Com a adoção de câmeras corporais nas fardas de policiais em alguns batalhões da Polícia Militar de São Paulo, o número de crianças e adolescentes mortos em intervenções da força de segurança caiu em 66,3% em 2022, na comparação com 2019. A medida é discutida para ser adotada em Goiás, através de projeto de lei de autoria do deputado estadual Antônio Gomide (PT), na Assembleia Legislativa.

Os dados da pesquisa Câmeras Corporais na Polícia Militar do Estado de São Paulo: Processo de Implementação e Impacto nas Mortes de Adolescentes, divulgada na última terça-feira, 16, pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), apontam ainda que houve queda da letalidade de negros em 64%.

Segundo o estudo, 102 adolescentes morreram no estado de São Paulo após intervenções policiais em 2019, quando o dispositivo não era usado. Já no ano passado, com a tecnologia adotada por 62 dos 135 batalhões do estado, esse número caiu para 34.

Ao comparar os dados com o ano de 2017 (primeiro ano da série histórica), quando 177 adolescentes foram mortos por policiais em serviço, a queda chegou a 80%.

O projeto que prevê a instalação de câmeras nas fardas de policiais militares e civis em Goiás está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa, com pedido de vistas do líder do Governo, Wilde Cambão (PSD). A proposta passou por audiências públicas com a presença de policiais, pesquisadores, membros do Ministério Público, Defensoria Pública e sociedade civil.

O autor do projeto, o deputado estadual Antônio Gomide, avalia que é preciso que o debate seja feito em Goiás, onde os números de violência policial são altos. O parlamentar ressalta que os números apontados pela pesquisa divulgada pela Unicef e o FBSP corroboram o que pesquisadores e a experiência em outros estados e países já mostram.

“Nas audiências públicas diversos especialistas que mostraram que a instalação de câmera em fardas diminui as mortes dos próprios policiais e reduz abordagens violentas. Precisamos discutir essa medida de forma séria e com dados, pois se trata de um assunto de suma importância”, diz.