Raquel Teixeira explica importância da homenagem
Mas por que divulgar, apoiar e promover a doutrina espírita?Não seria religião escolha individual, assunto da intimidade de cada um? Criar comendas, homenagens, datas não pode ser simplesmente algo dispersivo, que nos afasta da essência da espiritualidade, dando margem à vaidade que tanto devemos evitar? Entendemos que não. Nosso querido Divaldo costuma dizer que ”crer em Deus é fenômeno genético; ter religião é fenômeno sociológico”. Muitos podem não precisar de uma religião para se tornarem bons, objetivo último de nossa passagem pela Terra. A humanidade se caracteriza por enorme diversidade evolucional. Se nas nossas características exteriores somos diferentes, tanto no aspecto físico como na forma de vestir, de sorrir, de falar, de olhar ... por que haveríamos de ser uniformes na nossa trajetória evolutiva? Dadas essas diferenças, é natural que alguns saberão por si só desenvolver o Deus interno adormecido dentro de cada um. Mas outros precisarão de caminhos e a doutrina espírita é um deles. Torná-la acessível é tarefa que devemos aceitar não só nas obras que nossa fé nos inspira, como na difusão das idéias codificadas por Kardec. Em um mundo cada dia mais conturbado, o Evangelho à luz da obra de Kardec é manancial permanente de inspiração para nosso principal objetivo nesta vida que é progredir espiritualmente. Progredir espiritualmente significa buscar a angelitude. Há dois milhões de anos começou o processo de aglutinação celular, primeiro passo na escala evolutiva. Primeiro foi o mineral; depois foi o vegetal; em seguida o
animal; e finalmente o ser humano. O mineral repousa, o vegetal sente, o animal move-se e o ser humano pensa. Mas buscamos a angelitude. E para isso é preciso renovar nossas atitudes sob a inspiração de Jesus Cristo, para redescobrir nossas verdadeiras potencialidades, herdadas da Paternidade Divina. O Espiritismo faz renascer nas almas a compreensão da verdadeira natureza do homem e a percepção de que seu destino é fruto de suas escolhas. A Doutrina Espírita é um método extraordinário de educação. No nível individual e no social. Se no nível individual, ele nos ensina o auto-conhecimento e o auto-aperfeiçoamento, no nível social, a posição de Kardec é clara no livro que neste 2008 completa 140 anos de sabedoria pura, afirma em A Gênese que a destinação final do espiritismo é influir na sociedade para modificá-la. Quando a Academia Espírita de Letras cria a Comenda Allan Kardec não quer outra coisa que não reconhecer publicamente o papel de nossos agraciados na sua trajetória pessoal e na sua contribuição para influir na sociedade. Quando escolheram os nomes de Alcides Rodrigues, Marconi Perillo, Paulo César Martins, Batista Custódio, Lily Marinho e Maria Antonieta Alessandri, os membros da Aceledg tiveram motivações objetivas para as escolhas feitas. A seleção para receber a Comenda Allan Kardec não é fácil. Para recebê-la, o nome do indicado precisa ser apresentado por um mínimo de oito acadêmicos titulares e seu nome ser aprovado por pelo menos dois terços dos acadêmicos também titulares. A apresentação de cada candidato deverá ser feita através de justificativa circunstanciada em que fiquem claros os fatos ou as
ações que determinaram a indicação. Apresentado o candidato, o presidente da ACELEG nomeia um relator que apresenta seu parecer para apreciação e decisão plenária. O Governador Alcides Rodrigues foi escolhido porque, entre outras coisas, foi ele o Governador que sancionou a lei que cria em nosso estado o Dia Estadual do Espírita. Proposta pelo deputado Paulo César Martins, com certeza inspirado em seu pai, senhor Austo Pereira Martins, companheiro atuante em Quirinópolis, em sua Mansão do Caminho, tanto na área social como doutrinária, o Dia Estadual do Espírita reconhece uma parcela significativa da população de Goiás que acredita que “O Espiritismo é a nova ciência que vem revelar aos homens, por provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual, e suas relações com o mundo corporal” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. 1, item 5). Acreditando na imortalidade da alma e nas vidas sucessivas, esse conjunto de cidadãos e cidadãs goianos proclama com orgulho suas crenças, dispostos a não permitir que sua omissão deixe crescer ou permita se instalar qualquer tipo de preconceito. Este conjunto de goianos e goianas agradece ao governador a sansão ao projeto que nos permitiu poder comemorar a cada 18 de abril, a partir de agora, o nosso dia. O Senador Marconi Perillo, o mais jovem governador já eleito no Brasil, que hoje empresta seu talento ao Senado da República, foi o primeiro governador de Goiás verdadeiramente amigo dos espíritas. Seja por influência de sua mãe, de suas irmãs, ou de seu próprio coração, a verdade é que alguns governadores antes do senhor ajudaram o movimento espírita em Goiás, e somos gratos a todos. Mas nenhum foi, como o senhor, tão amigo, tão respeitoso, tão generoso no reconhecimento dos espíritas como um grupo que ajuda o Estado, no combate à pobreza, no atendimento à criança, ao jovem, ao idoso. O senhor foi o primeiro a abrir as portas do Palácio das Esmeraldas às casas espíritas. O primeiro a visitar obras assistenciais espíritas. O primeiro a entender o sentido para nós do “a fé sem obras é morta”. Por sua intermediação, mais de300 casas espíritas receberam auxílio, seja através de convênios de manutenção, de apoio a projetos específicos, ou do repasse de mais de R$ 2 milhões para construções, reformas, e outras obras. O senhor foi o amigo que deu apoio material, mas foi, acima de tudo, o amigo que valorizou o grupo, que reconheceu sua importância no estado, que compreendeu sua luta. Conceder-lhe esta Comenda dignifica a ACELEG. Sei que o senhor gosta muito de uma música, da sua época de menino e jovem, na Igreja de sua Palmeiras, que diz que “fica sempre um pouco de perfume nas mãos que oferecem rosas, nas mãos que sabem ser generosas”. Suas mãos distribuíram muitas rosas, senador, e ainda estão perfumadas, continue espalhando trabalho e amor, esperança e entusiasmo. Não fora a idéia iluminada do Deputado Paulo César Martins, não estaríamos realizando esta festa tão bonita. Graças ao seu Projeto transformado na Lei nº16. 079 (11 de junho de 2007), Goiás tem hoje o Dia Estadual do Espírita, a ser comemorado no dia 18 de abril. Nesta data, em 1857, em Paris, o grande educador, discípulo de Pestalozzi, professor Hyppolyte Leon Denizard Rivail, com o pseudônimo de Allan Kardec, lançou a primeira de suas cinco obras básicas: o “Livro dos Espíritos”. Nascia, com o Livro dos Espíritos, o espiritismo propriamente dito, que inspira hoje, segundo o IBGE, 20 milhões de brasileiros e em torno de trezentos mil goianos, que se organizam, aqui no estado, em mais ou menos 500 casas espíritas, quase 200 delas em Goiânia. Comemorar o Dia Estadual do Espírita no dia 18 de abril significa comemorá-lo na data maior de seu significado. O jornalista Batista Custódio, inteligente e contestador, fundou nos anos 60 um dos mais corajosos jornais de oposição no Brasil, o Cinco de Março, cujo nome se inspirou na data do assassinato de um estudante pela polícia durante uma manifestação de rua. Mas a homenagem da Aceleg é um agradecimento por várias outras coisas também, além do jornalismo: em especial ao espaço cedido à Academia, que a partir de julho passa a ter uma coluna semanal no Diário da Manhã, pela receptividade que as questões espíritas têm em sua empresa, e pelo pai que você é. O pai que fez da dor da saudade um elo amoroso entre os planos físico e espiritual, confirmando, sem ser espírita, a interação possível entre os dois mundos. O pai que não está aqui hoje por amor ao filho Júlio que o representa. Faço questão de ler trechos do DM de hoje quando Batista Custódio justifica sua ausência desta cerimônia. (carta do Batista Custódio). Dona Lily Marinho é a grande dama da cultura brasileira. Lily Marinho é Embaixadora da Boa Vontade da Unesco. Mas ao invés de falar sobre ela, gostaria de ler a carta que ela enviou para esta ocasião. (Carta da Lily Marinho). Eu não estava presente na reunião que escolheu minha mãe, Maria Antonieta Alessandri, para receber a Comenda Allan Kardec. Mas acho que posso imaginar as razões. Talvez ninguém mais que eu tenha testemunhado uma vida de dedicação à Doutrina Espírita e à Irradiação Espírita Cristã como foi a vida desta mulher determinada, dedicada, inteligente, à frente de seu tempo, que optou por dedicar esta existência ao trabalho de amor ao próximo. Junto com um grupo de escol, formado por dona Nostálgia, dr. Colombino Augusto de Bastos, dr. Antônio Alves, senhor Francisco Scartezini, Sílvia Alessandri, José e Silene de Andrade, Arnaldo e Dirce Reis, José Crispim e muitos outros, ela foi colaboradora de uma obra grandiosa traçada na espiritualidade, continuada hoje por muitos outros que, como ela, têm uma missão a cumprir: ampliar e melhorar a cada dia o atendimento físico e espiritual de quem busca a Irradiação. Seja através do Instituto Educacional Emmanuel, da Escola Reunida Tenda do Caminho, do pré-escolar Humberto de Campos, do Bezerra de Menezes, da Escola e lar de Matilde, da Obra do Berço, do Solar Colombino Augusto de Bastos, da Casa da Pequena Costureira, do Grupo de Orientação Familiar, a doutrina de Kardec é a orientação a ser seguida. E a Comenda que traz o nome Allan Kardec foi feita por Tarcísio Freitas, artista plástico espírita de Brasília, autor do selo de comemoração dos 200 anos de Allan Kardec, que graciosamente nos ofereceu seu talento para conceber uma Comenda que é de uma simplicidade única mas de um significado profundo. O Tarcísio captou, com enorme sensibilidade, o aspecto talvez mais destacado da vida de Kardec. “Trabalho, Solidariedade, Tolerância”, palavras que aparecem na Comenda, foi o lema que conduziu a vida do Codificador do Espiritismo. Vida que deixou à humanidade o legado que nos permitiu ampliar nossa visão. A crença reencarnacionista dá ao homem a convicção da sua imortalidade; oferece maior visão a respeito do Universo; permite melhor compreensão a respeito de Deus, ao conhecer mais amplamente a sua Justiça; revela o que somos, de onde viemos, para onde vamos, qual o objetivo da nossa existência e qual a razão da dor e do sofrimento.
Que a Comenda idealizada com amor pela Academia Espírita de Letras de Goiás seja, na vida de nossos agraciados, mais do que apenas o reconhecimento e o agradecimento por suas vidas e suas ações generosas em favor da doutrina espírita. Que ela seja uma lembrança permanente de sua missão na Terra. O homem, que domou o fogo, os fenômenos cósmicos e decodificou o genoma humano, não pode jamais esquecer a revolução de Jesus, que é a do “amai-vos uns aos outros”. A Lei do Universo é a Lei do Amor. E nosso destino é a Luz – nascemos na luz e estamos a caminho da luz. Luz e Amor, hoje e sempre.