Evandro Magal destaca importância do Diário da Manhã para a história goiana
Senhoras Deputadas,
Senhores Deputados
O Estado de Goiás é abençoado não apenas por sua privilegiada localização geográfica, seu solo fértil para a agricultura e a mineração, seu potencial turístico, sua riqueza ecológica. Deus sempre foi e continua generoso com Goiás muito mais nas pessoas que habitam esta terra, nascidas aqui ou que escolheram este chão para trilhar. É uma gente merecedora de tantos adjetivos que escolhi para representá-la aqueles que têm o dom da palavra, os operários da comunicação. E, dentre tantos deles, um em alto relevo, o jornalista Batista Custódio, que torna especiais todos quantos gravitam no Planalto Central. Pois foi daqui, do berço de Cora Coralina e Pedro Ludovico, de Bernardo Élis e Alfredo Nasser e Consuelo Nasser, de José J. Veiga e Henrique Santillo, foi daqui que Batista Custódio semeou a voz da inteligência por todo o País por intermédio do semanário "Cinco de Março" e do Diário da Manhã.
Batista Custódio nasceu em uma família rica, de tradicionais fazendeiros da região de Caiapônia. Poderia ter continuado a saga admirável de seus ancestrais, expandindo a fortuna, alargando as fronteiras das propriedades, povoando de todas as raças de gado uma infinidade de alqueires que começam no Oeste goiano e atravessam para o Mato Grosso. É uma atividade honrosa, que mantém o nosso Estado desde o fim do ciclo do ouro e é tão superlativa que é reconhecidamente fundamental no equilíbrio da balança comercial brasileira. Mas em vez de grãos e carne, de etanol ou algodão, Batista Custódio dos Santos preferiu o caminho das letras. Na bagagem, carregou de Caiapônia apenas o destemor e a inteligência. Abriu mão das terras, da herança, do patrimônio e ainda adolescente chegou a Goiânia para começar o seu próprio império, o reino da criatividade. Nessa monarquia absoluta dos sonhos, que faz fronteira unicamente com a república do pensar, Batista Custódio investiu sua juventude, que perdura há mais de meio século.
Logo o rapaz inteligente recém-chegado de Caiapônia se revelou um ás do verbo e um empreendedor sem verba, cujos recursos intelectuais eram inversamente proporcionais ao capital de giro. Era espantosa sua coragem pessoal, seu ímpeto para o aprendizado, sua vontade de crescer mentalmente. Nem havia ainda chegado aos 18 anos e já atingira a maioridade cultural. Batista assombrava os professores discutindo com eles os clássicos da Literatura e das ciências. Debatia sobre os mais distintos setores do conhecimento. Estudava em colégio de padre e conhecia religião mais que muitos teólogos de cátedra. Pois foi ainda ali, nas primeiras letras, que viveu sua primeira e maior paixão, da qual jamais se separaria e em cuja seara se tornaria realizado. Essa paixão é a comunicação social.
De seu casamento com o jornalismo, Batista Custódio teve os dois filhos mais famosos, o "Cinco de Março" e o "Diário da Manhã". Os demais filhos inclusive nem ficam enciumados dos irmãos mais velhos. Afinal, todos eles deram os primeiros passos dentro das redações, percorrendo as oficinas, aprendendo com o grande mestre. Foi assim com Imara, Júlio e Fábio. Está sendo assim com Verônica, João do Sonho, Maria do Céu. Sempre foi assim com outros tantos filhos gerados no coração bondoso do homem humilde que adotou diversas crianças e prefere nem falar sobre esse assunto, porque para ele são todos filhos naturais, todos herdeiros do amor imenso de Batista Custódio.
Um homem simples que para ser feliz basta estar diante de um papel em branco. Ali, na gráfica do Cinco de Março na Avenida Goiás, no Centro de Goiânia, e na sede do Diário da Manhã na Avenida 24 de Outubro, em Campinas, Batista Custódio foi muito feliz. Foram os dois endereços do contentamento. Ali, o menino inteligente de Caiapônia colocou em prática o que aprendera nos livros e nas páginas mais sensatas do mundo, os parágrafos da vida. Ali, o adolescente que um dia chegou no jornal "Diário do Oeste" e disse que iria montar um jornal provou que realmente abriria não apenas um semanário, mas o veículo que transportaria a verdade para a mesa dos goianos. Ali, o homem se fez jornalista em todas as acepções do termo e o jornalista se fez mito. Ali, Batista construiria sua família, a mais numerosa delas, a família composta por seus milhares de leitores, admiradores e os que o consideram exemplo a ser seguido.
É necessário tecermos uma homenagem àquele que simboliza um resumo e ao mesmo tempo uma ampliação de tudo o que Batista Custódio tem de bom, de tudo o que produziu, do muito que o Brasil conquistou com sua inteligência. E uma síntese de tudo isso é Fábio Nasser Custódio dos Santos, filho de Batista e Consuelo Nasser. Fábio cresceu entre máquinas de escrever e imprimir. Foi fotógrafo e repórter. Escreveu textos antológicos. Passou para a história como fundador do Diário da Manhã. Homenageado na Câmara de Goiânia, é nome de rua e de praça, batiza centros de imprensa e projetos de televisão. Mas é sobretudo como pensador que Fábio Nasser perpetua seu destaque. Ainda era menino e subia nas mesas do Diário da Manhã para ditar peças de Shakespeare. Não apenas trechos das obras do bardo inglês. Fábio declamava dramas inteiros, diálogos integrais de comédias, enfim, memorizava as peças e as expunha a incrédulos, que ficavam estupefatos com a memória do garoto. Porém, o cérebro incomum para memorizar dispôs de outros atributos. Fábio foi também um criador de literatura, de ensaios, de reportagens. O que o imortalizou foi o seu trabalho.
Fábio mostrou a todos nós que o Batista Custódio pai consegue ser ainda superior ao Batista Custódio jornalista. A dedicação desse homem a seu filho é algo que nem um pródigo no vernáculo como ele próprio encontraria palavras para definir. Se desde criança Fábio encantava com sua memória espetacular, desde 17 de janeiro de 1999 é a vez de Batista Custódio cuidar da memória de seu filho. Com seu exemplo, Batista Custódio consegue que outras famílias se reagrupem, que parentes se deem as mãos, que as pessoas se interessem umas pelas outras. Trata-se de mais um tributo que a sociedade deve a esse ser humano admirável. Todos os dias, chova ou faça sol, lá está Batista Custódio ao pé do monumento a Fábio Nasser. Munido da fé que lhe é notória, Batista se corresponde com o filho, leva-lhe luz e sai da conversa ainda mais iluminado.
Além de Fábio, Júlio, Imara, Mônica, João do Sonho, Maria do Céu, Tanila, Arthur, Batista tem centenas de outros filhos. São os jornalistas que ele formou no Diário da Manhã e graciosamente espalhou pelas redações de todo o Brasil. Alguns saíram do quarto poder diretamente para outros poderes. Diversos viraram secretários de Estado em Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Rondônia, Distrito Federal. Outros pertencem ao primeiríssimo escalão do Judiciário, como Marco Antônio da Silva Lemos, que depois de ser desembargador do Tribunal de Justiça de Rondônia agora é magistrado em Brasília. Marco Antônio da Silva Lemos é uma das melhores cabeças da imprensa brasileira que o jornalismo emprestou para o direito. Outro luminar do Judiciário egresso das páginas do Diário da Manhã é o desembargador Floriano Gomes, do Tribunal de Justiça de Goiás. Doutor Floriano foi correspondente do DM em Nova York e depois voltou ao País para brilhar como advogado, presidente do Tribunal Regional Eleitoral, dirigente da Associação dos Magistrados do Brasil.
Mas o setor que mais lucrou com o aperfeiçoamento que Batista Custódio consegue na formação das pessoas foi mesmo o jornalismo. São contadas às centenas as crias de Batista no rádio, na televisão, nas revistas, nos jornais, nos sites. Lilia Teles era bacharel em Direito quando estreou como foca aprendendo a ser repórter no caderno "Evidência", do Diário da Manhã. A seguir, Lilia Teles foi para a TV Anhanguera, daí para a Rede Globo. Hoje, Goiás assiste com orgulho Lilia Teles como correspondente em Nova York da maior empresa de comunicação do Brasil. Escalada semelhante tiveram Cleisla Garcia, hoje repórter do primeiro time da Rede Record nacional, e tantos outros moços e moças que entraram no Diário da Manhã como diamantes brutos e foram lapidados por Batista Custódio.
Poderia fazer injustiça ao citar aqui os jornalistas atuais e outros que fizeram carreira no Diário da Manhã e no Cinco de Março. Se, num esforço de pesquisa, localizasse todos os nomes e fosse dizê-los aqui, um a um, teria repertório para essa sessão durar o fim de semana inteiro. Não que ficar na convivência das senhoras e dos senhores seja algum incômodo, mas aconselho programação bem melhor, que é convidá-los a voltarem a usufruir das belezas e das riquezas de Caldas Novas. Peço desculpas por conseguir nominar apenas alguns e os demais se sintam cumprimentados. O editor-executivo João Bosco Bittencourt. O editor-chefe de Reportagem e coordenador de Pauta, meu amigo Ulisses Aesse, patrimônio do DM e da imprensa goiana, também titular do "Café da Manhã". O secretário de Redação, Deusmar Barreto. O diretor administrativo Aparecido Donisete Fontana. O diretor financeiro José Willian da Silva. O diretor comercial e de marketing, Dionizio Neves. O chefe do ClassiServiço, Bruno Simão. O gerente da Rádio DM e do DM TV, Alex de Assis Pereira. Os editores Alexandre Bittencourt, Bruno Félix, Cleybets Lopes, Denise Freitas, Felipe Cândido, Gabriel Lisita, José Barbacena, Jota Eurípedes, Luiz Henrique Mendonça, Manoel Rubens, Sabrina Ritiely, Suellen Mendes, Tainara Borges, Victor Hugo Caldas. Os colunistas Allen Viana, Arthur da Paz, Edna Gomes, Edson Costa, Edvan Antunes, Luiz Augusto Pampinha, Pablo Kossa, PX Silveira, Tainá Borela, Ubirajara Galli.
Meus parabéns a todos vocês que fazem o Diário da Manhã. É impossível citar todos e, repito, os que não foram nominados se sintam representados por seus colegas. No próximo aniversário, vocês estarão de novo em pauta, porque o Diário da Manhã é sempre notícia. Pelo seu heroísmo, pelo seu pioneirismo, pelo seu ineditismo.
O DM foi o primeiro jornal em Goiás realmente diário, sim, o primeiro com edições nos sete dias da semana.
Foi o primeiro jornal informatizado.
Foi o primeiro jornal em cores.
Foi o primeiro jornal a ter TV integrada e interagindo com o público.
Foi o primeiro a encampar a Ferrovia Norte-Sul, quando ela era apenas um risco tortuoso num mapa escondido em alguma gaveta de burocrata em Brasília.
Foi o primeiro a contar com intelectuais do nível de Carlos Drummond de Andrade e outros grandes escritores e ainda publica caderno semanal da Academia Goiana de Letras.
Quando ecologia ainda era um palavrão, o Diário da Manhã foi o primeiro a defender a preservação do meio ambiente, do Cerrado, do Rio Araguaia, das florestas, dos animais.
Foi o primeiro jornal no Brasil a fazer conselho de leitores, colocando as ruas dentro das páginas do jornal, para elas não apenas aparecerem no DM, mas elas próprias decidirem o que era e o que não era notícia.
Foi o primeiro jornal do Brasil a colocar o endereço eletrônico na capa e pedir que os leitores enviem artigo e foto. Simples assim. Basta mandar o texto e a imagem que na manhã seguinte a opinião do público estará no caderno que não por outro motivo tem exatamente o nome de Opinião Pública. Sem censura, sem dirigismo, sem fiscalização. É o Batista Custódio velho de guerra comprando mais uma briga, a luta pela imprensa feita a partir do pensamento de quem lê. Aqueles que viviam encastelados se considerando formadores de opinião agora têm a opinião formada pelo povo.
O povo é o grande artífice das criações de Batista. Foi assim no Cinco de Março e na primeira fase do Diário da Manhã e assim continua. Seja o povo que escreve ou o povo que lidera, pois Batista não abre espaço apenas para os políticos com mandato no Executivo e no Legislativo. As lideranças comunitárias devem a Batista o espaço sempre aberto em seus jornais, inclusive agora no caderno "Força Livre", editado por Talvane Garcia, ela própria uma liderança jovem e preparada. O Diário da Manhã é a tribuna de quem não consegue vez para sua voz. É o ombro amigo dos esquecidos. É o amplificador de quem tem o que dizer. Os jornais de Batista já revelaram tantos líderes que um ex-porteiro do Cinco de Março virou artista de cinema, protagonizou novela na TV Globo e elegeu-se vereador no Rio de Janeiro. O ex-porteiro Stepan Nercessian agora é deputado federal, o 18º integrante da bancada goiana na Câmara.
Essa simbiose entre os intelectuais e o povo, entre a redação e as ruas, atraiu a atenção do Brasil para Batista Custódio. Graças a seu empreendedorismo e visão de mundo, nosso Estado já contou, trabalhando aqui, dando expediente da Avenida 24 de Outubro, os 50 melhores jornalistas do País. De Washington Novaes a Aluísio Biondi e Paulo Henrique Amorim. O Batista que tantos talentos exportou, também fez a maior importação de cérebros da história do Centro-Norte nacional. Era início dos anos 1980 e Batista Custódio, logo após premiar Goiás com o Diário da Manhã, fez os estudos e o planejamento necessários para torná-lo o maior e melhor jornal brasileiro. Para começar, enriqueceu seu parque gráfico, que era simplesmente o número 1 fora do eixo Sul-Sudeste. Solidificou sua empresa, que evoluiu a tal ponto que Batista tornou-se proprietário de três jornais diários, o Diário da Manhã, em Goiânia, o Diário da Manhã de Cuiabá e a Folha de Goiás, também em Goiânia. Eram suas também as rádios Executiva FM e Jornal AM, atualmente 730, além da TV que hoje é a Record. A tiragem do Diário da Manhã chegou a ser a 5ª maior do Brasil. Da Academia Brasileira de Letras às autoridades federais, o Diário da Manhã era respeitado como um dos três jornais de maior prestígio no País.
Com a empresa sólida economicamente e veículos de comunicação de alto alcance e credibilidade, Batista Custódio partiu para prestar um inestimável serviço a Goiás, trazendo para cá os mais famosos jornalistas do eixo Rio-São Paulo. Contratou meia centena de grandes repórteres, editores, fotógrafos, pauteiros. Aqui, eles se juntaram a uma equipe que também não tinha igual na região. Havia mais prêmios Esso na prateleira que paralelepípedos em Vila Boa. Os personagens das matérias ficavam indecisos entre conceder entrevista ou pedir autógrafo. O jornal deu furos de âmbito internacional. Colecionou vitórias. Batista era convidado a discutir o Brasil pelo primeiríssimo escalão federal.
O que se seguiu a tamanho sucesso estava previsto nos pensadores que Batista havia lido desde a infância em Caiapônia. A flecha podre do ciúme e a mentalidade tacanha de alguns se revelaram mais poderosos que a evolução pretendida para o Estado. Os líderes que poderiam sair das páginas do Diário da Manhã em busca de voos de alcance federativo se mostraram menores que seus cérebros de amendoim torrado. O resultado foi o que se viu, se chorou, se lamentou. O Batista Custódio que havia sido preso e perseguido pela ditadura militar por defender a liberdade conheceria seu maior revés em plena democracia. O homem que conquistara tanto à custa de seu talento e de seus esforços viveu os piores dissabores. Mas são páginas viradas. Até porque quem o perseguiu a ponto de levá-lo à ruína sofreu com a volta da fênix. Além de renascer, o maior troco é o perdão. Batista reabriu o Diário da Manhã e o povo fechou questão com ele. Recomeçou quase sozinho, mas se reergueu e hoje podemos comemorar aqui esses 31 anos de luta.
Parabéns ao Batista Custódio, a sua família, especialmente a Dona Marly e a todos que fazem o Diário da Manhã. Mas, principalmente, parabéns ao povo goiano por ter um jornal como o DM e um irmão da qualidade de Batista Custódio.