Legislativo presta homenagem aos 80 anos de Nion Albernaz
Machado de Assis sabiamente dizia:
Abençoados os que possuem amigos, os que os têm sem pedir.
Porque amigo não se pede, não se compra, nem se vende.
Amigo a gente sente!
Benditos os que sofrem por amigos, os que falam com o olhar.
Porque amigo não se cala, não questiona, nem se rende.
Amigo a gente entende!
Caríssimo professor Nion Albernaz!
A história não abre suas portas a qualquer um. Ela não admite que nela se ingresse na hora errada e nem por acaso. Se os fatos geram os personagens, por outro lado são os personagens que dão direção e dimensão aos fatos. O homem é a grande força que move o mundo, antes e acima mesmo de todo o avanço cultural, científico e tecnológico. Refiro-me aquele homem dotado de vontade, ação e determinação – o que se diferencia da maioria que se esquiva ou se acomoda. Esse homem vai à luta, emerge como guia, exerce sua liderança, projeta-se com brilhantismo na execução das tarefas a que se propõe.
Este é o caso do nosso homenageado neste 12 de abril de 2010, professor Nion, que chega à invejável marca dos 80 anos de vida. Um homem a quem o título de professor incorporou-se a seu nome não como apêndice mas como preâmbulo necessário e obrigatório para quem sempre ensinou e continua ensinando não só as ciência das letras, da economia, da engenharia ou da política, mais e principalmente, lições de vida, de bem viver.
Nas lides públicas contribuiu para nosso Estado e sobretudo para a cidade de Goiânia como vereador, diretor geral da Universidade Federal de Goiás, secretário municipal de Finanças, presidente da Companhia de Habitação de Goiás, deputado federal constituinte e três vezes prefeito desta Capital.
Para nossa cidade deixou legados insuperáveis em diversas áreas, como o urbanismo planejado e associado à preservação do meio ambiente; praças, canteiros e jardins que, a seu tempo, projetaram Goiânia como referência nacional em termos do cultivo de flores não só como expressão de beleza: também como instrumento de educação e promoção da cidadania.
Na gestão de prefeito Nion Albernaz Goiânia conquistou prêmios nacionais nas áreas de limpeza pública e meio ambiente.
A sensibilidade social desse homem público pode ser medida por vários projetos que criou e implementou mas, para não me algongar em demasia, citarei apenas dois deles, por emblemáticos.
O primeiro, nascer cidadão, quando construiu e fez funcionar modernamente a Maternidade Nascer Cidadão, no Jardim Curitiba, justamente para atender à população dos bairros mais periféricos – a partir de então contando ali mesmo, no subúrbio, com um atendimento que nada ficava a dever às maternidades particulares mais sofisticadas. Lembro-me de que, referindo-se à Maternidade Nascer Cidadão o então deputado estadual Sebastião Tejota dizia que lá as crianças não nasciam chorando e sim, nasciam sorrindo ante os procedimentos humanizados que faziam a alegria e o bem-estar das gestantes e de seus bebês, nas fases pré parto, no parto propriamente dito e no pós parto.
O segundo programa, menina dos olhos da primeira dama Geralda Albernaz, Trabalhando com as Mãos, até hoje lembrado como referência na área de inclusão e promoção social para jovens, adultos e idosos das comunidades carentes.
Por essas e tantas outras realizações de porte não é exagero algum dizer que na história da jovem capital goiana a história conta-se antes e depois das administrações do professor Nion Albernaz, primeiro mandato por nomeação e os outros dois pelo referendo popular e consagrador do voto direto, atestado vivo e eloquente do reconhecimento massivo das qualidades desse grande administrador.
Em termos políticos o professor Nion Albernaz é um dos nossos ícones da luta democrática, nos idos do histórico e combativo Movimento Democrático Brasileiro e depois no PSDB, onde se destacou como patriarca do chamado tempo novo, arquitetando e ajudando a efetivamente implantar uma nova engenharia política em nosso Estado, com a ruptura de um ciclo histórico quase esvaiu-se no tempo e no espaço, abrindo caminhos para novas práticas, consentâneas com um estado moderno e ávido por desenvolvimento.
Professor Nion, sinônimo de amizade com lealdade e parceira só com confiança, quando parlamentar ou quando prefeito, se já era a referência maior para o aconselhamento dos políticos mais jovens, cresceu em importância na medida em que optou por deixar de concorrer a cargos públicos.
Tornou-se assim uma espécie de oráculo onde buscamos nós, seus discípulos, amigos e administradores, as considerações do equilíbrio, da sensatez, do fim das indecisões, da lucidez e acerto de seus conselhos.
“Não se deve fazer política com rancor”, é um de seus frequentes ensinamentos aos que o procuram em seu exílio voluntário.
Ao nos aproximarmos de nova disputa eleitoral vemos surgir, como é natural em tais ocasiões, os conflitos político-partidários, o jogo dos interesses pessoais, de grupos ou de legendas, e, é claro, muita desavença. Em momentos assim pessoas na estirpe do professor Nion ganham relevância como observadores privilegiados da cena política, para nos propiciar o diagnóstico preciso, o trilho certo a ser percorrido, pautado pela prudência, os bons propósitos e a atuação mais adequada.
Suas palavras soam como harmoniosa batuta a conduzir esperanças e a sugerir mudanças no modo de fazer política em Goiás. O tempo não ergueu muralhas que impedissem esse homem de pensar e enxergar além de seu tempo. É a demonstração de que a idade não limita o homem de bem.
O que limita é a mediocridade, a farsa, a maledicência de muitos que se acercam do poder temporal.
Querido professor Nion: palavras já não bastam para expressar as justas homenagens das quais o senhor é credor.
Nesses dias em que sucessivos episódios deploráveis põem em cheque muitos dos dirigentes públicos desse país, sua presença nos conforta e é um dos contrapontos em que a população pode amparar-se para manter a esperança de que existe sim a boa prática política, o homem público voltado para o bem comum, para a defesa da sociedade, atento aos anseios da coletividade.
Precisamos cada vez mais de mentes lúcidas e de homens íntegros como o senhor.
Que Deus em sua infinita generosidade, nos privilegie com um longo tempo de vida a mais para o senhor, para que possamos continuar desfrutando de seu convívio sempre enriquecedor e prazeiroso.
É como aqueles a que se refere o salmo 94 “ na velhice darão ainda frutos, serão cheios de seiva e verdor, para anunciar que o senhor é reto.”
Aniversários são momentos privilegiados de celebração da vida. Chegar aos 80 anos de vida repleto de bênçãos divinas então, maior privilégio ainda.
Portanto celebremos nós, familiares, amigos, alunos e admiradores de Nion Albernaz, expressando gratidão ao supremo criador e rogando sua proteção. Hoje e sempre.
Agradeço, por final, ao timoneiro Nion Albernaz em meu nome e da minha família por nos ter guiado ao que somos hoje, repassando-nos seus conhecimentos e seu saber.
Termino com os versos de Cora Coralina.
Saber viver.
não sei... Se a vida é curta
ou longa demais pra nós,
mas sei que nada do que vivemos
tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
colo que acolhe,
braço que envolve,
palavra que conforta,
silêncio que respeita,
alegria que contagia,
lágrima que corre,
olhar que acaricia,
desejo que sacia,
amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo,
é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
não seja nem curta,
nem longa demais,
mas que seja intensa,
verdadeira, pura...
Enquanto durar
Cora Coralina