguém de fora é o princípio ético-político de uma educação de qualidade que se efetiva como direito social. Nesse caminho, nossas dificuldades e nossos êxitos serão coletivos e singulares, posto que esboçam um quadro de preocupações comuns e possibilidades a serem partilhadas”, almeja a especialista.

Nessa mesma perspectiva, o técnico em Gestão Pública e servidor efetivo na GoiásTurismo, Audier Gomes, que trabalha em projetos de acessibilidade, define que inclusão é a chave para resolução de muitos entraves pelos quais passam as pessoas com deficiência. “Inclusão não tem a ver apenas com portas mais largas, barras de apoio, rampas, linguagem de sinais, audiodescrição, etc. Essas são mudanças relativamente fáceis de se implementar. O mais difícil é realmente incluir, ou seja, criar a sensibilidade de perceber o outro e tratar as diferenças de uma maneira humanizada”, reflete Audier.

A luta das pessoas com deficiência, então, é por uma sociedade inclusiva e que enxergue o outro com empatia e humanidade. Ou seja, uma batalha que deve ser de todos. Nas palavras do psicólogo Amit Singal, "a mudança da legislação é essencial, mas tem que ser acompanhada por uma mudança nas crenças e valores, já que são as crenças e valores que vão configurar o modo como é conceitualizada a inclusão, quer a nível da prática dos diferentes agentes educativos, quer mesmo, a nível político", conclui o pesquisador.

Agência Assembleia de Notícias
Compartilhar

Nós usamos cookies para melhorar sua experiência de navegação no portal. Ao utilizar você concorda com a política de monitoramento de cookies. Para ter mais informações sobre como isso é feito, acesse nossa política de privacidade. Se você concorda, clique em ESTOU CIENTE.