No Parlamento, estudantes da rede pública prestigiam programação especial em comemoração ao Dia Internacional da Mulher

O Palácio Maguito Vilela, sede do Poder Legislativo goiano, teve um dia movimentado nesta terça-feira, 11, com a presença de estudantes do ensino médio do Colégio Estadual Agenor Cardoso Oliveira, vizinho à Casa de Leis. Os adolescentes vieram prestigiar as atividades da mostra "Arte: Substantivo Feminino", que foi inaugurada na tarde de ontem e ficará em cartaz até sexta-feira, 14.
A programação teve início com visita à exposição montada no saguão de entrada da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego). A curadoria contemplou 12 obras de renomadas artistas goianas. São 10 quadros e duas esculturas - peças que integram o acervo da Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás (Aflag), principal parceira do evento.
A estudante Sarah Stephanie, do segundo ano, falou sobre a experiência: “Eu gostei muito de ter visto mais de perto as obras das autoras mulheres que fazem parte da academia. Eu achei todas muito lindas e muito interessantes. Eu estou gostando bastante e estou aprendendo muito. Saio daqui com mais cultura, mais conhecimento”.
A programação seguiu com a exibição do documentário O tempo que nos habita, que foi seguido de bate-papo com a diretora do filme, Simone Caetano. O média-metragem, de 32 minutos de duração, retrata o contexto de criação da Aflag, fundada há 55 anos pelas escritoras Rosarita Fleury, Nelly Alves de Almeida e Ana Braga, que também foi deputada estadual. “Esse documentário vem mostrar quem são essas pessoas, a importância dessas artistas para a história da cultura goiana, a força dessas mulheres de abrir os caminhos, o empoderamento”, ressaltou a cineasta goiana.
A presidente da academia, Elizabeth Abreu Caldeira, destacou a importância da parceria com a Alego: “É um espaço fantástico, onde estamos tendo a oportunidade de aproveitar o Dia Internacional da Mulher, para trazer a participação desses alunos. A gente percebe o encantamento diante das novidades que eles encontram aqui, quando se deparam com a história de cada uma dessas delas”.
Caldeira, que é autora de 16 obras literárias, incluindo seis coletâneas, tanto em prosa quanto em poesia, ocupa a cadeira nº 8 da academia. Ela aproveitou a oportunidade para enaltecer o trabalho da instituição que atualmente lidera. “A Aflag foi fundada em 1969, por falta de espaço para que as mulheres pudessem atuar no ramo das artes. Por isso, é um espaço onde as artistas mulheres têm lugar de fala”, arrematou.
Alcance pedagógico
A integrante da Diretoria de Cultura, Gabriela Gouveia, foi uma das curadoras da mostra. Ela ressaltou o alcance pedagógico da iniciativa: “São obras com grande valor histórico cultural, de artistas de grande destaque no cenário cultural feminino em Goiás. Hoje, estamos tendo uma programação especial dedicada a alunos da rede pública do Estado. O nosso objetivo é trazer para discussão o protagonismo feminino nas artes em Goiás”.
A coordenadora da escola participante, Denise Lino, que também é professora de língua portuguesa, destacou pontos relevantes para a formação dos estudantes: “É muito importante eles verem que a mulher tem ganhado espaço ultimamente. Aqui, eles estão tendo a oportunidade de contato com obras que normalmente não têm muito acesso. Esse aprendizado diferente da sala de aula é muito rico”.
A educadora disse que, ao retornarem para a escola, os estudantes deverão produzir relatório para apresentar. O objetivo é trabalhar a escrita, para a sistematização do aprendizado que foi adquirido.
Já a professora de Geografia, Flávia Sousa, elencou os pontos positivos da experiência para a disciplina que leciona. Ela citou a importância de se conhecer a nova sede do Parlamento goiano e a história regional. “Não adianta eu conhecer as mulheres do mundo se eu não conheço a história de Goiás. A vivência de hoje abriu caminho para a pesquisa sobre um tema ainda escasso em nossos livros didáticos. A gente vai montar grupos de estudos para fazer uma pequena biografia dessas mulheres, para entender quem foram e quem são ainda”, sintetizou.
Sarau
Durante o todo dia, cerca 300 alunos circularam pela Casa para prestigiar a exposição e as demais atividades da programação. No período vespertino, os visitantes participaram de roda de conversa e sarau com as acadêmicas da Aflag sobre temas culturais pertinentes à instituição, para troca de experiências.
Os estudantes foram presenteados com a apresentação musical de sarau, da musicista, escritora e pesquisadora Andréa Luísa de Oliveira Teixeira, na flauta, acompanhada de Felipe Valoz, no violão.
Gabriela Gouveia explicou que a semana cultural em celebração ao Dia da Mulher também faz referência ao Dia Internacional da Poesia; por isso, a parceria com a Aflag, entidade que reúne os valores femininos e a representatividade da literatura em Goiás. “A nossa ideia era trazer literatura e mulheres, então convidamos a Aflag, que é mais que literatura, é música e artes plásticas também”, salienta.
Para a presidente da Aflag, Elisabeth Abreu Caldeira Brito, “este evento é uma semana dedicada à lembrança da importância da mulher, tanto das nossas precursoras quanto das mulheres que aqui estão, uma homenagem para trazer à tona nossas acadêmicas, aquelas que compõem o núcleo da Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás”, destaca.
A visita de escolas públicas da região é parte de um programa de vizinhança desenvolvido pela Diretoria de Cultura. “O objetivo é aproximar, por meio da cultura, essa comunidade que mora aqui perto, divulgando as ações do Poder Legislativo e estimulando, desde cedo, a participação política, que é muito importante para a formação cidadã”, completou Gouveia.