Na manhã desta terça-feira, 18, a Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) realizou uma apresentação pública da cartilha “Saliência comigo não!”. A iniciativa teve como objetivo orientar crianças e adolescentes de comunidades quilombolas, em especial do povo Kalunga, sobre o que é violência sexual. O material, realização do Ministério Público de Goiás (MP-GO), visa alertar esse público sobre situações que envolvem os riscos de sofrer esse tipo de violência, bem como muni-lo de informações que possam ajudá-lo a identificar o abuso ou exploração sexual e a se defender buscando ajuda. 

A iniciativa foi realizada em referência ao Dia das Crianças, celebrado em 12 de outubro, e contou com a presença de autoridades da Casa e do Ministério Público. Além da apresentação da cartilha, foi realizado um curso de capacitação para professores da rede municipal para reforçar atitudes que visem o combate à violência sexual contra menores de idade. 

A apresentação foi iniciada no saguão da Casa pela Subprocuradora-Geral de Justiça para Assuntos Institucionais do Ministério Público de Goiás (MP-GO), Laura Maria Ferreira Bueno. “É uma honra para o MP-GO estar na Alego divulgando essa cartilha que foi pensada para atender o público quilombola. Estamos trabalhando para cumprir a nossa função prescrita na Constituição Federal, que é proteger nossas crianças e adolescentes”, frisou Laura Bueno. 

A promotora de justiça e também coordenadora da área da infância, juventude e educação do MP, Cristiane Marques de Souza, destacou a importância da cartilha “Saliência comigo não!”. “Esse material é fruto de um trabalho em conjunto que foi muito pensado para que pudéssemos atingir um objetivo maior: a prevenção a exploração e a violência sexual”, afirmou.

De acordo com a promotora de Justiça, o material criado para atender o público dos Kalungas é inédito e inovador. “Trata-se de um trabalho específico para esse público, que sofre, cotidianamente, esses tipos de violência. Esperamos ter excelentes resultados, em especial, na prevenção a esses casos”, destacou Cristiane Marques. 

O diretor de Informação e Divulgação da Presidência da Alego, Leonardo Razuk, representou o presidente da Casa, deputado Lissauer Vieira (PSD), na solenidade. “Esse evento é de extrema importância, pois os números de violência infantil são assustadores. É um tema que precisa ser debatido sempre por todos nós para trazer reflexão e alternativas no combate a esse triste cenário enfrentado pela nossa sociedade.” 

Após a abertura, a programação seguiu com a apresentação da cartilha e a ministração de uma palestra pelas analistas em psicologia do MP-GO, Juliana Borges Naves e Liliane Domingos Martins, sobre violência sexual contra crianças e adolescentes. A psicóloga Juliana explanou sobre a importância da divulgação do material e do papel dos professores no combate à violência sexual. “É uma cartilha feita para o público dos Kalungas e que foi premiada nacionalmente. Além desse material, também precisamos estar atentos às ferramentas utilizadas pelos professores na prevenção da violência sexual, para identificar casos suspeitos na sala de aula e combater esse grave problema.” 

A psicóloga Liliane Domingos explicou sobre o critério adotado na escolha do público quilombola. “É uma demanda que vem da própria região do Nordeste goiano. Pensamos em um material que fosse objeto de identificação das crianças e adolescentes Kalungas.”

Liliane ressaltou, ainda, quais são as principais particularidades no acolhimento à vítima da violência sexual. “Quem trabalha com o público infantojuvenil vai precisar lidar com esses casos. Dessa forma, precisamos ter certos cuidados, dentre eles, o da mínima interferência, de forma que a vítima possa falar espontaneamente sobre o ocorrido e receba o amparo necessário.” 

Professora da Escola Municipal Recanto do Bosque, Vivianne Ribeiro, também, destacou a importância da programação realizada na Assembleia Legislativa. “Precisamos de políticas públicas efetivas que mudem esse cenário e protejam as nossas crianças. É uma iniciativa muito importante para a nossa sociedade.”