O Palácio Conde dos Arcos, na cidade de Goiás, foi palco, na noite da última segunda-feira (28), do tradicional ato de transferência simbólica da capital do Estado para o município. A cerimônia contou com a presença de autoridades dos três poderes, incluindo o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Bruno Peixoto (UB), acompanhado de outros dez parlamentares.

Construído em 1751 pelo então governador Dom Marcos de Noronha, o Conde dos Arcos foi a primeira sede do governo da Província de Goiás. Localizado na praça principal da antiga capital, o prédio é hoje um dos mais emblemáticos símbolos da história goiana.

A solenidade teve início com o hasteamento das bandeiras, a execução do Hino de Goiás e o desfile de tropas da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar. Em seguida, começaram os discursos das autoridades.

Ao fazer uso da palavra, o presidente da Casa de Leis elogiou o carinho demonstrado pelo governador Ronaldo Caiado (UB) e pela primeira-dama pela cidade de Goiás. Ele aproveitou também para criticar a atuação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) na preservação do patrimônio local.

“Sou católico, assim como o governador. E aproveito para fazer uma crítica ao Iphan. Se dizem se importar com a população que tem a cidade de Goiás no coração, por que abandonam a Igreja de Nossa Senhora da Boa Morte?”, questionou.

E continuou: “Vai aqui meu recado ao Governo Federal: se não tem competência, deixe para quem tem. Ou venha a Goiás e siga o exemplo do nosso Governo. Nós cuidamos da cidade, cuidamos das pessoas. O que está acontecendo com essa igreja é um verdadeiro desrespeito. Se não conseguem cuidar, transfiram a responsabilidade para o Governo de Goiás e em menos de seis meses a igreja estará restaurada”.

Peixoto também exaltou a relação do chefe do Poder Executivo com a cidade: “O governador é apaixonado por Goiás, e sua paixão é ainda maior pela cidade de Goiás. Não tenham dúvida disso". 

O discurso foi largamente aplaudido pelo público e deputados presentes, dentre eles: Amauri Ribeiro (UB), Dra. Zeli (UB), Talles Barreto (UB), Veter Martins (UB), Clécio Alves (Republicanos), Lucas Calil (MDB), Lucas do Vale (MDB), Coronel Adailton (Solidariedade), Charles Bento (MDB), Ricardo Quirino (Republicanos), Rosângela Rezende (Agir)  e Virmondes Cruvinel (UB).

Na sequência, o governador Ronaldo Caiado falou ao público. Ele anunciou a antecipação das comemorações dos 300 anos da cidade de Goiás e revelou ter convidado o artista plástico Cyron Franco para criar uma obra em homenagem ao município.

Presente na cerimônia, o artista plástico falou brevemente sobre a criação: batizada de Solo Goiano, a obra consiste em um mapa da cidade da década de 1920 decorado com pedras naturais da região. “Sinto-me honrado em ser dessa terra maravilhosa e contribuir com uma pequena amostra da nossa cultura”, afirmou.

De volta ao púlpito, Caiado falou sobre o significado da data: “Essa é a última transferência simbólica da capital em que participo como governador. Tenho amor por essa cidade e pelo povo vilaboense desde minha infância".

Ele destacou que seus seis anos e sete meses de governo foram marcados por dedicação e esforço. “Sempre busquei retribuir ao povo o máximo que um governador pode fazer. E no próximo ano, seguirei para um projeto maior”, disse, referindo-se à sua pré-candidatura à presidência da República. “Quando se governa com coragem e respeito, é possível levar dignidade às pessoas".

O governador também agradeceu à Alego e aos tribunais estaduais pelo apoio durante sua gestão: “Ninguém governa sozinho. Sou grato a todas as instituições que caminharam conosco, especialmente nos momentos mais difíceis".

O prefeito de Goiás, Aderson Gouveia (PT), também discursou e ressaltou os 298 anos de história da cidade. “Esse dia tem uma relevância singular. Nossos últimos dias foram de arrumação e retoques na beleza desta cidade feita de pedras. Em 2001, a Unesco reconheceu nosso município como Patrimônio Cultural da Humanidade — algo raro no Brasil. As atividades culturais que realizamos aqui são motivo de orgulho".

Alego presente

Presente na cerimônia, o deputado Amauri Ribeiro destacou o simbolismo da transferência da capital para a cidade de Goiás. Ele afirmou que o evento é uma forma de homenagear a antiga capital e valorizar tudo o que ela representa para o estado. “Sou um dos deputados mais votados da cidade de Goiás e também um dos que mais destinam emendas para cá. É sempre uma alegria participar dessa festa e reforçar nosso compromisso com a história e o povo vilaboense”, declarou.

O deputado Ricardo Quirino também enfatizou a importância histórica da cidade, lembrando que ali “tudo começou”. Ele ressaltou, ainda, o caráter especial da edição deste ano, por marcar a última transferência de capital sob a gestão de Ronaldo Caiado. “Essa é uma data que marca e, às vezes, não volta mais. Nossa presença aqui é representativa e necessária. Parabéns ao governador, à prefeitura e a todos que fazem parte da história da cidade de Goiás”, frisou.

Já a deputada Rosângela Rezende sublinhou o orgulho de participar da solenidade, especialmente ao lado do presidente da Alego, Bruno Peixoto, e do governador Ronaldo Caiado. “A cidade é acolhedora e tem uma história que engrandece Goiás. Estar aqui é uma honra, ainda mais nesta última transferência de capital feita pelo governador, que já se prepara para um novo projeto político nacional”, pontuou.

Por fim, o deputado Lucas Calil destacou o caráter emocional da cerimônia, que, segundo ele, resgata as origens do estado. “A cidade de Goiás nos lembra de onde viemos e nos inspira sobre para onde queremos ir. É uma data de simbolismo duplo: marca a proximidade dos 300 anos da cidade e a última participação do governador Ronaldo Caiado neste ato enquanto chefe do Poder Executivo. É um momento de emoção, memória e reconhecimento das conquistas”, pontuou.

Revitalização

Na transferência da capital, Ronaldo e Gracinha Caiado também lançaram um projeto de revitalização das igrejas da cidade.

Batizado como “Rota da Fé - Peregrinando pelas Igrejas de Goiás”, é uma iniciativa do Governo, por meio da Secretaria da Cultura (Secult), e busca fortalecer o turismo religioso e preservar o legado arquitetônico e histórico de quatro igrejas locais.

O investimento é superior a R$ 15 milhões e, segundo o Caiado, esse projeto vai integrar o turismo religioso, o que Trindade já desenvolveu, e gerar “forte renda e arrecadação para a cidade”.