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Projeto de Jamil Calife pode render R$ 2,75 bilhões a Goiás com créditos de carbono e transformar infraestrutura do Estado

O deputado estadual Jamil Calife (PP) apresentou, na última quinta-feira, 7, na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), o projeto de lei nº 19105/25, que autoriza o Poder Executivo a comercializar créditos de carbono gerados em florestas públicas e nas faixas de domínio das rodovias estaduais. Além disso, a proposta permite que o Governo atue como intermediador nas negociações com empresas, cooperativas e outras instituições privadas.
A medida prevê unir desenvolvimento econômico, preservação ambiental e segurança financeira para as próximas gerações, colocando Goiás na vanguarda da economia verde no Brasil.
Potencial bilionário e sustentável
De acordo com dados da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Goiás possui 1.472.399,12 hectares de florestas ou áreas de reflorestamento e 84 mil hectares de faixas de domínio nas rodovias estaduais, que podem ser reflorestadas. Isso possibilitaria a certificação de 6.770.336,17 créditos de carbono, atualmente cotados a US$ 74 cada.
O potencial de arrecadação é de R$ 2.750.516.773,23 (cerca de dois bilhões e setecentos e cinquenta milhões de reais). Segundo o parlamentar, trata-se de uma fonte de receita nova, que não reduz arrecadação existente e ainda estimula a regularização fundiária e a valorização de propriedades ambientalmente sustentáveis.
O projeto se baseia nas diretrizes do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) e, no Mercado Brasileiro de Redução de Emissões, mecanismos que permitem que empresas adquiram créditos para compensar suas emissões e, ao mesmo tempo, fomentem o desenvolvimento sustentável.
Investimentos estratégicos
O projeto de Jamil Calife defende que essa arrecadação seja direcionada para três áreas estratégicas:
- Duplicação de rodovias
Rodovias duplicadas aumentam a segurança, reduzem acidentes e melhoram o fluxo de tráfego, impulsionando a logística e o turismo. Um exemplo é o da BR-101, no Rio Grande do Norte, cuja duplicação reduziu o tempo de viagem entre Natal e João Pessoa em 44% (de 2h30 para 1h40) e diminuiu em 46,15% os acidentes fatais, além de estimular o turismo e a economia local.
- Implantação de hidrovias
A implantação de hidrovias representa uma alternativa de transporte mais econômica e sustentável para cargas pesadas e volumosas, ao mesmo tempo em que reduz o desgaste das rodovias. Um exemplo é a Hidrovia Tietê–Paraná, que conecta regiões produtoras ao porto de Santos e pode reduzir os custos logísticos em até 62%, quando comparada ao transporte rodoviário. Já a Hidrovia do Rio Madeira, entre Amazonas e Rondônia, agiliza o escoamento de grãos e minérios, fomentando o desenvolvimento econômico e a competitividade regional.
- Usinas fotovoltaicas
As usinas fotovoltaicas garantem a geração de energia limpa, reduz os custos públicos com eletricidade e criam novas oportunidades de trabalho. Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), cada megawatt instalado pode gerar cerca de 30 empregos diretos e indiretos. Um exemplo bem-sucedido é o da usina solar flutuante instalada no reservatório da Hidrelétrica de Balbina, que aproveitou áreas alagadas para produzir energia renovável, reduzir emissões e contribuir para a conservação ambiental.
Objetivo a longo prazo
O deputado também propõe a criação de uma poupança pública, garantindo que parte da receita seja preservada para proteger Goiás de crises financeiras e arrecadatórias no futuro. A ideia é que os recursos sirvam para investimentos de cunho geracional, capazes de sustentar o desenvolvimento econômico e social mesmo diante de eventuais instabilidades.
“Estamos falando de um projeto que alia preservação ambiental, geração de emprego, infraestrutura e segurança financeira. É uma oportunidade única de transformar a realidade de Goiás, hoje e no futuro”, afirma Jamil Calife.
Se aprovado, o projeto poderá duplicar milhares de quilômetros de rodovias, criar novas rotas hidroviárias, instalar usinas solares e gerar empregos em diversas frentes, tudo isso com base na riqueza ambiental do próprio Estado.
Com a proposta, Goiás se coloca como protagonista na agenda climática e econômica, mostrando que desenvolvimento e sustentabilidade podem caminhar lado a lado.