Diretoria de Saúde promove palestra em alusão ao mês da contracepção
A Diretoria de Saúde da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego) promoveu, na manhã desta terça-feira, 10, uma palestra sobre métodos contraceptivos e terapia hormonal. A apresentação foi ministrada pela ginecologista da Casa, Mariana Melo, que também é obstetra e especialista no tema da exposição.
O evento antecipa a celebração do Dia Mundial da Contracepção, que é comemorado em 26 de setembro. A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) para popularizar o conhecimento e acesso a métodos contraceptivos.
Na palestra, Melo lembrou que os métodos de contracepção, voltados à prevenção da gravidez, remontam ao ano de 1960, com o lançamento da primeira pílula anticoncepcional nos EUA. No Brasil, a chegada do invento, que revolucionou a vida das mulheres e da sociedade, ocorreu dois anos depois, em 1962.
A especialista explicou que, nas décadas seguintes, os métodos foram sendo gradualmente aprimorados por meio de pesquisas, permitindo o aparecimento de procedimentos menos invasivos e medicamentos mais seguros, com menos riscos de efeitos colaterais.
O surgimento e popularização do acesso à pílula anticoncepcional tornou possível o controle de natalidade e planejamento gestacional. Além de evitar os riscos decorrentes de gravidezes indesejadas, permitindo às mulheres um maior controle de sua vida sexual, também favoreceu a sua entrada, em massa, no mercado de trabalho, após a Segunda Guerra Mundial.
Métodos contraceptivos
Melo informou que existem atualmente procedimentos de curta, média e longa duração. Eles apresentam diferentes níveis de efeitos colaterais, conforme a dosagem e tipo de hormônio ou material aplicado.
O primeiro grupo é que faz o controle mensal da ovulação e nele se inserem as pílulas anticoncepcionais, os injetáveis, os adesivos e o anel vaginal. Já no segundo, estão os fármacos de aplicação trimestral, como a injeção de medroxiprogesterona, cuja oferta é recorrente na rede pública. No terceiro, por fim, estão os Dispositivos Intrauterinos (DIU), que podem ser de cobre, prata ou hormonal e permanecer no útero por até 10 anos.
Há também outros métodos como a laqueadura, que é um procedimento cirúrgico envolvendo o corte das trompas (local onde normalmente ocorre a fecundação, ou o encontro do espermatozoide com o óvulo). Melo informou que há, atualmente, uma fila enorme de mulheres esperando para fazer laqueadura pelo SUS e outra ainda maior esperando a possibilidade de reverter o procedimento, o que nem sempre é possível.
“É importante reconsiderar a validade desse método, porque, além dos riscos que envolvem toda forma de cirurgia (choque anestésico, hemorragias, infecção), esse é um procedimento, muitas vezes, irreversível e a vida é muito imprevisível. Hoje, a mulher pode querer não ter mais filhos, mas amanhã esse desejo e as necessidades podem ser outras. Há métodos melhores e menos invasivos de fazer esse controle”.
Terapia hormonal
Dentre todos os métodos contraceptivos disponíveis, a ginecologista orienta a opção pelo DIU hormonal. Segundo ela, esse é, comprovadamente, o método mais seguro e com menos riscos de falhas. “Essa classe de dispositivos têm uma ação hormonal local e uma dosagem infinitamente menor do que os métodos de atuação sistêmica, como os que fazem o controle mensal da ovulação. Além disso, são eficientes também para a regulação hormonal de distúrbios decorrentes da menopausa, como as hemorragias que frequentemente antecedem esse período”.
A especialista também afastou a possibilidade de riscos de efeitos colaterais graves, como o desenvolvimento de câncer de mama, útero e ovário, assim como de problemas cardiovasculares. “Isso porque a regulação se faz a partir da administração adicional de pequenas doses de progesterona e não do estrogênio”, informou.
Vale lembrar que estrogênio e progesterona são os dois principais hormônios sexuais femininos. O primeiro é produzido principalmente pelos ovários e está associado ao crescimento das mamas e preparo para a gestação. O segundo se desenvolve no corpo lúteo, que se forma no ovário após a ovulação, e é responsável por regular o ciclo menstrual e preparar o útero para receber o embrião.
Melo também demonstrou a forma como é feita a inserção do dispositivo no canal vaginal, atestando o baixo índice de rejeição e expulsão por parte do organismo. “É um corpo que causa menos estranhamento e irritação do que os dispositivos metálicos e não hormonais, como os de cobre e prata”.
A ginecologista também confirma que o procedimento não se trata de um método abortivo. “É um mecanismo que cria uma barreira física e um ambiente inóspito à sobrevivência e deslocamento do espermatozóide, inviabilizando, desta forma, a fecundação. Se não há fecundação, não há aborto“, observou.
Normalmente, o procedimento pode ser feito em consultório ginecológico e dispensa a necessidade de anestesia. O dispositivo pode ser adquirido em farmácia a preço máximo de R$ 1.680, conforme fixado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED).