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Notícias dos Gabinetes
Semana do Trânsito é ineficiente, diz Wagner Guimarães

06 de Setembro de 2007 às 14:10
Em artigo publicado em jornal diário da Capital hoje (dia 6 de setembro), o deputado Wagner Guimarães criticou a ineficácia da Semana Nacional do Trânsito na diminuição do número de acidentes. Ele cita o exemplo bem sucedido de Brasília. Confira na íntegra.

Sem cidadania no trânsito, sem qualidade de vida 

Em quinze dias começamos a assistir nas TVs e jornais campanhas para um trânsito melhor. De 18 a 25 de setembro está marcada a Semana Nacional do Trânsito: serão propagandas na imprensa, programações didáticas, atividades que tentarão envolver o público. Mas, como em todos os anos, não conseguirão o objetivo: reduzir as ocorrências violentas, as mortes, as tragédias. A ladainha da semana do trânsito não resolve porque trata-se de um problema de educação, coisa que não se alcança em sete dias.

O problema fundamental do trânsito não está nas esferas da segurança ou saúde públicas; estes aspectos são conseqüência de uma deficiência muito anterior aos acidentes: a não-cidadania, o desrespeito aos princípios do bem comum. O direito de ir e vir, de compartilhar o espaço público, seja como pedestre ou motorista, exige regras de convivência que, desrespeitadas como são, geram, em proporções sociais, dificuldades de locomoção e de acesso, desordem, perigo, e, finalmente, queda na qualidade de vida.

Depois de presidir audiência pública na Assembléia Legislativa com presença das maiores autoridades ligadas ao assunto em Goiás, pude constatar que, primeiro, o poder público está atado para empreender ações eficazes para diminuir os índices de acidentes; segundo, que a solução passa invariavelmente por um único caminho: programa contínuo de educação, pelo meio institucional ou imposto no bolso do condutor. Em audiência hoje com a secretária estadual da Educação, Milca Severino, discutirei a possibilidade de se adotar uma disciplina para o trânsito nas escolas do ensino Fundamental, quem sabe ensino Médio. O Código de Trânsito é complexo e o desrespeito às leis causa mortes, ou seja, mais que justificável que tal matéria seja obrigatória.

No que se refere ao bolso, cito fala do diretor do Departamento de Trânsito (Detran) do Distrito Federal, Délio Cardoso, sobre a experiência de Brasília, em programa educativo produzido pelo Ministério das Cidades e pelo Departamento Nacional do Trânsito (Denatran): “Num primeiro momento, foi necessária a presença do órgão executivo nas ruas. Autuamos muitos motoristas, que acabaram aprendendo pelo bolso. Quanto mais você investe em educação, mais resultados positivos você tem. Hoje vivemos uma realidade melhor, em que cada cidadão é fiscal do outro”.

Há muita razão nisso. Brasília é um excelente exemplo de cidadania, constatado por qualquer goiano que visite a capital federal: se você fura a faixa de pedestres ou o semáforo, acaba criticado e condenado pelos motoristas ao lado, sem falar na manifestação dos pedestres. Resultado: o índice de mortos em faixas é de quase zero. Claro que há acidentes graves em Brasília, causados por imprudência ou motivos externos ao volante –– o problema envolve desde condições psíquicas do motorista até condições de tempo e de tráfego das vias ––, mas o mínimo que o poder público poderia fazer parece estar sendo feito, e resultados positivos são observados.

É claro também que o problema do trânsito não está apenas nas mãos do poder público. Medidas simples e cotidianas já ajudariam a mudar o quadro. Sempre que você pára na faixa de pedestre, influencia outro motorista. O mesmo quando respeita o semáforo, quando evita costurar sobre uma moto, quando respeita o limite de velocidade. Que a semana do trânsito que se aproxima sirva pelo menos para refletirmos estes problemas e cobrarmos empenho do poder público e de nós mesmos.

Wagner Guimarães é deputado estadual, 2º vice-presidente da Assembléia Legislativa e 2º vice-presidente o PMDB

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