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Thiago no Opção: Goiás está ficando para trás em relação a discussão ambiental
O deputado federal eleito Thiago Peixoto (PMDB) detalhou ao jornal Opção, em entrevista publicada no último domingo, 19, os bastidores e os acordos da Conferência do Clima organizada pelas Nações Unidas (COP 16) no México. O parlamentar também criticou a falta de participação e a pouca discussão do tema em Goiás.
Dentre outros assuntos, ele ainda reafirmou suas críticas ao governo de Alcides Rodrigues (PP), reforçou a necessidade de renovação dentro do seu partido, falou sobre os planos para quando chegar ao Congresso Nacional e, por fim, abordou a questão do trânsito e citou medidas para se ter qualidade de vida em Goiânia. Confira trechos da entrevista:
Discussão ambiental em Goiás
Goiás está ficando para trás em relação a essa discussão ambiental. É um tema, hoje, que facilmente mobiliza a sociedade, mas que, em Goiás, há um distanciamento do que existe de mais moderno e contemporâneo no mundo. Por exemplo, nas COPs (conferências da ONU sobre mudanças climáticas), é muito comum ter a presença de governos locais, de Estados e municípios. Mas Goiás não tem participação nenhuma nisso.
Ferramentas de preservação
Existem ferramentas que permitem esse desenvolvimento social sem gerar danos muito grandes ao meio ambiente. Umas das principais ferramentas que foram aprovadas na COP de Cancun é o Hedge, que ao deixar de desmatar, o país passa a ganhar por essa preservação. Foi criado um fundo verde, com previsão de gastos de 100 bilhões de dólares por ano, exatamente para que países e comunidades preservem. Uma outra linha fundamental é a de alternativas econômicas. O Cerrado, por exemplo, é muito mais rico em sua biodiversidade do que a forma como é explorado hoje.
Poluição dos carros
O principal gerador de poluição no centro urbano é o combustível fóssil. Então, uma política de preservação ambiental e de mudança climática precisa considerar, de forma imediata, as questões do trânsito. Hoje, em Goiânia, temos uma desproporção com relação a veículos. Temos aproximadamente 1,3 milhão de habitantes e 1 milhão de carros. Não temos nada de relevante acontecendo para substituir isso. O grande desafio de Goiânia e de outras cidades é deixarem de ser projetadas para os carros e passarem a ser projetadas para as pessoas.
Alternativas
Os governos buscam alternativas para que, com menos recursos, se consiga se deslocar melhor nas cidades. O melhor exemplo disso é o Projeto Milenium, em Bogotá, na Colômbia. Não fizeram investimento em metrô, mas maciços investimentos em corredores de ônibus, que são praticamente linhas expressas e que atendem bem à demanda. Já que não temos dinheiro para fazer o metrô, o caminho de Goiânia deveria ser o de investimentos maciços nesses corredores exclusivos ou semiexclusivos. Existe recurso para isso, já que a própria licitação previa que as empresas vencedoras teriam de fazer esses investimentos.
COP 16
A reunião de Cancun foi muito interessante. A COP 15, em Copenhagen, foi muito badalada. Aquela megaexposição foi um dos ingredientes que impediu que ela (COP 15) chegasse a um documento mais forte. A COP 16, por isso, aconteceu com muito menos expectativas. Com isso, teve mais tempo para negociar e para discutir o que de fato tinha de acontecer.
Presença feminina
Essa COP teve uma coisa muito interessante, que foi a presença das mulheres, vez que ela foi liderada por uma mulher: a presidente Patrícia Machado, do México. Além dela, havia a secretária da ONU, uma diplomata costa-riquenha que falou com muita propriedade. Tivemos também a ministra brasileira Izabela Teixeira que, com um ministro inglês, levou adiante a discussão sobre o Protocolo de Kyoto. Elas fizeram isso com muito brilhantismo. Eu colocaria esse ponto como destaque. Marina Silva estava lá. Mas houve, na seara feminina, um destaque negativo ao Brasil: a senadora Kátia Abreu, que ganhou o prêmio motosserra de ouro, do Greenpeace. Ela estava representando a CNA e foi duramente criticada.
Alcides Rodrigues
Quando ele assumiu, quatro anos atrás, eu disse aqui, no Jornal Opção, diversas vezes: eu nunca acreditei que Alcides Rodrigues tivesse a liderança e a capacidade para governar Goiás. Nunca acreditei que ele tivesse a visão adequada para governar o nosso Estado. Ele termina o governo mostrando que isso, de fato, é realidade. Mostra que realmente não estava preparado, que não tinha competência nem condições de ser o líder que Goiás precisou durante esses quatro anos e nove meses. Ele prometeu implantar a escola de tempo integral em todas as unidades e não fez nem 5%. As escolas, do ponto de vista físico, estão completamente sucateadas. Na Grande Goiânia, são 60 escolas que estão condenadas e precisam ser demolidas.
Renovação do PMDB
Se analisarmos as bancadas do PMDB hoje, a maioria é composta por figuras que representam um novo partido. Agora, eu defendo que esse processo de renovação deva acontecer respeitando, em muito, os feitos passados do PMDB. Não as derrotas, mas as vitórias. Temos figuras importantes. Elas são relevantes e devem ser escutadas. São tradicionais e têm boas ideias. Foi esse passado que fez com que o PMDB não acabasse.
Bandeiras
A primeira diz respeito à questão educacional. Sem dúvida, essa é a causa que mais me dedico como cidadão e como homem público. Penso que o Brasil tem de viver uma grande reforma educacional. A segunda se refere a essa discussão ambiental, mas com o foco nas mudanças climáticas. É uma discussão que ainda não está aprofundada no Congresso Nacional. Meramente é a pauta da hora. Por fim, outro ponto fundamental que eu defendo é uma grande reforma tributária. Mas eu quero discutir a reforma em uma perspectiva diferente, pelo viés do cidadão, do consumidor.
Henrique Meireles
Seria muito bom se o PMDB pudesse continuar contando com ele nesse processo. Ele é respeitado nacional e mundialmente e teria muito a contribuir com o partido, em especial nesse momento de reconstrução que o PMDB vai ter de viver em Goiás. Sobre o futuro, a única coisa que ele deixou clara é que ele vai escrever um livro sobre sua passagem no Banco Central.
Disputa do governo em 2014
Todo político têm vontade de ocupar os maiores espaços possíveis, pois só assim eles terão possibilidades de realizar mais. Contudo, o que pauta a disputa de uma eleição para o governo estadual ou para a prefeitura é o fato de você fazer parte, ser o ícone, ser o agente principal de um projeto coletivo. Ou seja, a discussão tem de nascer de forma coletiva, tem de advir do próprio partido e de outros aliados. Mas é claro que existe vontade pessoal.