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Notícias dos Gabinetes
Iso Moreira em entrevista ao Jornal Tribuna do Planalto - 21/09/07

25 de Setembro de 2007 às 08:07
Entre se posicionar como mais próximo ao senador Marconi Perillo (PSDB) e o governador Alcides Rodrigues (PP), o deputado estadual Iso Moreira (PSDB) faz uma escolha diferente: a sua região, a nordeste. Pelo desenvolvimento da região, porém, o tucano não se exime de bater de frente até mesmo com o governo. O parlamentar listou programas e obras que têm conseguido levar para os municípios que representa, mas cobrou outras iniciativas do governo estadual, como regularização fundiária e asfaltamento de rodovias e das cidades. Também voltou a pedir a indicação de um político da região para compor o governo. Iso Moreira afirmou que continuará cobrando do governador. O tucano elogiou o trabalho do ex-governador Marconi Perillo na região, com a implantação do programa Nordeste Novo. Porém, deixa escapar que a iniciativa não foi suficiente. "Estamos há muito tempo esperando chegar a hora. Chegou com o Marconi, mas não como gostaríamos", afirma. Isso Moreira visitou a redação da Tribuna do Planalto na segunda-feira, 17.

Eduardo Sartorato, Elizeth Araújo, Filemon Pereira, João Camargo Neto e Vassil Oliveira

Tribuna do Planalto - O senhor tem cobrado do governador a liberação de cursos para a região nordeste do Estado. Até aqui, quais reivindicações foram atendidas?
Iso Moreira - Nós buscamos no atual governo resolver a questão do programa de asfaltamento, principalmente a ligação entre as rodovias que ainda não foram feitas. Na área de Educação, estamos buscando que alguns colégios sejam reformados ou ampliados. A secretária de Educação, Milca Severino, esteve comigo na região há uns 20 dias. Conseguimos o apoio dela para reformar sete colégios que estavam bastante depredados. Então, estamos conseguindo alguma coisa.

Entre essas reivindicações, a regularização fundiária é uma das mais importantes? O que muda para as famílias se o governo atendê-las?
Muda bastante. As famílias terão o título da terra e poderão trabalhar buscando recursos do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar). Os bancos têm recursos sobrando. O Banco do Brasil quer emprestar, mas não pode, pois essas famílias não têm a documentação de posse da terra. Então, seria uma ação efetiva do governo. Uma parte das famílias já foi atendida nos dois mandatos do ex-governador Marconi Perillo. Agora, com R$ 1 milhão que temos pleiteado, se for autorizado e pago, iremos zerar essa questão de regularização de terras na região. Outro assunto que temos trabalhado é a liberação de recursos para asfaltar as cidades. Existiam convênios, algumas parcelas foram pagas e outras o Estado está devendo.

Nestas conversas com o governo, o sr. chegou a tratar a questão dos atrasos nos programas sociais?
Estive com a Flávia Morais (secretária de Cidadania) há poucos dias. O governo vai pagar, de imediato, o programa do pão e do leite. A secretária também me garantiu que em novembro o Estado vai regularizar os programas sociais.

O corte desses programas afetou muitas famílias. E a situação, possivelmente, é pior na região do sr., que é a mais pobre do Estado. O sr. tem sido muito cobrado?
Muito. As famílias precisam desse benefício. São famílias carentes e que precisam desse dinheiro para sobreviver. O próprio comércio da região sofreu com o não-pagamento dos programas. Alguns até fecharam. Os beneficiários dos programas compravam e pagavam corretamente. Com esse entrave, com a paralisação dos programas sociais, além das famílias terem perdido o benefício, o comércio também perdeu. Isso gerou mais desemprego também.

A ação do ex-governador Marconi com o programa Nordeste Novo não avançou pouco? E sr. não teme ser posto na condição de 'marconista', pela cobrança que faz do governo atual?
Avançou sim. Marconi foi sensível à região. Fez muitas obras. Não sou esse tipo de político que fica provocando briga e divisão entre marconistas e alcidistas. A preocupação minha é o nordeste. A região me deu mandato, tenho um vínculo muito grande, sou empresário lá. Problema entre Alcides, Marconi e deputados eu estou fora. A minha luta é para que a região se desenvolva. Outras regiões têm um elevado desenvolvimento e o nordeste não pode esperar mais. Estamos há muito tempo esperando chegar a hora. Chegou com o Marconi, mas não como gostaríamos. O nordeste tem de avançar mais. A população me cobra e eu cobro do governador. Não estou brigando com o governador por nada que não seja em prol da região.

O sr. se reuniu recentemente com o senador Marconi para discutir as candidaturas do PSDB na região nordeste. Qual foi o resultado dessa conversa?
O senador Marconi tem uma preocupação grande com a região nordeste. Ele sabe da minha luta. Então, ele me chamou e nós estamos agendando com ele um encontro na região, possivelmente para o dia 29. Queremos preparar a filiação de pessoas novas que queiram vir para a política, pessoas de visão moderna. Então, estamos trabalhando na região com esse pensamento. Estamos buscando pessoas que possam somar conosco e viabilizar um projeto para 2008.

A base aliada está preparada eleitoralmente na região. O sr. não teme insucesso eleitoral?
Tem o trabalho feito por nós, pelo Marconi e nossos companheiros que foram eleitos e serão reeleitos. Onde nós já temos prefeitos reeleitos, como em Posse, teremos candidatos competitivos. Alvorada do Norte, onde meu filho (Alessandro Moreira dos Santos) é prefeito reeleito, nós elegeremos o sucessor dele. Nós temos hoje na região o apoio de 10 prefeitos. Vamos trabalhar para eleger de 11 a 12 prefeitos.

O sr. acredita que o PMDB virá forte na região para sucessão do ano que vem?
O PMDB na região sempre foi forte, sempre teve muitos votos. Mas a gente tem como neutralizar isso. Basta lembrarmos a eleição para governador em 2006: no primeiro turno o governador Alcides perdeu em 15 cidades e venceu em cinco. No segundo turno, revertemos. Ganhamos em 15 e perdemos em cinco. E as cinco que nós perdemos foi por diferença pequena.

Como é a relação do sr. com o deputado federal Pedro Chaves (PMDB)?
Muito boa. Meu amigo. Uma pessoa de bem, cidadão humilde, bem-intencionado. Dobrei (fez campanha conjunta) com ele em vários municípios. Ele tem feito um bom trabalho pela região.

Pode haver coligação entre PSDB e PMDB em municípios da região?
Pode sim, é viável. Em Alto Paraíso, por exemplo, por haver uma coligação entre PSDB e PMDB. E em outros municípios do nordeste nós poderemos até ter coligações desse tipo.

O sr. tem projeto de voltar a ser prefeito?
Fui prefeito de Simolândia, uma cidade pequena e que não tinha nada. Conseguimos em quatro anos mudar a cidade. Abrimos loteamento, construímos feira coberta, ginásio de esporte, casas populares, colégios, hospital e rodoviária. Também fizemos asfalto. Depois veio a sucessão. Fizemos o sucessor, mas deu errado. Minha mulher (Ildete Gomes Ferreira) voltou em 2000 e foram mais quatro anos de trabalho. Foram oito anos de trabalho e Simolândia está bem-estruturada, toda asfaltada. E nos projetamos politicamente devido ao trabalho na prefeitura e empresarial na região. Daí eu busquei o mandato de deputado em 1998 e fiquei na suplência. Com ajuda do Marconi, assumi em 2001. Fiquei na Assembléia oito meses. Neste período fiz um trabalho para a região e em 2002 eu fui reeleito com quase 20 mil votos. Trabalhei quatro anos com afinco e, novamente, consegui a reeleição, agora com 30 mil votos.

O sr. continua batendo na tecla de que o nordeste precisa de um representante no governo?
Continuo. A primeira-dama de Posse, a Margarete Valente, era um nome nosso, mas o governador não nos atendeu. Pedimos ao governador para sermos atendidos, termos alguém da região no governo, mas não conseguimos. Vamos continuar lutando, brigando e cobrando. Nós temos outras pessoas, ex-prefeitos, ex-vereadores, empresários da região que poderiam ser aproveitados aqui em Goiânia em algum órgão do governo para ter esse elo com a região. Apenas eu ficar brigando pela região é muito pouco.

Nos encontros com o senador Marconi, o que o sr. ouviu dele com relação aos desentendimentos na base governista?
Isso é passageiro. O governo vai dar certo. É um governo nosso. O Alcides foi vice do Marconi por sete anos e três meses. Isso é momentâneo e daqui a pouco começa a andar.

Mas por que está ocorrendo esta situação momentânea?
Isso é bobagem. São grupos, pessoas que ficam lá e cá levando intriga. Existem interesses particulares também. Agora, o Marconi e o Alcides são amigos, se entendem bem. E é bom para Goiás e para todos nós que o governo dê certo. Juntos, nós o elegemos. Todos nós pedimos votos para ele. Então, estamos no mesmo barco. E é um governo que vai dar certo.

Tem ocorrido quórum baixo na Assembléia. O sr. avalia que devia ter um entendimento entre os deputados para um comparecimento maior?
Inclusive, há poucos dias saiu matéria no jornal O Popular dizendo que eu sou gazeteiro por ter faltado em quatro sessões. Isso é um absurdo. Eu estou presente na minha região. Fui a São Domingos com o governador Alcides inaugurar um Fórum na cidade. Depois eu voltei a Campos Belos com o doutor Vitor Barboza Lenza (presidente do TRE de Goiás) lançar a construção de um prédio do TRE. Aí voltei com a professora Milca Severino em Posse, numa reunião em que conseguimos a liberação de recursos para a construção de sete colégios para a região. Depois ainda fui com o deputado Sandro Mabel em Mambaí inaugurar um posto de saúde, uma quadra de esporte e um colégio. Então, nestes quatro dias eu estava viajando, mas minhas faltas foram justificadas. Não fiquei fora por interesse particular. O nosso mandato não é só em plenário ou em gabinete.

Mas o sr. não deveria organizar a agenda de forma que pudesse estar na Assembléia entre terça e quinta e deixar as visitas ao interior para os outros dias da semana?
Estamos presentes nas terças, quartas e quintas. Mas há dias que não tem como. Tem de inaugurar uma obra em uma quinta-feira, por exemplo, não tem como não ir. Busquei a obra, briguei por ela, consegui levá-la, então tenho de estar presente na inauguração. Não depende só de mim esta agenda. Mas estou presente nas sessões, nas comissões que faço parte. Veja bem, se estou em Goiânia e vem um prefeito como veio o de Damianópolis, a 500 quilômetros de Goiânia. Eu fui à Assembléia, no plenário, registrei presença, mas tive de acompanhar o prefeito até a Celg e a Saneago.

Deputado, mas não é pior registrar presença e não ficar na sessão? Não seria melhor não ir?
Tem hora que não adianta ficar lá na Assembléia ouvindo discurso. Tem de ter ação. Fico na Assembléia se tiver alguma coisa importante. Daí eu participo. Agora, quando não tem nada para discutir, ficar na Assembléia ouvindo discurso, não resolve nada. A minha idéia é ter ação concreta.

O sr. pensa em ser candidato a deputado federal? O sr. tem esse projeto para 2010?
Tenho o projeto. Vamos trabalhar isso com calma, não estou preocupado. Minha preocupação agora é fazer um bom trabalho neste mandato.

Na região tem o Pedro Chaves, o sr. pode ser candidato e ainda tem o Ernesto Roller. Tem espaço para os três?
Não estou preocupado com 2010. Se tiver espaço, mas acho complicado. A nossa base é uma região de pouco eleitorado, poucos votos. O nordeste não tem votos para eleger um deputado federal. Tem de buscar votos em outras regiões para se eleger. Então, até lá, nós vamos pensar, amadurecer, com os pés no chão.

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