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História da imprensa se confunde com história do País, diz deputado

27 de Maio de 2008 às 10:03
Discurso proferido pelo deputado Júlio da Retífica (PSDB) durante sessão especial em que a imprensa goiana foi homenageada. (26.05.2008)

Senhoras e Senhores,

Inicio minha fala, saudando a todos os profissionais de Goiás, do Brasil e do mundo que, mercê de seu trabalho, executado com dedicação, coragem, competência e empenho, fazem da liberdade de imprensa um valor permanente e fundamental.

Nesta data cujo simbolismo atravessa fronteiras, aqui comparecem 22 jornalistas que escolhidos pela excelência do trabalho que desenvolvem e destacada representatividade no seio dessa magnífica e imprescindível categoria, para receberem a maior honraria concedida por este Legislativo, a Medalha do Mérito Legislativo Pedro Ludovico Teixeira e que eu faço questão de, expressamente, relacionar os seus nomes desta tribuna, num gesto de confirmação do imorredouro apreço e destacada consideração que os homenageados merecem de toda a sociedade goiana:

Por ordem alfabética, são eles:


Abadia Divina Lima, da Televisão Brasil Central;
Alessandra Câmara de Melo, de A Palavra Assessoria de Comunicação;
Almir José da Costa, da TV Serra Dourada;
Altair Tavares, da Rádio 730 AM;
André Marques, do Jornal Argumento;
Cassim Zaidem, da Televisão Brasil Central;
Elizeth Viana Castro de Araújo, da Tribuna do Planalto;
Euller de França Belém, do Jornal Opção;
Ivan Mendonça de Lima, da Assembléia Legislativa e do Jornal Diário da Manhã;
Jairo Rodrigues da Silveira, da Assessoria de Imprensa do Palácio das Esmeraldas;
Jarbas Rodrigues do Nascimento Júnior, de O Popular;
João Carlos Arruda Unes, de O Popular;
Jordevá Rosa Silva, da Televisão Serra Dourada;
José Afonso Viana, da UEG;
Júnio Andrade de Carvalho, da Associação das Empresas de Jornais e Revistas do Estado de Goiás;
Goiamérico Felício Carneiro dos Santos, diretor da Faculdade de Comunicação e
Biblioteconomia da Universidade Federal de Goiás;
Maria Aparecida de Almeida, da Universidade Estadual de Goiás,
Reynaldo Rocha, do programa Roda de Entrevista;
Rui Damásio da Silva, do jornal Diário do Norte;
Sueli Arantes, do jornal Hoje;
Tacilda Aquino de Araújo, da Universidade Estadual de Goiás e
Vassil José de Oliveira, da Tribuna do Planalto.
 Ivan

Por igual e distinguida atuação em suas respectivas áreas de trabalho, que os fazem credores do mais alto reconhecimento e respeitabilidade perante a cidade de Porangatu e a Região Norte do Estado de Goiás, também desejo declinar, aqui e agora, os nomes das personalidades homenageadas nesta Sessão, que, na ordem alfabética, são os seguintes:
Antonio Rodrigues de Macedo, Médico, indicado pela Loja Maçônica Caridade e Justiça de Porangatu;

Bernardino da Rocha Santiago, Agrimensor e ex-vice prefeito de Porangatu, indicado pela Loja Maçônica Moral e Cultura nº37 de Porangatu;

Eliomar Gonçalves Pereira, Contabilista, indicado pelo Lions Clube de Porangatu;

Helio Silva Santos, Odontólogo, indicado pelo Rotary Clube de Porangatu;
João Gonçalves dos Reis, ex-prefeito de Porangatu e representante dos mais nobres ideais de justiça social de nossa cidade;
José Rodrigues Nogueira Neto, Contabilista, indicado pela Associação Comercial,
Industrial e Agropecuária de Porangatu;
Nandes Ribeiro dos Santos, Agropecuarista, indicado pelo Sindicato Rural de Porangatu pelo seu trabalho a frente da presidência;
Paulo Silva de Jesus, Advogado, suplente de senador e hoje filho de Porangatu e da região norte pela qual luta incansavelmente;
Trajano Machado Gontijo Filho, ex-prefeito de Porangatu, médico pioneiro de nossa cidade e do qual muito nos orgulhamos;
Frei Vilmar Rodrigues Batista, amigo, conselheiro e filho de Porangatu, que hoje leva sua palavra de esperança a todo o estado.

Lembro que estas pessoas foram escolhidas e indicadas pois, sempre de maneira brilhante, representam toda a região Norte de Goiás e de maneira honrosa a nossa querida cidade de Porangatu.

Como anunciado, além do bicentenário da imprensa nacional, estamos comemorando, também, nesta Sessão, o dia da Imprensa e do Jornalista, bem como o centenário da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e os 40 anos do Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Goiás.

Aliás e, por oportuno, convido a todos os presentes para visitarem, logo após o encerramento desta solenidade, no saguão desta Casa, a exposição realizada pelos alunos da UFG, e que agradecemos imensamente, que muito bem retrata todo um período de lutas e conquistas do jornalismo goiano e do Brasil.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, caros homenageados.


Embora o tempo de que disponho, seja escasso para demonstrar, desta tribuna, com a merecida justiça, o magistral e tão significativo trabalho dedicado ao Brasil e a sua gente, nesses dois últimos séculos, por todos aqueles inúmeros profissionais que instalaram, fizeram e fazem da imprensa nacional, uma das mais destacadas do Planeta, não poderia deixar de registrar nos anais desta Casa, algumas breves palavras que possam, de alguma maneira, externar essa maravilhosa odisséia levada a efeito pelo incansável trabalho de tantos jornalistas que, a exemplo dos nossos homenageados da noite, doaram suas vidas em proveito de todos os brasileiros.

Oportunidade que se abre, portanto, para mergulhar na história de nossa imprensa. Afinal, como disse Machado de Assis, é necessário “aprender a parte do presente que há no passado.”

Em 13 de maio de 2008, a Imprensa Nacional (criada com o nome de Impressão Régia) completou o seu bicentenário. Foi no contexto da criação do Órgão, há 200 anos, que nasceu também a imprensa brasileira.

E, em duas outras datas de 1808, nascia o jornalismo brasileiro, com o Correio Braziliense a 1º de junho, que era impresso em Londres, e a Gazeta do Rio de Janeiro – primeiro jornal impresso no Brasil, em 10 de setembro.

A partir daquele ano, intensificava-se a circulação de idéias e informações no país, gerando uma aurora civilizatória por meio de jornais e de uma intensa produção de livros.
Enquanto o jornal oficial relatava "o estado de saúde de todos os príncipes da Europa, natalícios, odes e feitos da família reinante", o do exilado fazia política. Embora não pregasse a independência do Brasil, e tivesse um posicionamento político por vezes conservador, o Correio Brasiliense – então com o nome de Armazém Literário e cujo primeiro exemplar está em exposição - foi criado para atacar "os defeitos da administração do Brasil", nas palavras de seu próprio criador, e admitia ter caráter "doutrinário muito mais do que informativo".

A proibição à imprensa e a
censura prévia encontravam justificativa no fato de que a regra geral de então não era o que se conhece hoje como noticiário, e sim como doutrinário, capaz de "pesar na opinião pública", como pretendia o Correio Brasiliense, e difundir suas idéias entre os formadores de opinião.


A censura à imprensa acabou em 1827, ainda no Primeiro Reinado. A própria personalidade de D. Pedro II, avessa a perseguições, garantia um clima de ampla liberdade de expressão — em nível não conhecido por nenhuma república latino-americana. A liberdade de imprensa já era garantida mesmo pela Constituição outorgada de 1824.


Assim, denota-se que a imprensa no Brasil foi, naqueles idos, um reflexo fiel do estado social nascido do governo paterno e anárquico de D. Pedro II, com alguns grandes jornais muito prósperos, providos de uma organização material poderosa e aperfeiçoada, vivendo principalmente de publicidade, não muito preocupados em influenciar na orientação da opinião pública.


Para ilustrar, releva mencionar que entre os jornais da época imperial, em sua maioria cariocas, estavam, em primeiro grau de importância, a Gazeta de Noticias e O Paiz, os maiores de então e os que sobreviveram mais tempo, até a Era Vargas.
Os demais foram o Diario de Noticias, o Correio do Povo, a Cidade do Rio, o Diario do Commercio, a Tribuna Liberal, alguns jornais anteriores a 1889, mas de fortíssima campanha republicana, como A República, e as revistas de caricatura e sátira: a Revista Illustrada, O Mequetrefe, O Mosquito e O Bezouro. Outros ainda eram o Jornal do Commercio e a Gazeta da Tarde.

Sobreviveram ao período imperial, o Estado de São Paulo fundado em 1875 e o Jornal do Brasil.


Nascidos já no período republicano, dentre outros destacam-se o Correio da Manhã, a Folha de São Paulo, o Globo e Diário da Notícias.


Dentre as revistas, vale ressaltar A Revista Illustrada. Sucederam a esta, revistas como: Revista da Semana; Fon-Fon; O Cruzeiro; Manchete; Senhor/Isto É, Veja e diversas outras publicações que fazem parte de nosso cotidiano.


Pela simples referência a esse universo de períodicos, emerge o grau de importância das lutas travadas ao longo desse tempo pela imprensa brasileira em todos os setores da vida nacional, notadamente, no setor político, com destacada e impagável contribuição ao desenvolvimento do País e de suas instituíções.


Desde os seus primeiros passos, a imprensa nacional contou com nomes que se constituiram, nas redações dos referidos jornais e revistas, nos grandes baluartes das maiores e mais nobres causas nacionais, dentre estes, so para citar alguns: durante o 1º reinado: Joaquim Gonçalves Ledo, Cipriano Barata e Soares Lisboa.

No 2º reinado: José de Alencar, Quintino Bocaiuva, Machado de Assis. Com as ideias republicanas, Rodrigues Alves, Joaquim Nabuco e de lá para cá, um sem número de notáveis, da estirpe de um Candido Abramo, Barbosa Lima Sobrinho, Assis Chateaubriand, Elio Gaspari, Vladimir Herzog, e do goiano Alfredo Nasser, entre tantos outros.

Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados!

Feitas essas considerações de cunho histórico e já partindo para o final de meu discurso, nesta noite, observo, e isso é induvidoso, que os meios de comunicação fizeram do mundo uma aldeia global e os jornalistas, todos eles, inclusive os nossos homenageados têm um papel fundamental nesse processo.


Parafraseando a atriz Rosa Maria Murtinho eu diria que eles — “São os grandes heróis das nossas vidas. Temos como exemplo os escândalos que estão pipocando no Brasil neste momento. Somente vieram à tona por causa do trabalho da imprensa, no seu destacado papel de alertar a opinião pública”.


Ao largo da história, então, quantos são os momentos decisivos da vida nacional, cujas soluções, só foram iniciadas e ou concretizadas, tendo como base a sólida e inarredável atuação da imprensa brasileira em todas as suas dimensões e modalidades.


Não se pode perder de vista, que o jornal e, de um modo geral, as publicações da chamada grande imprensa, podem ser entendidos como veículos de comunicação no sentido mais abrangente, em que a função informativa não é senão um aspecto da constituição do próprio grupo de leitores, a quem simultaneamente informa e dá forma, conferindo-lhe contornos e características próprias.


Assim, ao transformar o cotidiano em notícia, eles o transformam também numa espécie de espelho através de cujas imagens o grupo se conhece e se reconhece.


Os órgãos da imprensa desempenham, cada um deles, o papel de interlocutores nas relações entre o Estado, ou conjunto de instituições representativas da nação, e as diversas esferas da sociedade, que encontram expressão, inclusive, nos demais meios de comunicação.


A verdade é que não importa se é através da grande imprensa ou da imprensa alternativa que somos informados das ocorrências do mundo, sejam pequenos ou grandes fatos, o que importa é que somos informados, e bem informados, e hoje, com o concurso das tecnologias mais avançadas, essas informações nos alcançam em tempo real.


Todos nós bebemos, diariamente, nas páginas que escrevem e publicam, além do acervo informativo e do conhecimento, a orientação que nos faz melhor compreender e construir a nossa realidade, fixando parâmetros seguros paras as gerações seguintes, no registro diário, minuto a minuto, dos fatos e situações que realmente interessam à sociedade como um todo.


Assim, desejo, então, mais uma vez, cumprimentar a todos os homenageados, pela singularidade e responsabilidade que vêm desenvolvendo suas missões ao longo do tempo, deixando-lhes o nosso incentivo, e na nossa palavra amiga de leitor preocupado com os destinos desse país, a nossa confiança, pois a imprensa é, para nós os olhos da sociedade – ou, como disse o poeta inglês John Milton: “A imprensa é a luz da liberdade.”


Muito Obrigado.
 

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