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Homenagem a Antônio Faleiros

11 de Setembro de 2007 às 10:55
Discurso proferido pelo presidente do PSDB, Antônio Faleiros, em sessão especial que o homenageou com o título de Cidadão Goiano. (03/09/2007)
Há trinta e cinco anos compartilho minha vida com o povo goiano, são trinta e cinco anos de um convívio construtivo, um tempo de conhecer mais e reconhecer muitos, um período em que mais cabem satisfações do que lamentos.

Tive a oportunidade de testemunhar e participar da fase mais próspera de Goiás, erguida pelo braço forte do goiano aqui nascido, os caminhos para os seus amanhãs. Unidos, brasileiros de todos os rincões que se fizeram goianos transformarem o até então desprezado cerrado no princípio de um agronegócio vigoroso que superou as expectativas mais positivas.

Os brasileiros de Goiás souberam construir os alicerces de modernidade, identificando e explorando suas diversas cadeias produtivas, agregando valores aos nossos produtos. Deixamos de ser meros expectadores da evolução do mundo globalizado para sermos também seus atores, haja vista a nossa pauta de exportações e os bilhões de dólares que contribuem para o resultado da balança comercial brasileira.

Hoje é tempo de falar um pouco do passado.

Formei-me na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais.

Vindo a Rio Verde, visitar minha irmã, Emirene e seu esposo, Antônio Teles, fiquei conhecendo o Senhor João de Araújo, que me apresentou aos Doutores Edsel Emrich Portilho, Vicente Guerra, Wagner Guimarães Nascimento e Júlio Emerich, que me convidaram para trabalhar naquela cidade. Comecei assim, em 1972, minha vida profissional em Goiás. É o Waninho, ex-Deputado, homônimo do Wagner, não é, Wagner?

Lembro-me aqui de um detalhe curioso: naquela época eu fazia residência em Belo Horizonte e recebia mensalmente o equivalente a trezentos reais hoje, e eles me fizeram uma proposta de três mil reais. Dez vezes mais o que eu ganhava. E se por acaso eu não atingisse aquele teto eles me complementariam, o que passasse era meu. E, para minha surpresa, no primeiro mês ganhei oito mil reais, quase trinta vezes o que eu percebia lá nas Minas Gerais.

A medicina e a política eram uma constante no meu cotidiano, desde os tempos de faculdade, em Belo Horizonte, quando presidi o Diretório Acadêmico Alfredo Balena, da Faculdade de Medicina, em pleno regime militar. Naquele mesmo ano, fiz questão de, ao chegar à cidade, me filiar ao MDB, à resistência democrática, e, já filiado ao MDB de Rio Verde, participei da campanha eleitoral apoiando o grande amigo Maurício Nassau Arantes Lisboa, que tinha como Vice o “Waninho”, o Wagner Guimarães. Perdemos. Entretanto, vencemos na eleição seguinte, quando concorreram Iron Nascimento, pelo MDB, e Bayron Araújo que, por coincidência, era filho do meu dileto amigo João Araújo, que me levou praticamente para Rio Verde, pela Arena.

Ainda em Rio Verde, recebia sempre meus amigos da resistência democrática como Henrique Santillo, Mauro Borges, Derval de Paiva e tantos outros amigos que militavam na política, àquela época.

Em junho de 1976, vim para Goiânia. Trabalhei inicialmente no Hospital Santana, de minha querida amiga Terezinha de Freitas Chaves.

Aqui estreitei meus relacionamentos com Henrique Santillo, tendo sido por ele indicado para ocupar o cargo de Secretário de Medicina Social do INAMPS, em 1984. Ao lado de vários companheiros, inclusive Marconi Perillo, coordenamos o primeiro escritório político visando à eleição de Henrique Santillo ao Governo de Goiás. Incentivado por amigos disputei a eleição e, naquela época, já tive 16.500 votos, e me elegi como um dos deputados do PMDB. Fui convidado para ser Secretário da Saúde e aceitei a missão.

Tenho consciência de termos realizado a maior revolução nesta área, com reflexos até hoje. Nas últimas eleições municipais de Goiânia, por exemplo, todos os candidatos tinham como proposta o funcionamento dos CAIS durante 24 horas. Coisa comum na minha gestão há 20 anos.

Entretanto, o maior desafio da minha gestão foi o episódio do Césio 137, quando tivemos participação decisiva no sucesso do controle do acidente radioativo. Até hoje ainda relacionam esse feito apenas à CNEN, mas é preciso e é necessário resgatar o trabalho realizado pela equipe de saúde e pelos militares de Goiás, que, sem nenhum conhecimento do episódio...

...Esses militares e a equipe de saúde identificaram e isolaram os oito principais focos do acidente aqui em Goiânia, afastando a população, dando atendimento aos irradiados, e fazendo com que começasse ali a primeira ação de controle do foco radiativo.

Fico feliz por ter contribuído para que Goiânia se livrasse desse tormento, e mais ainda, por contribuir para a idealização, implantação do melhor sistema público de saúde do Brasil.

Todavia, nem tudo eram flores. A oposição daquela época não deixava por menos. Além do resultado positivo do nosso trabalho na área de saúde, ainda tive o meu nome lembrado por Santillo para sucedê-lo no Governo de Goiás. E, por isso, a oposição precisava me desacreditar. Creio ter sido o secretário mais investigado de todos os tempos. Minha gestão foi investigada por uma tomada de conta especial, pelo Tribunal de Contas do Estado, pelo Tribunal de Contas da União e eu mesmo fiz questão, para mostrar aos meus adversários aqui na Assembléia que quem não deve não teme, de pedir uma CPI. Eu mesmo pedi uma CPI para investigar, investigar minhas contas.

E mais, com os comentários que ainda surgiam, eu fui levando à imprensa, no gabinete do Presidente do Tribunal de Contas do Estado, o nosso ex-Conselheiro Frederico Jayme, e pedi que ele fizesse uma nova investigação nas minhas contas para saber se pairava ainda alguma dúvida. Em todas essas instâncias minhas prestações de contas foram devidamente aprovadas.

Em 1990, fui um dos onze Deputados Federais eleitos pelo PMDB, sendo o terceiro mais votado. Permaneci poucos meses no PMDB e me filiei no PSDB, portanto, saí da situação governista, tanto Estadual, quanto Federal, e me situei no plano raso da oposição. Trilhei, assim, o caminho inverso daqueles que recentemente se beneficiaram com o “Mensalão”.

Em 1993, único ano que houve disputa pela Presidência do Diretório do PSDB em Goiás, disputei e venci. Hoje, o meu concorrente, Doutor Gerson Martins, é um dileto amigo e um grande incentivador, e, com certeza, deve estar aqui entre nós nesta noite. Reelegi-me em 95 e permaneci à frente do Partido até 97.

Em 2001, fui eleito Primeiro Vice-Presidente, tendo meu amigo João da Silva na Presidência. Por sua generosidade, Professor Jarbas, assumi por um ano e meio o seu mandato. Em 2003, fui eleito Presidente e reeleito em 2005. São, portanto, nove anos e meio à frente do Partido. Só neste último mandato, foram exatamente cinco anos e sete meses.


Pautei-me sempre pelo desprendimento. Nunca pressionei por espaço, apesar de ter sido duro quando precisava, porém, capaz de abrir mão quando necessário e justo. Durante 13 anos, os últimos 13 anos, fui suplente parlamentar e nunca reclamei. Quero testemunhar aqui com o nosso companheiro Marconi Perillo, que, apesar da amizade, da liberdade, do companheirismo existente entre nós, jamais cheguei a ele e pedi, no seu primeiro mandato, que chamasse algum dos titulares da Câmara para o seu secretariado para que eu assumisse uma vaga na Câmara dos Deputados. Da mesma forma, nunca procurei a Senadora Lúcia Vânia, titular do mandato com o mesmo propósito. Entendo que este assunto deve ser espontâneo e no exclusivo interesse do Estado e político/partidário.


Também agora muitos especulam sobre o meu futuro após deixar a Presidência do PSDB. Quero dizer a todos os meus amigos que continuarei político como sempre fui, mas jamais irei constranger alguém para ocupar algum espaço, ainda que me tenha acenado com essa possibilidade.

Senhor Presidente; Senhoras e Senhores Deputados; Digníssimas Autoridades; Senhoras e Senhores convidados; Meus amigos.


Ao longo de minha vida, procurei manter-me plenamente leal aos princípios que regem a democracia. Busquei e alcancei a coerência nas posições que assumi. Não tergiversei e nem permiti que os meus próximos tergiversassem nos princípios éticos e nem admiti pressões que sobrepusessem interesses particulares às questões legítimas que se impõem à disputa democrática pelo poder.

É certo que nestes tempos fala-se muito em ética. Exige-se ética dos políticos, mas nem toda a sociedade dá exemplos suficientes de assim se comportar. Faço esta observação com tristeza, porém não posso deixar de reconhecer esse problema que nos assola há séculos.

Entretanto, quero crer que com paciência, com a valorização dos cidadãos estará a nossa sociedade se aprimorando, evoluindo em cada um dos princípios e, por certo, venceremos tal obstáculo. Acredito que a classe política só será plenamente ética quando toda a nossa sociedade assim também o for.

O recente exemplo do supremo Tribunal Federal já demonstra que não estamos distantes desse novo tempo almejado por brasileiros dignos e responsáveis. Amadurecer, acompanhar a modernidade tecnológica, conhecer as decisões, reconhecer os direitos e deveres do cidadão, praticar e defender a democracia, valorizar a imprensa livre e a liberdade de opinião, são fatores que devem estar incorporados definitivamente ao homem que vê o século XXI como o tempo certo para a grande transformação do Brasil grande e o grande Brasil que nós queremos.

Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, Ministros e autoridades, senhoras e senhores convidados, meus amigos e minhas amigas, dizem que as últimas palavras são as mais fáceis de recordar, quero, assim, ao finalizar este já longo pronunciamento, expressar a minha gratidão ao meu querido amigo Deputado Federal Carlos Alberto Silva, que, quando Parlamentar nesta Casa, apresentou o projeto de lei conferindo-me esta homenagem que muito me orgulha e honra.

Agradeço também ao prezadíssimo Deputado Padre Ferreira, atual Deputado Estadual, líder de nossa bancada aqui na Casa, pelas gestões para que esta homenagem se concretizasse hoje. Dois grandes companheiros que muito enobrecem o nosso partido, o Parlamento goiano e brasileiro.

Aos companheiros e companheiras do meu querido PSDB, Vereadores, Prefeitos, Deputados Federais e Estaduais de todos os partidos aqui presentes, ao Secretariado da Mulher, ao Movimento Comunitário, à juventude, futuro do nosso partido, os meus mais efusivos agradecimentos.

A minha esposa Maria Emilia, aos seus pais que vieram de Belo Horizonte para me prestigiar, aos filhos aqui presentes: Leonardo e sua esposa Rúbia, Gustavo e Adrian, Bruno e Lígia, a minha mãe Valdete, infelizmente ausente por questões de saúde, ao pai ausente, irmãs, cunhados, amigos, autoridades e companheiros, meu eterno muito obrigado por terem acompanhado esse meu caminho e incentivado as minhas ações.

Todos vocês fazem parte da minha vida. Muito, mas muito obrigado a todos vocês. As minhas expectativas foram superadas nesta noite. Jamais esperava ser agraciado com a presença de tantos e leais companheiros e amigos.
 

Muito obrigado. 
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