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Daniel Vilela discursa em nome da oposição na abertura dos trabalhos

15 de Fevereiro de 2012 às 15:38
Discurso do deputado Daniel Vilela (PMDB) durante sessão solene de abertura dos trabalhos do segundo período Legislativo da 17ª Legislatura.

Senhoras e senhores

No livro Saga Brasileira, a jornalista Miriam Leitão defende a tese segundo a qual apenas a liberdade nos permite ser diferentes. Pego carona nas palavras dela e digo que é na possibilidade de ser diferente, de ser livre para estabelecer o contraponto e discutir soluções, que vamos construir grandes avanços.

Não é por acaso que apenas sob a égide de verdadeiras democracias que foram construídas as grandes nações do mundo. No dia em que abrimos os trabalhos legislativos, essa é uma reflexão importante. O Parlamento deve ser o grande palco das liberdades. O fórum de debates sobre medidas que ajudem a construir dias melhores. E não pode haver debate produtivo sem o exercício livre da crítica e do contraponto.

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Porque estou dizendo isso? Porque tenho observado a tentativa de se criar em Goiás a “Ditadura do Consentimento”, especialmente no que se refere ao Governo. Um cenário onde apenas o elogio fácil é aceito. O silêncio, no máximo, suportado.


Sob o falso manto do politicamente correto, tenta-se criar o entendimento de que criticar é errado. Uma tentativa tola e infrutífera de fazer com que o contraponto se esconda atrás do medo.


De um lado, tenta-se impor pesadas dificuldades ao exercício da oposição, enquanto do outro se abrem as cômodas portas dos atalhos para o poder. Infelizmente, há os que se deixam seduzir.

Não falo isso para censurar quem quer que seja. Até porque, não me coloco no trono de quem tem a capacidade de julgar. Cada um escolhe o seu caminho. Cada um é responsável pelas suas escolhas.


Toco nesse assunto porque penso que as adesões golpeiam a democracia, na medida em que desfazem, na sombra dos bastidores, o que o povo escreveu nas urnas. Não é por outro motivo que a maioria esmagadora de quem busca os atalhos para o poder encurta carreiras promissoras.


Não sou eu quem diz ou acha isso. É a história que nos ensina.

A defesa corajosa de ideais, a firmeza de posições, a fidelidade às próprias crenças, o não ter medo de dificuldades é que forjam os grandes líderes e os levam ao topo.


Para ficar apenas no âmbito do nosso estado, podemos citar vários exemplos. Iris Rezende é um deles. Henrique Santillo e Maguito Vilela são outros dois. O ex-prefeito Nion Albernaz, embora não tenha realizado o sonho de ser governador, foi um político de posições sólidas. E todos foram ou são líderes importantes e respeitados.


Não falo aqui de preferências pessoais. Cada um tem as suas. Cito exemplos de líderes bem sucedidos que se fizeram marcadamente pela coerência de suas posições e pela coragem de assumi-las, mesmo quando isso implicava correr riscos.


Justiça seja feita, esse é um 
podiumhonroso do qual o governador Marconi Perillo também se insere. Enquanto habitava esse lado da Tribuna, Marconi foi um oposicionista duro e implacável. E por isso, no momento oportuno, foi ele quem se apresentou à saudável alternância de poder, elegendo-se, legitimamente, governador do estado de Goiás.


No caso do governador, o que lamento é que hoje, no exercício do poder, ele seja tão pouco aberto às críticas. E que olhe para o próprio Governo com um olhar por demais generoso, que acaba por maquiar problemas e afastar soluções.


De qualquer forma, não conheço outro caminho para a construção de lideranças que não seja o caminho da coerência, da firmeza e do trabalho. Se houver outro, ainda não nos foi apresentado. E certamente não é pelo caminho da adesão fácil.


Há, portanto, razões de sobra para que a classe política lute contra o fantasma da apatia e a comodidade do desprezível “sim, senhor”. É preciso fugir do regime onde o debate fique relevado a cantos discretos, longe do farol da opinião pública.


Apontar erros não é ficar contra o estado. Criticar responsavelmente não é sinônimo de baixaria.


Ao contrário, fugir do contraponto e do debate de alto nível nos afasta, governo e oposição, da realidade. Porque prende todos à mascara do puxa-saquismo sem vergonha de quem pensa apenas em seus próprios interesses.


O contraponto só não interessa aos corruptos, porque o silêncio os acolhe na tranqüilidade e os esconde sob os escombros que eles necessitam para praticar seus atos sujos.


A crítica só não interessa aos covardes e aos incompetentes, porque a neutralidade ajuda a disfarçar a incompetência.


Devemos, portanto, discutir sem medo e com transparência todos os problemas. Discutir os acertos e, principalmente, os erros. Porque isso nos ajudará a construir um estado melhor.


O Parlamento e a imprensa são fóruns ideais para isso. E nós não podemos abrir mão dessa premissa.  


Senhoras e senhores aqui presentes.


Quando falo da importância do debate não o faço como algo gratuito. O faço porque essa é uma necessidade premente.

As coisas, efetivamente, não vão bem.


Depois de treze anos no poder, o governo se apresenta apático e distante. E se arrasta numa lentidão perigosa.


Não há como negar que vivemos um apagão de infra-estrutura. São treze anos sem planejamento de investimentos. Nossas rodovias perderam o padrão de excelência, ao contrário do que diz a propaganda.


Na educação, não são apenas as greves que prejudicam os estudantes. O setor padece de uma paralisia crônica que mantém as escolas em completo estado de abandono, algumas simplesmente caindo aos pedaços. O descaso se mostrou na discussão do plano de cargos e salários, quando a titularidade foi covardemente retirada sem discussão por parte do governo.


A crise na saúde assusta. E a segurança, dá medo.

A máquina está inchada, sem eficiência. O governo de Goiás ocupa o primeiro lugar no Brasil em número de comissionados, com quase o dobro do segundo colocado, que é Minas Gerais. Falam de crise e déficit, mas foram criados 1.600 novos cargos, sem contar o número exorbitante de ocupações de primeiro escalão, um luxuoso e confortável cabide de empregos.


É preciso encarar tudo isso com honestidade e realismo. Para que esses e outros temas fundamentais sejam discutidos e solucionados.


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A classe política em geral e o governo em particular precisam entender que a crítica não é um direito, mas um dever da oposição. Essa é a atitude que se espera de um governo sério e interessado; e não tentar colocar os críticos como inimigos do estado.


Somos a favor de Goiás e do seu desenvolvimento. Entendemos que a caminhada para se chegar ao poder não depende do fracasso de “A” ou de “B”. Mas de mostrarmos que temos capacidade de fazer melhor.


No caso do PMDB, a capacidade de realizar bons governos já foi comprovada. Foram governos nossos que impulsionaram a industrialização, que criaram os programas que trouxeram empresas como a Perdigão e a Mitsubishi, que fomentaram importantes pólos de desenvolvimento.


Foram construídas obras de infra-estrutura em números incomparavelmente maiores do que o que se fez nos últimos 13 anos. Isso sem contar no pioneirismo dos programas sociais, obra de nossos governos, cuja efetividade foi comprovada diversas vezes pelo Unicef.


Ainda no campo da oposição, o PT também mostrou sua capacidade de governar em várias cidades e em nível nacional. Não é segredo que foram nos governos de Lula e Dilma que o Brasil apresentou os maiores avanços sociais e econômicos da sua história.


Mas sabemos que o passado se apresenta apenas como testemunha do que podemos fazer no futuro. Por isso, temos discutido um novo projeto de desenvolvimento a ser apresentado ao povo de Goiás.


Nesse sentido, é preciso dizer que nós, da oposição, não vamos nos furtar a desempenhar nosso outro papel. Estamos prontos para ajudar o atual governo no que for justo e importante, agindo com responsabilidade e com a independência que nos foram confiadas pelo povo goiano.


Senhoras e senhores aqui presentes.


É preciso mudar.


É preciso olhar com olhos aguçados para o que acontece a nossa volta. Abrir os ouvidos aos anseios da população. E sermos efetivos. Focar no que realmente importa. Que é a busca de soluções e a construção de um Goiás mais próspero, mais justo, com vida melhor para todos.


Essa Casa pode e vai dar a sua contribuição.


Temos um bom timoneiro. O presidente Jardel Sebba reúne as condições necessárias para conduzir a Assembléia Legislativa nesse sentido. Temos um conjunto de deputadas e deputados preparados e preocupados com o futuro de Goiás.


E sei que podemos, governo e oposição, agindo com respeito e independência, fazer de Goiás um estado sempre melhor.

Que tenhamos um ano legislativo profícuo e cheio de realizações.

Muito Obrigado a todos.


E que Deus nos abençoe sempre.

 

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