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Cana: a safra do Brasil começa em Goiás

06 de Abril de 2010 às 11:08
Artigo do deputado Daniel Messac (PSDB) publicado no jornal Diário da Manhã, edição de 06.04.2010.
* Daniel Messac é deputado estadual (PSDB), filósofo e teólogo (dmessac@hotmail.com)




O fato de Goiás, pela primeira vez, segundo os registros históricos, sediar, num evento em Quirinópolis, na Usina São Francisco, – empresa do grupo USJ, um dos maiores produtores brasileiros, que tem no jovem, Igor Montenegro, ex-presidente do Sindicato da Indústria de Fabricação de Álcool (Sifaeg), um de seus principais executivos – o início da safra brasileira 2010-2011 de cana e da produção de açúcar e de etanol é um reflexo direto do extraordinário avanço experimentado pelo setor sucroenergético em nosso Estado.

Esse acontecimento, que atrai a atenção dos mercados e mobiliza as autoridades agrícolas do País, ocorre num momento muito especial, pois Goiás acelera rapidamente o passo – o Estado já conta com 36 unidades produtoras de açúcar e etanol em funcionamento, processando 30 milhões de toneladas de cana, com previsão de implantação de mais cem usinas – para superar São Paulo, dentro de pouco tempo, no topo do ranking nacional da cana. Na safra passada, com crescimento de 33%, passando para 1,64 bilhão de litros, conquistamos a posição de segundo maior produtor de etanol do País, perdendo apenas para São Paulo, e deixando Paraná e Minas Gerais para trás.

Interessante ressaltar, que nessa corrida sadia dos produtores – o volume de cana processada pelas usinas do Centro-Sul, que respondem por 89% da produção nacional, deve passar de 535 milhões de toneladas até abril de 2011 –, o consumidor brasileiro é um dos maiores beneficiados com a queda nos preços, em função da maior oferta de etanol e de açúcar no mercado interno.

Aproveitando-se de suas extraordinárias potencialidades – topografia, solo plano e clima favorável –, disposição do produtor e localização estratégica, Goiás vem galgando, surpreendentemente, degraus muito elevados no ranking nacional. A nossa produção aumentou em mais de 20% em relação à safra anterior e a estimativa é de que, até 2011, o nosso Estado receba mais de R$ 5 bilhões em investimentos em seu setor sucroenergético. Em apenas dez anos, triplicou o número de usinas em solo goiano, propiciando diretamente mais de 60 mil postos de trabalho.

É cada vez mais evidente, neste contexto, o avanço da produção consciente. Observamos um crescimento vertiginoso no grau de comprometimento de toda a cadeia produtiva do setor sucroenergético goiano com ações de responsabilidade ambiental, social, bem como a melhoria contínua das condições de trabalho. O trabalho desenvolvido pelas entidades representativas do setor (Sifaçucar e Sifaeg), ao longo desses anos todos, vem alcançando excelentes resultados, na direção do empreendedorismo sustentável com respeito ao meio ambiente, valorização dos trabalhadores e investimento em pesquisa e tecnologia de ponta para aumento de produtividade.

Inteligentemente, Goiás segue o ritmo dos bons ventos que sopram no rumo do aumento da aceitação ao etanol brasileiro da cana nos mercados mundiais. O potencial do produto no principal mercado consumidor do mundo, os Estados Unidos, por exemplo, aumentou consideravelmente, após a designação do etanol de cana-de-açúcar como “biocombustível avançado” pela Agência de Proteção Ambiental, a norte-americana, EPA (Environmental Protection Agency).

Esse relatório do EPA, divulgado no último dia 3 de fevereiro, abriu portas para o etanol de cana, não só nos Estados Unidos, mas também em outras partes do mundo, já que muitos aguardavam com interesse a decisão do órgão americano, um dos mais respeitados do mundo para questões ambientais. O fato é que, caminhamos para a consolidação do etanol como commodity energética global na esteira da forte tendência mundial pela redução do petróleo na matriz energética em contrapartida com o crescimento do uso de fontes renováveis.

Diante desse cenário altamente favorável, Goiás deve se preparar cada vez mais para ocupar a posição de liderança no concorrido ranking brasileiro da cana. Seria importante que o governo de Goiás aperfeiçoasse os seus mecanismos de apoio ao setor e, inclusive, adequasse a sua própria estrutura administrativa, de modo a contar nas Pastas da Indústria, da Agricultura e da Fazenda, com especialistas, bem informados sobre potencialidades goianas, produção, fomento à pesquisa, política de incentivo e vantagens competitivas para atração de investimentos e incremento da comercialização do nosso etanol nos mercados interno e exterior.

O governo estadual também pode desempenhar um grande papel, unindo-se às forças produtivas e definindo uma estratégia de ação para que o nosso Estado venha a ser contemplado com um ramal do alcoolduto do consórcio Pebrobras Biocombustível, Mitsui e Camargo Corrêa.


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