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A triste realidade do zoo de Goiânia

16 de Setembro de 2009 às 14:15
Artigo do deputado Daniel Goulart (PSDB) publicado no jornal "O Popular", edição de 11.09.2009.

* Daniel Goulart é deputado estadual e vice-presidente do PSDB goiano



As mortes de animais no Parque Zoológico de Goiânia pareciam acontecer como num roteiro de história de terror. A suspeita de sabotagem deu um tom, inclusive, policial aos trágicos acontecimentos. Infelizmente, problemas e irregularidades apontados em investigações feitas pela Polícia Federal e pelo Ibama mostram que essas mortes podem fazer parte de uma realidade que tem sim ares macabros.

Como explicar o sumiço de 311 animais e 252 carcaças, sem documentos que comprovam mortes ou retiradas dos mesmos do parque? Fatos que podem ir além da desorganização. Ao ler sobre esses relatórios, que assustaram a todos, imaginei que não seria impossível que tivessem feito até mesmo churrasco com animais silvestres. Diante do exposto, pode nem ser uma hipótese tão absurda.

A morte de 69 animais, até agora, neste ano, é um número muito alto, mas pequeno em relação ao histórico de óbitos. Ao comparar com outros anos, como em 2005, quando morreram 165, e com 2004, com 120 mortes, é possível observar isso. A diferença é que agora morreram bichos maiores, o que chama mais a atenção.

A permuta de animais por material de construção, ração, entre outros objetos, com documentos muitas vezes ilegíveis ou insuficientes, é outra situação inconcebível. Em muitos países isso é motivo para prisão. Mas aqui, até o momento, ninguém foi indiciado.

Há muito tempo se falava na necessidade de mudar o Zoológico de Goiânia de lugar. Já se discute a falta de estrutura para abrigar com boas condições os animais, a forma como eles estão dispostos à visitação e também o estresse diante de todos esses fatores. Mas foi preciso chegar a uma situação tão extrema para que os órgãos e entidades se sensibilizassem como agora.

Apesar da PF e do Ibama já terem ciência de vários fatos que não levaram ao indiciamento de ninguém, está na hora de fazer o caminho contrário. Por um lado, essas 69 mortes de animais ocorridas no zoológico da capital – que ganharam tanto destaque na mídia – e que revelaram uma situação bem mais séria, trouxeram também outras intervenções. Com a investigação encabeçada pelo delegado de Meio Ambiente Luziano de Carvalho, foi possível responsabilizar o diretor e funcionários do zoo por algumas mortes.

Mesmo assim, os animais que ainda estão no zoológico precisam, urgentemente, de um novo destino. Literalmente, é caso de vida ou morte. A situação é de crise, mas é a vida que deve prevalecer sempre.


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