Noções de cidadania são destacadas por Pe. Luiz Alberto
Prezados deputados,
Prezadas deputadas,
Ao Arildo Rafael, que não mediu esforços para organizar, as comunidades, grupos de pastorais, movimentos da Paróquia Jesus de Nazaré;A Paróquia Jesus de Nazaré e as comunidades onde estou há 13 anos; As comunidades: Itatiaia, Aparecida de Goiânia, Vila Canaã e São Judas Tadeu;
Aos amigos que vieram de perto e de longe;
A todos que se fazem presentes nesta cerimônia.
Inicio aqui minhas palavras caracterizando o que é cidadania ou cidadão? Segundo o Dicionário Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, “a cidadania é a qualidade ou estado do cidadão”, entende-se por cidadão “o indivíduo no gozo dos direitos civis e político de um Estado, ou no desempenho de seus deveres para com este”.
A palavra é derivada de Cidade-Estado, ou habitante de uma cidade, como um conjunto de deveres e direitos civis, políticos e sociais.
Cidadania (palavra originária do latim – “civitas” – quer dizer cidade). É uma palavra usada para indicar a situação política de uma pessoa e os direitos que essa pessoa tinha e ou podia exercer. Segundo Dallari (1998), a cidadania expressa um conjunto de direitos e deveres que dá à pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo.
No Brasil, ainda encontramos muitas barreiras culturais e históricas para a vivência da cidadania. Somos de uma nação nascida entre a cruz e a espada, acostumados a apanharem calados, a dizer sim senhor? De dá um jeitinho brasileiro, “Deus é brasileiro” muita acomodação e não levar a sério à coisa pública. No entanto, diz Dallari (1998), a cidadania não nos é dada, ela é construída e conquistada a partir da nossa capacidade de organização, participação e intervenção social.
Para Dallari (1998), a cidadania é construir novas relações e consciências. A cidadania é algo que se aprende na convivência da vida social e vida publica. Ela é uma tarefa que não tem fim. Dallari (1998) continua no seu argumento dizendo que a cidadania são várias correntes que se preocupam de alguma maneira com os rumos da sociedade. É estar presente na luta pelos direitos humanos, por liberdade, por dignidade e garantias individuais e coletivas, contra a injustiça e opressão do Estado, instituições ou pessoas. A cidadania é parâmetro balizador da história do homem enquanto ser social e questão central das lutas pela humanidade e o planeta.
Na Bíblia, sobretudo nos profetas e no novo testamento, se refere sobre a cidadania, fazer sempre o bem. Dallari (1998), faz esta leitura da bíblia, quando diz “cessai de fazer o mal, aprendei a fazer o bem. Respeitai o direito, protegei o oprimido. Fazei justiça ao órfão, defendei a viúva”.
Na Grécia, em especial em Platão e Aristóteles eram considerados cidadãos todos aqueles que estivessem em condições de optar sobre os rumos da sociedade.
Na Roma Antiga, a cidadania era a capacidade para exercer direitos políticos e civis e a distinção entre os que possuíam essa qualidade e os que não possuíam. Era atribuída, portanto, somente aos homens livres, mas nem todos homens eram considerados cidadãos.
Quintão (2001), diz que o homem medieval, ou era vassalo, ou servo, jamais foi cidadão. Este conceito de cidadania foi relacionado com a formação dos Estados modernos, a partir dos meados do século XVII. Segundo, ele, o conceito de cidadania, surge no final da Idade Moderna, quando se observou um sério questionamento das distorções e privilégios que nobreza e o clero insistiam em manter sobre povo. É daí que começaram a despontar figuras que marcaram a história da cidadania.
A cidadania constrói-se e conquista-se. É objetivo daqueles que anseiam por liberdade, direitos, garantia individual e coletiva. Ser cidadão é ter consciência de que é sujeito de direitos, Direitos à vida, à liberdade, à prosperidade, à igualdade de direitos, direitos civis políticos e sociais.
No Brasil, a história da cidadania é praticamente inseparável da história das lutas pelos direitos fundamentais da pessoa. Lutas marcadas por massacres, violência, exclusão e outras variáveis que caracterizam o Brasil desde os tempos da colonização.
Portanto, a luta pela cidadania estava presente desde os tempos proféticos e em toda historia da Bíblia; nos filósofos Aristóteles e Platão; na Roma de Cícero; nas revoluções burguesas dos séculos XIX e XX no Brasil, até nossos dias. É uma auto-afirmação que deve continuar no dia a dia através de incansáveis batalhas de lutas contra todo tipo de iniqüidades, injustiças, opressão e todo tipo de perversões que tentam obstruir as ações humanas em prol da sociedade mais igualitária e feliz (Dallari, 1998).
Eu não tenho história, mas estou construindo-a! De família humilde, lavradora e remanescente do mundo rural, Estado do Maranhão, sou o sexto entre dez filhos, mudamos para o norte de Goiás, hoje Estado do Tocantins, nos meados de 1971, onde parte de minha família ainda reside. A minha vida em Goiás, especialmente em Goiânia, iniciou-se no inicio do ano de 1979, no intuito de estudar e trabalhar.
Minha formação na graduação em filosofia e teologia, depois o mestrado em Ciências da Religião. Foi uma grande experiência, uma tarefa do conhecimento crítico do mundo, do homem e da sociedade. Foi a partir desta formação e do ser padre é que comecei a entender a importância do pensar e trabalhar em prol dos mais necessitados.
Fui ordenado sacerdote, no dia 07 de dezembro de 1990, na Paróquia Sagrada Família, em Goiânia, onde fiz minha primeira experiência de padre, depois trabalhei na Paróquia Nossa Senhora Assunção, no Conjunto Itatiaia e Nossa Senhora Aparecida em Aparecida de Goiânia.
Sou mestre em Ciências da Religião, tendo como tese as idosas do setor Urias Magalhães, com o tema: Terceira Idade e Praticas Religiosas como Expressão de Solidariedade. O Mestrado em Ciências da Religião me ajudou a construir grandes paradigmas epistemológicos e práticos críticos e questionadores dos processos sociais, culturais e religiosos, que ainda alienam, oprimem ou camuflam a vida dos indivíduos.
Em 2004, recebi a homenagem da Prefeitura de Goiânia, entre os 70 homens que não mediram esforços para a construção e a formação Ética/Humana de Goiânia, sobretudo o valor e o trabalho dedicado às raças.
Meu próximo passo: o Doutorado em Educação. Fui aprovado para o ano letivo de 2008, no processo seletivo de Doutorado em Educação pela Universidade Católica de Goiás. Este é mais um dos caminhos de referencia para a formação e pesquisa. Sou peregrino do saber e sempre tive vontade de aprofundar meus conhecimentos ao entrar no mundo da pesquisa e na área acadêmica. Minhas raízes foram sempre de costumes rural, por isso o meu interesse de desenvolver um projeto de pesquisa em um grupo rural, as Práticas Educativas dos Carreiros Romeiros de Mossamedes.
Desde o ano de 1995 estou na Paróquia Jesus de Nazaré, Urias Magalhães, onde faço uma bela e simples experiência com a comunidade, construindo-a e organizando-a juntamente com todos os grupos, pastorais, movimentos e serviços de evangelização e social. São muitos os trabalhos realizados nesses 13 anos à frente da Paróquia. Citamos alguns: - Apoio aos idosos (grupos da terceira idade), - visita aos doentes, deficientes, idosos e famílias, - apoio ao Cerea (Centro de recuperação de alcoólatras), - incentivo do cuidado com o meio ambiente (campanha do lixo reciclável), - incentivo à educação e dignidade das crianças pobres (Associação Projeto Criança Jesus de Nazaré, atende 70 crianças e Creche Santa Luzia, atende 70 crianças), - apoio ao trabalho dos vicentinos (quatro conferências), no atendimento às famílias carentes da comunidade, – apoio nas iniciativas dos jovens, - acolhimento às pessoas que vêm do interior para trabalhar e estudar (casa no Setor São Judas Tadeu em Goiânia), – Encaminhamento das pessoas para o emprego em algumas empresas do Setor Urias Magalhães, – apoio e orientação aos grupos de pastoral da comunidade, formação de lideranças comunitárias, – apoio aos cursos profissionalizantes, incentivos à profissão e ao emprego, – apoio às campanhas feitas em prol da solidariedade humana, - Cuidado pastoral e orientação ao povo.
Eu me identifico com três dimensões de percepções da evolução do Ser. Assim digo: Me identifico com o Ser Humano porque tenho a dimensão do convívio social e nas relações sociais; me identifico com o Ser Pessoa, porque tenho a dimensão de me relacionar com o mundo. Tomar consciência de mim, do outro e do mundo; me identifico com o Ser Cidadão, porque tenho a dimensão para intervir na realidade em que vivo e pela colaboração da comunidade, minha família e meus amigos.
Receber a homenagem de cidadão Goiano, para mim, uma honra, diante de tudo isso caracterizado. Minhas qualidades de ser um homem religioso aberto ao mundo social, que se preocupa com a dignidade humana das pessoas pobres deste estado.
Agradeço ao Deputado Luis Cesar Bueno, o autor deste honroso projeto e pelo seu empenho incontestável, de lutar sempre a favor dos cidadãos e cidadãs deste estado. Luís César Bueno, professor, historiador e Gestor em políticas públicas, com dois mandatos de vereador por Goiânia e dois mandatos de deputado estadual por Goiás.
Ao Excelentíssimo Reverendíssimo Dom Washington Cruz, Arcebispo metropolitano de Goiânia, pelo pastoreio frente à Arquidiocese de Goiânia, Deus lhe conserve a saúde, a paciência e o grande amor a sua missão de pastor. Aos colegas padres, às irmãs, dentre elas a Irmã Maria Heidmann, mulher de coragem e de luta, e ao nosso estimado Excelentíssimo Reverendíssimo Dom Antonio Ribeiro de Oliveira, arcebispo Emérito de Goiânia, que muito trabalhou com espírito missionário em nossa Arquidiocese;
A minha família, que sempre esteve comigo em todos os momentos bons difíceis;
E, para concluir, digo a todos e a todas que a minha responsabilidade cresce ainda mais, de continuar construindo a história, na defesa do Estado e da sociedade, defendendo os mais necessitados e todos aqueles que se sentirem discriminados e explorados, e contra as barreiras de injustiças que ainda ultrapassam a dignidade humana, em meu Estado de Goiás.
Muito obrigado...!