A ciclista olímpica Janildes Fernandes abriu o ciclo de debates da primeira reunião da Frente Parlamentar em Defesa do Esporte, em andamento na manhã desta quarta-feira, 21, na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego). Emocionada, ela lembrou sua trajetória na categoria e das dificuldades enfrentadas para consolidar carreira como atleta no Brasil.

"Nosso País não tem cultura de apoio ao atleta. Venho de uma família de 12 irmãos. Mudamos de São Félix [do Araguaia, no Mato Grosso] para Goiânia aos 7 anos. Recebi muitas críticas de pessoas renomadas no início da carreira e esse bullying me motivou a criar, depois, um instituto para apoiar atletas de baixa renda. A família Fernandes ganhou seis jogos olímpicos", disse a atleta.

Janildes Fernandes contou que, em 1997, teve que desistir da primeira corrida por conta das condições precárias de sua bicicleta. "Com isso, pessoas vieram me incentivar a abandonar o ciclismo dizendo que era um esporte de rico, porque bicicleta custa caro. Mas não desisti, pensando que podíamos não ter condições financeiras, mas sempre tivemos muita força de vontade. Mostrei que o ciclismo não era esporte de rico e percebi que a crítica para que eu desistisse só veio porque eu era um talento."

Sendo atleta de baixa renda, ela falou do que fazia para se sustentar no esporte, no início da carreira, quando não tinha patrocínio. "Vendia rodo para ajudar no sustento da família, que tinha uma pequena fábrica familiar. Vendia por R$ 1,50, dava R$ 1,00 para minha mãe e ficava com 50 centavos para investir no esporte."  

Fernandes aproveitou a oportunidade para pedir gratuidade nas inscrições para atletas, especialmente os que competem na categoria de base e estão no início de carreira. Ela também cobrou que o investimento em esporte comece na educação infantil, dentro das escolas públicas, à semelhança do que afirmou ocorrer em países europeus. Também reivindicou investimentos em cobertura televisiva, uma vez que a propaganda gera mais possibilidades de patrocínio.