Notícias dos Gabinetes
Em artigo, Daniel Vilela fala sobre a hora da mudança
As discussões sobre as eleições de 2014 começam sob uma ótica equivocada. Não é momento de discutir candidatos, mas de trabalhar um novo projeto para o Estado. Depois de quase 16 anos, percebe-se um forte anseio por mudança em Goiás. O atual modelo de gestão se esgotou, afundado em graves problemas.
Ao longo desse período, o governo não conseguiu entregar à sociedade o que vendeu em sua propaganda. O resultado é uma grave crise na saúde, caos na infraestrutura, problemas no abastecimento de energia e água, máquina pública inchada pelo excesso de cargos comissionados e um governo imobilizado por amarras políticas, as quais não consegue romper.
Isso é resultado de um modelo que abandonou o planejamento e se pautou pelo personalismo, focado apenas no projeto pessoal de perpetuação no poder. As questões mais sérias de Estado ficaram em segundo plano. Uma das provas disso é a perversa equação que se viu no ano passado, quando os gastos com propaganda do governo de Goiás (R$ 150,4 milhões) quase se equipararam a todo o montante que o mesmo governo dispôs para investimentos (apenas R$ 274 milhões).
Quando os gastos com promoção pessoal se equiparam ao volume de investimentos a democracia enfraquece e a população sai perdendo. É um modelo que se sustenta apenas por um tempo. Quando a realidade bate à porta das pessoas, a percepção muda. Não há propaganda capaz de maquiar os problemas enfrentados pelo Estado.
O governo fala agora em virar a página e apresentar uma agenda positiva. Mas se ouve falar nessa agenda positiva há anos, sem que nada efetivo aconteça. Além disso, é difícil acreditar que um governo que vive uma crise de autoridade possa promover as mudanças necessárias.
As dificuldades do governo em mudar ficaram claras na tentativa frustrada do governador de promover a reforma administrativa. Ele simplesmente não conseguiu mexer em pastas que, segundo avaliação do próprio governo, não apresentam os resultados esperados. Está irreversivelmente atado à montanha de acordos políticos que fez para se eleger.
O governo de Goiás hoje é uma colcha de retalhos de tecidos que não se encaixam. Muitos dos auxiliares reportam mais aos grupos políticos que os indicou do que ao próprio governador e não demonstram comprometimento com as propostas de governo. Isso é o que de pior pode acontecer a uma administração, porque sem comando o governo perde o rumo. E quando isso acontece, passou da hora de mudar.
À oposição não cabe apenas apontar os erros, mas trabalhar pela construção de um projeto de governo novo e diferente, factível e realista, que apresente soluções para os problemas emergenciais e planejamento futuro para Goiás.