Comissão de Educação
Os deputados Talles Barreto (UB), Antônio Gomide e Delegada Adriana Accorsi, ambos do PT, fizeram uma avaliação positiva da audiência pública realizada na manhã desta segunda-feira, 11, pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte da Alego. Os três consideraram proveitoso o debate com gente que atua na área, em Goiás, sobre fatos críticos levantados no Fórum Goiano de Educação de Jovens e Adultos (EJA), sobretudo com relação ao EJA-TEC.
O EJA-TEC é uma modalidade de ensino a distância, criada com a proposta de ampliar as possibilidades de conclusão do Ensino Médio na rede pública estadual de Goiás, destinada àqueles que já são maiores de 18 anos e que já tenham concluído o Ensino Fundamental.
Talles Barreto, presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esporte da Alego, que conduziu os trabalhos, ressaltou que, além das colocações oportunas do colega Antônio Gomide, autor da propositura da audiência pública, houve participação efetiva da Delegada Adriana Accorsi, bem como de representantes da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), do Conselho Estadual de Educação, do Sindicato dos Trabalhadores em Educação no Estado de Goiás (Sintego), do Fórum EJA e de outros segmentos organizados da sociedade, ao exemplo do Conselho Estadual da Mulher.
Também compuseram a mesa dos trabalhos, além do presidente Talles Barreto e dos deputados Delegada Adriana Accorsi e Antônio Gomide, Núbia Rejaine Ferreira Silva, superintendente de Modalidades e Temáticas Especiais da Seduc; Bia de Lima, presidente do Sintego; Flávio Roberto de Castro, presidente do Conselho Estadual de Educação; e Cláudia Borges Costa, representante do fórum EJA.
Ao abrir os trabalhos, Talles Barreto ressaltou a importância do debate sobre a Educação e, em seguida, passou a palavra para Gomide. Autor da iniciativa, o petista agradeceu aos presentes e enfatizou, também, a importância do debate, inclusive objetivando melhorar o ensino em Goiás. “É salutar a abertura desse diálogo, sobretudo para obtermos o entendimento de como avançar no processo de educação em nosso Estado”, frisou, comprometendo-se a continuar firme na luta pela melhoria do ensino em Goiás.
Adequações
Adriana Accorsi destacou a importância de se fazer as adequações necessárias, para modernizar a forma de transmitir ensinamentos, assim como para facilitar o acesso ao ensino e evitar a evasão escolar. Lembrou das dificuldades que a maioria dos alunos encontra para ter acesso à educação on line, e por isso solicitou a retirada do EJA-TEC, “até para evitar a exclusão de muita gente ao acesso ao estudo”.
A petista admitiu que a educação ainda alcança algum resultado, sobretudo em razão do amor do professor pelo ensino. “É muito amor envolvido”, enfatizou.
A representante do Fórum EJA, Cláudia Borges Costa, destacou a importância do encontro para debater o Ensino de Jovens e Adultos (EJA). Ela disse que é uma modalidade que, historicamente, ficou à margem e, ainda que, em 1996, passasse a ser uma modalidade da educação básica, percebe-se que há certo descaso por parte dos poderes públicos, em todos os níveis. “Essa é uma realidade que nós temos vivenciado.”
Cláudia lembrou que o Fórum foi fundado, em 1996, em uma movimentação para as conferências internacionais de educação de adultos e foi ganhando espaço no país. “Em Goiás, o fórum começou em 2000 e, desde então, estamos nesse embate e lutando pela defesa dos educandos do EJA.”
A educadora ressaltou, ainda, que buscou o Conselho Estadual de Educação para solicitar um acompanhamento dos alunos do projeto EJA-TEC, para que eles tenham um acompanhamento e que possam de fato ter acesso à educação de qualidade.
Presidente do Conselho Estadual de Educação, Flávio Roberto de Castro ressaltou que o órgão está buscando cumprir seu papel, para melhoria da Educação, em Goiás, da melhor maneira possível. “Temos 27 conselheiros que representam todos os segmentos da Educação, mas ainda está faltando a devida estrutura para o desempenho do nosso trabalho a contento, especialmente no quesito fiscalização.”
Atenção
Castro assegurou que todos os membros do colegiado vêm oferecendo o melhor de cada um para atender as demandas do estado em termos de Educação. “Temos avaliados as propostas do Governo com muita atenção antes de autorizar o funcionamento de um programa, ao exemplo do EJA-TEC, que foi ampliado de nove processos para 16. E agora já estamos com 44 processos.”
O gestor assegurou que o Conselho está à disposição para o diálogo com vistas a melhorar o ensino em Goiás, sob todos os aspectos. Contudo, reiterou que o órgão está precisando de dotação orçamentária, inclusive para criar uma comissão especial para fiscalizar não apenas as escolas estaduais, mas também as da iniciativa privada.
Presidente do Sintego, Bia de Lima, afirmou que a audiência tem um papel muito importante para a melhoria do ensino dos alunos do EJA. A ativista ressaltou que o sindicato se preocupou quando a Seduc apresentou um projeto piloto com a criação de nove escolas do programa.
“Não somos contra nenhuma iniciativa de criar potencialidades na educação, o que nos preocupou na época da pandemia foi o fato de que a iniciativa buscava uma perspectiva de atender essa modalidade mas não da forma que nós achamos que deve ser. O pessoal do EJA no tempo regular não teve acesso à rede educacional presencial e, aí, a gente faz de conta que oferece, sabe por quê? Não foi feito um levantamento para ver, na prática, como a diminuição de professores presenciais afetaria o aprendizado dos alunos”.
Bia frisou, ainda, que não é contra o ensino a distância, mas afirmou que o método deve ser colocado na prática da maneira correta.
Elogios
Os estudantes, verdadeiro objetivo do ensino, também puderam se manifestas no evento, por intermédio das alunas Elda Silva e Maria Aparecida, que exaltaram o programa de Ensino de Jovens e Adultos em suas vidas. Ambas ressaltaram que o ensino mudou a história de suas vidas. Elda, que só tem 5% da visão, já fez o vestibular, enquanto Aparecida concluiu o 3º ano e, agora, vai ingressar no ensino superior.
Ambas destacaram o apoio do governo, especialmente com o programa de entrega de notebooks, do tipo Chromebooks, e do cartão de 100 reais.
Superintendente de Modalidades e Temáticas Especiais da Seduc, Núbia Rejaine Ferreira Silva afirmou que existe um Plano Estadual de Educação e que todos os acordos devem ser cumpridos. Frisou que, no tocante às expectativas de quem se interessa pelo tema, todos estão do mesmo lado. "Temos o Plano Estadual de Educação e queremos cumprir todos os acordos."
Rejaine disse que a pasta tem feito muito, mas não o suficiente para resolver o problema de imediato. "Mas estamos tentando. O EJA sempre está em nossas pautas. Não conseguimos cumprir as expectativas, infelizmente. Mas nunca vamos desistir dos alunos do EJA, que têm histórias de vida que precisam ser vistas. Todos os recursos que vocês imaginarem a Secretaria de Educação tem usado para busca ativa não só do EJA, mas de todos os alunos da rede de ensino.”
Após um espaço para perguntas e respostas, ao qual avaliou positivamente, Talles Barreto encerrou a audiência pública.