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Notícias dos Gabinetes
Wagner Guimarães critica superficialidade do debate político

30 de Agosto de 2007 às 12:19
Em artigo publicado em jornal da Capital, deputado critica a falta de envolvimento público no debate político e mostra descontentamento com os rumos das discussões. Confira texto na íntegra.
Que política? Tive meu primeiro momento de fascinação com a política ainda menino, quando os mais importantes líderes de Goiás e do Brasil, certa vez, numa cidade do interior goiano, deram com seus discursos a impressionante demonstração de como conduzir e influenciar o pensamento alheio. Não apenas o meu, mas de todos os mortais que estavam a minha volta naquele momento. Ali, há mais de 40 anos, ainda conseguiam despertar interesse pela vida pública.

Acredito na política, no princípio e na essência, como única ferramenta de mudança da realidade. Já disse e repito: não sou político profissional, mas devemos entender que tudo o que pode melhorar ou piorar a qualidade de vida das pessoas depende de ações políticas. Temos a mínima obrigação de entender como se organiza nossa estrutura de poder e como os eleitos operam esta estrutura.

Mas devemos entender antes que a raiz dessa estrutura está doente. Perguntaram-me se nossos problemas políticos se devem à falta de direcionamento dos partidos. É evidente que o homem vem paulatinamente perdendo valores coletivos e ganhando em individualismo. Quanto aos partidos, não os temos no Brasil. São diversas legendas, influenciadas por diversos líderes, que trabalham interesses próprios, representantes de grupos menores e fechados. Estatutos partidários são todos maravilhosos e semelhantes, mas cada chefe é por si. Não há partido forte no Brasil, mas lideranças influentes.

O debate da sucessão é um bom termômetro da falta de representatividade e profundidade das discussões. Em artigo anterior critiquei a precocidade das campanhas, que têm tempo legal para ter início, mas começam imediatamente após as eleições. Não há no espaço público o exercício da política, do direito de opinar e decidir rumos. Parece-me que todas as ações públicas, na maioria das vezes direcionadas a colocar nomes em evidência –– quando muito remendar problemas sociais imediatos –– visam exclusivamente a capitalização do voto, a moeda que eleva o “representante” ao poder. 

A mídia tem parte nisso. Tão preocupada com o “disse-me-disse”, termina por fomentar a superficialidade do debate e antecipar o cio quase infértil da sucessão. Idéias e ações, expostas publicamente, geram crítica e contribuem para lapidar propostas. Mas antes disso, chega estampado nos jornais o interesse no troca-troca, no vai-vem de acusações, o que obriga a muitos a dançarem no ritmo da música, uma dança espalhafatosa, comprometedora e improdutiva. A qualidade das ações fica sempre no último plano das discussões. 

Às vezes me passa que as coisas só mudarão o dia em que a indignação e o cansaço forem tamanhos, que levarão as pessoas às ruas para fazer algo inédito no Brasil. Por que é que o engajamento político e o nível de cobrança parecem ser maiores em lugares onde estouraram revoltas nas ruas? E o que é que ainda nos falta para tomarmos estes ímpetos? Acho que ainda não teríamos condições de responder.

Wagner Guimarães é deputado estadual, 2º vice-presidente da Assembléia Legislativa e 2º vice-presidente do PMDB estadual

 

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