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Para padre José Hailo, vocação é uma dádiva

03 de Dezembro de 2007 às 15:42
Ao receber o título de Cidadão Goiano da Assembléia Legislativa, Padre José Hailo emunerou diversas características do povo goiano, que para ele, é um povo que acredita em seu poder, que manter a tradição cultural e abriga aqueles que escolhem esta terra para viver. (03/12/2007)

.Prezadas deputadas,

Prezados deputados,

 Meus pais, avós e tios, em busca de trabalho, resolveram mudar para Goiânia.Eu estava com apenas 1 ano e 8 meses de idade.
Aqui cresci me sentindo como um verdadeiro filho da terra. Estudei, fiz  bons amigos.

No Sindicato dos Empregados do Comércio do Estado de Goiás trabalhei 14 anos, até que ouvi o chamado pessoal de Deus : "Vem e Segue-me". O dom da vocação é graça. Senti brotar em mim a vocação sacerdotal para cumprir uma santa missão: viver a serviço da igreja, tendo por objetivo fazer o que o próprio Cristo fazia.
Minha ordenação sacerdotal se deu no dia 12 de dezembro de 1986, em meio a muita alegria de meus familiares e amigos. Revestido de uma fé inquebrantável, comecei minha jornada de trabalho como Padre.

Nesses 21 anos de ordenação, prestei serviço em várias paróquias do Estado. Participando comigo da alegria deste dia, conto com a presença de muitos paroquianos. Atualmente, sou pároco da Paróquia São Cristóvão (Setor Rodoviário). Atendo também a Paróquia São Francisco de Assis (Setor São Francisco), a Igreja Sagrado Coração de Jesus (Bairro Nossa Senhora de Fátima) e a igreja Nossa Senhora Aparecida (Vila Aurora). Em todas essas comunidades conto com um número grande de amigos e colaboradores.
Prezado Deputado Luís César Bueno, alegra-me poder contar com seu reconhecimento de que o Padre, sem nenhuma remuneração, precisa fazer brotar recursos para que a Igreja, casa de Deus, possa abrigar todos os fiéis, Assim está escrito no livro de Efésios 4/25 "somos membros uns dos outros". 

Juntos, como templo do Espírito Santo que somos, vamos com a chave do amor, abrir corações empedernidos e colocar dentro deles a fé e o temor a Deus. Deputado Luís César, honrado, comovido recebo esta significativa homenagem, certo de que nela tem o dedo de sua mãe - Dona Terezinha. Sem medir esforços, ela está sempre presente em todo o nosso trabalho paroquial, razão por que a ela dirijo os meus primeiros agradecimentos. Nela, vejo a imagem da santa que me trouxe ao mundo: minha saudosa Mãe. Terezinha era também seu nome. com ela aprendi a conversar com Deus e n'Ele confiar, Sem medo do amanhã.


Senhoras e Senhores, um simples sacerdote sou. Por lar tenho o lar de
todos os meus paroquianos. Lá encontro virtudes que parecem ausentes do convívio humano. Pelos ensinamentos divinos, vamos nos transformando em fermento do bem ante os desafios que deparamos com eles em nossa caminhada. A humanidade está carente de esperança. É grande a conturbação mental das crianças, dos jovens e até mesmo dos adultos. Em nome da globalização, uma salada de idéias conturba o discernimento. A degradação moral desfazendo lares. A violência e o desemprego desafiando os poderes constituídos. Muitos homens do poder fazendo de suas vidas um palanque de luta pelos seus próprios interesses.

As drogas anestesiando a consciência sócio-econômica de nossa Nação. A falta de escrúpulos fazendo da mentira a verdade. A desonestidade assumindo postos elevados, ofuscando o brilho da sensatez. Sob a égide da Paz, quanta desunião nos convívios, nos relacionamentos,na família.

É preciso que empunhemos com a coragem de um João Paulo II; de um Luther King que foi um Mártir da igualdade racial; de um Maratima Ghanddi que libertou a India de um jugo cruel de mais de 2 séculos de um Sun Tzu? que  com a poderosa arma da luta pela liberdade, venceu a tirania dos,maus políticos.  O
imortal Papa João Paulo lI, estabelecendo uma intensa comunicação celestial entre os homens, em seus sábios ensinamentos, colocou "a família como Patrimônio da Humanidade porque é por meio dela que conforme os desígnios de Deus se deve, prolongar a presença do homem sobre a terra, disse ele.

"Esse Papa será sempre lembrado pelo vigor com que comandou a Igreja Católica.

Deputado Luis Cesar, nesta solenidade, em meio aos meus calorosos sentimentos de gratidão, conclamo, na pessoa de V. Exa. todos os homens de boa vontade a cerrarmos fileira em prol de um mundo mais fraterno. Lutemos, portanto, com coragem e confiança em Deus, certos de que juntos colheremos os frutos da semente que Jesus com o seu próprio e precioso sangue, sangue da nova aliança, plantou na terra, por todos nós.

Meus queridos familiares, muito comovido, agradeço a presença de todos vocês. Sensibilizado, agradeço todos os meus ex-paroquianos de todas as localidades por onde eu trabalhei. Aos meus grandes colaboradores da paróquia São Cristóvão, São Francisco de Assis, das Igrejas Sagrado Coração de Jesus e Nossa Senhora Aparecida, um agradecimento muito especial.

Diuturnamente, conto com o trabalho de todos eles em tudo que a Igreja promove. Meus agradecimentos a todos os amigos que aqui se encontram por mais essa prova de grande estima. Honra-me muitíssimo a presença de todas as autoridades. Certamente, num gesto de solidariedade cristã se fazem presentes com a disposição de colaborar com a missão da Igreja, ante os grandes e graves problemas que assolam nossa comunidade.

Este evento é também uma celebração do compromisso que hoje faço de trabalhar mais ainda por este Estado, na formação de fortes pilares da Paz, num congraçamento: Igreja, Poderes Constituídos e a Sociedade com um todo, fortalecendo este compromisso.

Sensibilizado agradeça ao presidente da Assembléia Legislativa do  Estado de Goiás, Deputado Jardel Sebba e as demais deputados que aprovaram a propositura do nobre Deputado Luís César Bueno, que me concedeu a título. de Cidadão. Goiano.

Deputado Luis Cesar, nem sempre em palavras conseguimos expressar nossos sentimentos de gratidão.. Esteja certa, meu amiga, que na mais profunda de meu ser ficará para sempre gravada esta homenagem.
Agradeça a presença de todos que comigo compartilharam da beleza deste evento.

Estou muito feliz e gratificado por ter recebido este honroso título.
Queridos irmãos goianos, agora posso dizer em alta e bom som: Sou goiano e:
Ser goiano é carregar uma tristeza telúrica num coração aberto de sorrisos; é ser dócil e falante, impetuoso e tímido. É dar uma galinha para não entrar na briga e um nelore para não sair dela. É amar o passado, a história, as tradições, sem desprezar o moderno. É ter latifúndio, e viver simplório, comer pequi, guariroba, galinhada e feijoada, e não. estar nem aí para os pratos de fora. Ser goiano é saber perder um pedaço de terra para Minas, mas não perder o direito de dizer também uai, este negócio, este trem, quando as palavras se atropelam no caminho da imaginação.

O goiano da gema vive na cidade com um carro-de-boi, cantando na memória. Ser goiano é ir a Trindade todos os anos, cumprindo promessas, na Festa do Divino e na Festa de Nossa Senhora do  Muquém. Acredita na panela cheia, mesmo quando a refeição é abobrinha e quiabo. Lê poemas de Cora Coralina e sente-se na eterna juventude.
Ser goiano é saber cantar música caipira e conversar com Beethoven, Chopin, Tchaikovsky e Carlos Gomes. É acreditar no sertão como um ser tão  próximo, tão dentro da alma. É carregar um eterno monjolo no coração e ouvir um berrante tacando longe,  bem perto do  sentimento.

Ser goiano é possuir um roçado e sentir-se um plantador de soja, tal o amor à terra que lhe acaricia os pés. É dar um tapinha nas costas do amigo, mesmo quando esse amigo já lhe passou uma rasteira.

O goiano de pé-rachado não despreza uma pamonha, e teima em dizer ei, trem bão; ao ver a felicidade passar na janela, exclama viche, quando se assusta com a presença dela.

Ser goiano é botar nos pés uma botina rangedeira e dirigir tratores pelas ruas da cidade. É beber caipirinha com tira-gosto a tarde, com a cerveja na eterna saideira. É fabricar rapadura, ter um passo-preto nos olhos e um santo por devoção.

O goiano histórico sabe que o Araguaia não passa de um corgo, tal familiaridade com os rios. Vive em palacetes e se exila nos botecos da esquina. Chupa jabuticaba, come bolo de arroz e toma licor de jenipapo. É machista, mas deixa que a mulher tome conta da casa.

O bom goiano aceita a divisão do Estado, por entender que a alma goiana permanece eterna na saga do Tocantins.

Ser goiano é saber fundar cidades. É pisar no Universo sem tirar os pés deste chão parado. É cultivar a goianidade como herança maior. É ser justo, honesto, religioso e amante da liberdade.

Brasília em terras goianas é gesto de doação, é patriotismo. Simboliza poder. Mas o goiano não sai por aí contando vantagem.

Ser goiano é olhar para a lua e sonhar, pensar que é queijo e continuar sonhando, pois entre o queijo e o beijo, a solução goiana é uma rima.

Encerrando, desejo que o Espírito Santo abençôe Vossa Excelência, prezado Deputado Luis Cesar e os demais Deputados desta Casa de Leis e abençôe todos que aqui se encontram. 

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