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“Números sobre escravidão em Goiás nos envergonham”, afirma deputada Bia de Lima, no Tribunal Regional do Trabalho
A deputada Bia de Lima (PT) participou, na manhã desta segunda-feira, 13, do evento “Rompendo correntes: a escravidão não pode continuar”, que ocorreu no auditório do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 18ª Região, em Goiânia.
A deputada ressaltou a importância do evento e reforçou que considera inadmissível o Estado de Goiás figurar entre os primeiros colocados do ranking brasileiro do Ministério do Trabalho e Emprego relativo ao trabalho escravo.
“A falta de trabalho digno é uma chaga para todos os goianos. Como dirigente sindical e também na oportunidade de representar a classe trabalhadora na Assembleia Legislativa de Goiás, tenho a chance de dar voz aos trabalhadores naquela Casa. Procuramos o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, e o convidamos para vir a Goiânia, para dizer o quanto nos envergonham os dados sobre o trabalho escravo no nosso Estado, mas, principalmente, para dizer que queremos um basta nessas situações e não só pelos números, mas pelas vidas dos trabalhadores”, disse ela.
“Não dá para, em pleno século XXI, conviver com situações como essas de trabalho análogo à escravidão. Não podemos ficar calados, omissos e precisamos tomar atitudes sérias para impedir que trabalhadores chamados a realizar serviços tanto no campo, como também na zona urbana, estejam nessas condições. Precisamos reestruturar a Superintendência do Trabalho e Emprego para que tenhamos meios para coibir essas práticas tão vergonhosas”, declarou.
Dados vergonhosos
Dados do Ministério do Trabalho, apontaram que 729 trabalhadores foram encontrados em situação análoga à escravidão em Goiás até novembro de 2023, o que tornou o Estado líder no ranking brasileiro. A última vez que o Estado ocupou a posição foi há 15 anos.
Órgãos oficiais apontam o aumento das denúncias e ações de fiscalização, mudanças no cenário político e resgates com maior quantidade de profissionais envolvidos como fatores para a primeira posição na lista.
Goiás é seguido pelos estados de Minas Gerais (571), São Paulo (380), Rio Grande do Sul (330) e Piauí (145). Em todo o Brasil, até o momento, foram 2,9 mil trabalhadores resgatados ao longo desse ano.
O setor sucroalcooleiro concentra 58,7% dos resgatados, com 428 profissionais encontrados em situações precárias de trabalho. As ocorrências foram em quatro municípios – Itumbiara, Acreúna, Anicuns e Inhumas.
Conforme os dados, dentre os 729 trabalhadores, 676 estavam na zona rural. Os outros 53, na zona urbana. No comparativo com anos anteriores, o quantitativo de 2023 é o maior desde 2008, quando o Estado alcançou o recorde de 867 resgates.