Mauro Rubem promove audiência pública com o tema “Urgência: parar o genocídio contra o povo Palestino”

A Assembleia Legislativa de Goiás realizou hoje nesta sexta-feira, 09, por meio de iniciativa do deputado Mauro Rubem (PT), a audiência pública com o tema “Urgência: parar o genocídio contra o povo Palestino” foi realizada com o objetivo de trazer luz a grave situação vivida pelo povo palestino na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, desde 7 de outubro de 2023, após o ataque do Hamas. O debate ocorreu no auditório 1, no andar térreo do Palácio Maguito Vilela, com a presença de autoridades no assunto.
Além do parlamentar participaram da audiência pública o vereador Fabrício Rosa (PT); representante da Comunidade Árabe Brasileira de Goiás e Comitê de Solidariedade do Povo Palestino em Goiás (CSPPGO), Ali El Zein Jomma; o vice-presidente do Instituto Brasil Palestina (IBRASPAL), Sayid Marcos Tenório; o presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal) Ualid Hussein Ali Mohd Rabah; protopresbítero da Paróquia da Igreja Ortodoxa, padre Rafael Javier Magul; o coordenador do Comitê de Direitos Humanos Dom Tomás Balduino, frei José Fernandes; o bispo da Igreja Anglicana do Brasil, Dom Orvandil Moreira Barbosa, e Barbara Alada representando as mulheres. Além destes, também compunha a mesa o Embaixador do Sarauí, um estado parcialmente reconhecido que ocupa um território no entorno do Marrocos.
Mauro Rubem abriu a audiência pública falando que o maior crime da humanidade após a segunda guerra está sendo cometido por um governo sionista de Israel e a Casa não pode deixar de tratar desse assunto. É um genocídio que mata crianças, mulheres, idosos, profissionais sa saúde, da educação, jornalistas e tantos outros. O povo Palestino esté confinadas num espaço um pouco maior do que Goiânia, onde estão mais de 2 milhões de Palestinos, que vem sendo sistematicamente bombardeados e sendo submetidos a um boicote que impede o acesso a água, alimentos e medicamentos de qualquer tipo. Por isso, é urgente aumentar a pressão para desmontar esta máquina de guerra contra o povo palestino.
O parlamentar pontuou no seu pronunciamento que independente do posicionamento de cada um é preciso lutar para parar os crimes cometidos na faixa de Gaza. Ele também observou que “todas as sementes do sionismo estão espalhadas em várias partes do mundo, inclusive em Goiás, onde na sua avaliação uma violência policial vem sendo construída. Nosso papel é denunciar essa situação e pressionar o Governo Federal para que ele rompa todas as relações comerciais com o Estado de Israel”.
O Vereador Fabrício Rosa (PT) destacou que talvez essa seja uma das causas mais urgentes e importantes, pois assim é possível enfrentar de uma só vez o colonialismo e a opressão. Ele entende que Gaza continua sendo atacada e, ações internacionais que tentaram levar auxílio, também foram atacadas, com diversos ativistas também atacados. Apesar do cenário, ele considerou o momento especial com maior visibilidade sobre esse assunto, pois tanto o Papa Francisco quanto o novo Para Leão XVI reconhecem essa luta e ambos pregavam que a terra é uma casa comum. “Então vivemos um momento potente, onde pode haver esperança renovada”.
Sayid Tenório proclamou que esta iniciativa do deputado Mauro Rubem, além de ser um ato de apoio é também um ato de coragem, diante de tantas organizações que defendem o terrorismo no Brasil. Temos uma mesa plural e estamos atravessando, hoje, 580 dias do fato mais estarrecedor da história recente da humanidade que é o genocídio em Gaza onde já foram assassinados mais de 250 mil pessoas identificadas, com o objetivo de realizar uma limpeza étnica, completando 55 dias da violação do cessar fogo.
“Gaza supera o horror do nacismo com um genocidio que já exterminou completamente 2.200, 800 professores e 211 jornalistas. O território foi atingido com 100 mil toneladas de bombas e há 60 dias não entra nenhum caminhão com água, alimento e medicação. O que está em curso é um projeto de supremacia para o extermínio de um povo originário. Esta iniciativa do Parlamento Goiano se junta a outras forças do pais e do mundo, formando uma retaguarda ao povo palestino”, falou Sayid Tenório.
Ualid Rabah fez um apanhado histórico e trouxe muitos números que descrevem o horror da realidade vivida na Faixa de Gaza pelo povo Palestino. Ele salientou que este é o primeiro genocídio televisionado da história que impõe a essa região uma realidade bastante cruel com processo de apartheid. Até que ponto podemos ser um povo capaz de suportar um extermínio sem decidir de que lado estamos?, questionou ele.
Rabah argumentou que este é sem dúvida o maior genocidio humano da história e o que aconteceu na segunda guerra não chega nem perto disso que vem ocorrendo. Dados da revista The Lancet informou, de acordo com ele, que para cada morte identificada outras 4 já ocorreram, ela também revelou que o pior ainda é a maior matança de crianças da história em qualquer possibilidade comparativa, representando 3 vezes a morte de crianças na segunda guerra mundial. Isso é o que distingue uma guerra de extermínio que busca de uma solução final, onde 85 mil toneladas de bombas foram despejadas no território de Gaza causando um verdadeiro horror.
Em seu discurso, Rabah disse que segundo a Save The Children, em todas as guerras documentadas no mundo havia metade das crianças exterminadas em Gaza. “Além dos filhos, as mulheres são sistematicamente exterminadas com crianças no ventre. Os adultos e idosos estão convivendo com a invalidez, o que significa reduzir as possibilidades de progresso e transformação do país. A longevidade média, que era de 75 anos, caiu para 35 anos para os homens e 44 anos para as mulheres. A redução do PIB foi de 82%. Isso tudo financiado pelos EUA, essa não é uma guerra promovida por Israel, mas é uma guerra do ocidente e da Otan, onde 25 bilhões de dólares foram investidos, nunca um extermínio custou tanto caro”, ressaltou o historiador.
Ali Jomma começou seu pronunciamento falando do seu profundo respeito e gratidão ao deputado Mauro Rubem. Esse compromisso com a luta palestina tem sido uma luz na escuridão. Estamos aqui por um dever moral e humano, pois o que acontece na palestina é um dos maiores crimes de todos os tempos, onde um povo inteiro está sendo privado do direito de viver e existir. São bombardeios e massacres de famílias inteiras, com escolas, hospitais, mesquitas, igrejas, universidades, completamente destruídos - vítimas de armas proibidas e políticas que promovem esse extermínio como estratégia construída pelas potências ocidentais..
Representando as mulheres Palestinas, Bárbara Alada fez um rápido discurso lembrando sua infância naquele país quando ela, num momento de conflito e tensão na região, perguntou ao pai quando tudo isso iria acabar. Apesar das dificuldades relatadas, ela conta que muitas mulheres daquela região a presentearam com outras realidades e com um carinho tão especial. “Todos somos iguais e me sinto honrada de pertencer ao povo palestino e meu desejo é ajudar na reconstrução do nosso povo. Todos nós podemos fazer alguma coisa, estamos conectados”, pontuou.
O padre Rafael Magul lembrou que não haverá paz enquanto não houver justiça social. Ele também trouxe uma fala de Santo Agostinho que dizia que a esperança tem duas filhas lindas: a indignação e a coragem. A indignação ensina a não aceitar as coisas como estão e a coragem a mudá-las. É vergonhoso o que está acontecendo, temos valores, princípios e história com homens que nos ensinaram a defender nossos ideais. Temos esperança de um mundo melhor,a paz só chegará quando houver justiça social. Vamos trabalhar para que haja esperança.
Por fim, o Frei José Fernandes defendeu que todos os direitos são para todos e todas. Segundo ele, Dom Tomás Balduíno ensinou que direitos humanos não se pedem de joelhos, mas exige-se de pé. “Que essa audiência pública seja uma transformação de mentalidades e atitudes. Essa estrutura é um sistema de inversão normativa à luz do direito humanitário internacional. A figura de benjamim aparece como agente de impunidade, que representa um estado de exceção. Essa participação aqui do CGDH é a representação da chave do humanismo, da fé,da esperança”, concluiu.