Prevenção ao suicídio

Nesta quinta-feira, 11, a Casa de Leis realizou audiência pública sobre valorização da vida e prevenção ao suicídio. O espaço de debate dentro do Legislativo goiano fortalece a conscientização e aproxima redes de apoio.
Na manhã desta quinta-feira, 11, o Auditório 2 da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego) sediou audiência pública promovida pelo deputado Virmondes Cruvinel (UB), com o tema “Juntos pela Valorização da Vida e Prevenção ao Suicídio”. A iniciativa integra a campanha Setembro Amarelo e teve como objetivo ampliar o diálogo sobre saúde mental, compartilhar informações, levantar propostas de ação e, sobretudo, “quebrar o silêncio em torno desse tema tão delicado”, destacou o parlamentar.
Segundo Virmondes, o espaço de debate dentro do Parlamento goiano fortalece a conscientização, aproxima redes de apoio e reafirma a importância de falar sobre o tema como primeiro passo para salvar vidas. O deputado ressaltou que o propósito maior do evento é dar um pontapé inicial em uma missão de conscientização permanente, para levar o trabalho a todos os cantos de Goiás, das regiões periféricas às áreas rurais, envolvendo escolas, secretarias de saúde e assistência social.
A mesa de debates contou com a presença do deputado Virmondes Cruvinel; da professora Gláucia Peres, representante da secretária municipal de Educação de Goiânia, Giselle Pereira; do médico e assessor técnico da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia, Frank Cardoso, representando o secretário Luiz Pellizzer; de Tiago Batista de Oliveira, vice-presidente da Associação Psiquiátrica de Goiás; da psicóloga e mentora de mulheres, Mara Suassuna; do presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-GO, Gustavo Nogueira Filho, representando o presidente da entidade, Rafael Lara; do procurador da Alego, Edmarkson Ferreira de Araújo; da engenheira de Segurança do Trabalho, Priscila Vecino, representante da VivaBem Medicina; e da assessora da vereadora Rose Cruvinel (UB), Aliane Viana.
Na abertura, Virmondes reafirmou a prioridade de seu mandato no cuidado com a vida e com o cidadão. “Preservar a vida é a máxima de nossa atuação parlamentar. Goiás ocupa a primeira posição no ranking de suicídios do Centro-Oeste, um dado grave que precisa ser enfrentado”, alertou. Ele também defendeu a ampliação da conscientização e da rede de proteção permanente, com foco em políticas públicas integradas e fiscalização das ações do Executivo.
O procurador da Alego, Edmarkson Ferreira de Araújo, destacou projetos de lei, assinados por Virmondes, em tramitação na Casa voltados à saúde mental, como o que institui o Programa Estadual de Apoio à Saúde Mental no Esporte, e o que prevê acompanhamento psicológico para jovens em interação com plataformas de inteligência artificial. “Essas propostas demonstram a preocupação do parlamentar em trazer o debate à Casa e gerar soluções efetivas para um problema que assola Goiás”, afirmou.
O médico Frank Cardoso trouxe a experiência prática do enfrentamento à pandemia e seus reflexos na saúde mental. “Observamos pessoas que sofrem caladas, sem procurar os serviços de saúde. É fundamental promover vida e educação, adotando uma postura preventiva e de atenção real às necessidades do paciente”, disse.
Representando a Educação, a professora Gláucia Peres reforçou a necessidade de ações preventivas nas escolas. “Trabalhamos com a Comissão de Mediação Escolar, que atua na formação integral da criança e do adolescente, para que tenham desde cedo visão de autocuidado e auto aceitação. É preciso agir antes da emergência”, ressaltou.
A engenheira de segurança do trabalho Priscila Vecino destacou a atualização das normas regulamentadoras do setor, que agora incluem fatores psicossociais. “A segurança do trabalho não está apenas ligada ao uso de EPIs, mas também às questões de saúde mental. Muitos casos de suicídio têm origem em problemas no ambiente de trabalho”, frisou.
O psiquiatra Tiago Batista de Oliveira alertou para a falta de acesso a tratamento especializado. “Não adianta falar em prevenção do suicídio sem garantir atendimento psiquiátrico adequado. Hoje, em Goiânia, os hospitais públicos não contam com psiquiatras, e o único pronto-socorro que atende emergências psiquiátricas está em situação de abandono”, afirmou. Ele defendeu medidas urgentes para assegurar acesso a medicamentos básicos e a especialistas.
Em resposta, Frank Cardoso informou sobre recursos destinados à reestruturação do Pronto-Socorro Psiquiátrico Wassily Chuc. “Temos verba assegurada para aquisição de terreno e reforma da unidade. Há uma esperança próxima de melhoria, e a Secretaria de Saúde está empenhada em resolver esse problema crônico”, declarou.
A assessora Aliane Viana, representando a vereadora Rose Cruvinel, reforçou o compromisso do mandato com o tema. “O suicídio não tem classe social, gênero ou idade. O gabinete da vereadora está de portas abertas para apoiar políticas públicas de prevenção”, afirmou.
Na sequência, a psicóloga Mara Suassuna apresentou dados alarmantes e fez um apelo por ações concretas. “Infelizmente, só falamos em suicídio em setembro, quando o problema é diário. Precisamos de programas permanentes de educação socioemocional nas escolas. Quase 100% dos casos de suicídio estão ligados a transtornos mentais não diagnosticados. Falta empatia e escuta por parte da família, da escola e até de líderes religiosos”, destacou. Ela lembrou ainda a origem do Setembro Amarelo, em 1994, nos Estados Unidos, e defendeu a atualização de estatísticas e políticas públicas em tempo real.
No encerramento, o deputado Virmondes Cruvinel anunciou os próximos passos que serão tomados a partir dos apontamentos que foram colhidos durante a audiência. Segundo ele, serão realizadas reuniões com a Defensoria Pública e secretarias de Saúde e Educação para articular ações conjuntas; apresentação de projeto de lei para combater jogos eletrônicos que incentivam práticas de risco e automutilação; e fortalecimento da rede de proteção social. “Esta audiência não se esgota aqui. É o início de uma mobilização permanente em defesa da vida”, concluiu.
No portal da Alego, inclusive, também tem uma matéria que aborda a campanha Setembro Amarelo. A reportagem retrata a importância das discussões que precisam ser travadas acerca do suicídio. O material pode ser conferido por meio deste link.