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Notícias dos Gabinetes
Daniel Vilela diz ser contra projetos pessoais no PMDB

06 de Maio de 2013 às 08:30

Deputado estadual de primeiro mandato, Daniel Vilela é um dos representantes da chamada ‘ala-jovem’ do PMDB. Na entrevista a seguir, o parlamentar defende que a sociedade goiana quer mudança no Palácio das Esmeraldas no ano que vem. Mas, qual seria o candidato ideal? Daniel acredita em alguém novo, que possa ser “o Marconi de 1998”. Ele garante que o partido tem quadros e que é preciso se trabalhar um projeto para o Estado.

Sobre a filiação de Júnior do Friboi no PMDB, o deputado mostra que o empresário precisará convencer o partido sobre o seu projeto e mostrar porque quer ser candidato pelo partido. “Se for uma candidatura à custa de dinheiro ou puramente por questões pessoais, eu estou fora”, diz.

Filho do prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela (PMDB), Daniel defende que os peemedebistas precisam minimizar os projetos pessoais e focar em eleger o governador do Estado no ano que vem. “Não podemos mais errar. Se errarmos, pode ter certeza que um terceiro vai acertar”. Daniel Vilela visitou a Tribuna na quinta, 2.

Tribuna do Planalto – Como o senhor vê a preparação do PMDB para 2014?

Daniel Vilela – O PMDB está se movimentando muito e com eficiência. Existiram movimentos de caravanas, que é um trabalho dissociado do diretório. A Dona Iris está levando a caravana para uma região, assim como os deputados. Esses trabalhos são diferentes do da executiva do partido. O presidente Samuel Belchior, os membros e os deputados têm, na medida do possível, participado. Percebemos, primeiramente, que as pessoas estão muito motivadas, pois estão observando um desejo de mudança muito forte.

A deputada Iris de Araújo faz eventos e os deputados participam de outra caravana. Para a sociedade, isso não dá impressão de que falta unidade?

A Dona Iris faz o trabalho dela, os deputados fazem o deles e o diretório também. Para mim, isso é positivo. Isso acaba movimentando o cenário. Se tivermos um grupo só com o objetivo de passar em todos os municípios, vai ficar um tempo maior sem que essas cidades voltem a receber o grupo.

Mas não há uma articulação entre esses grupos?

Isso de fato não há. Começou a acontecer, mas eu acho que é positivo. As diferenças que podem existir dentro de um partido têm que ser discutidas dentro do diretório, mas não foi isso que levou a mais de um movimento. É fato também que não foi combinado, isso aconteceu naturalmente.

Essa “falta de integração” entre a ação da oposição pode ser vista de forma mais clara na Assembleia, em recentes episódios, como a falta de deputados na sessão de terça, 30. Isso pode significar que há desunião na bancada de oposição?

Não foram momentos de desunião, mas em que interesses pessoais foram sobrepostos sobre os interesses da oposição. Eu confesso, porém, com toda a sinceridade e honestidade, que é difícil demais juntar os 16 deputados. Me determino a estar lá terça, quarta e quinta. Algumas pessoas não conseguem nem isso. Na última terça, a ausência dos seis parlamentares de oposição não foi algo intencional. Pelo menos da maioria não foi.

O presidente do PMDB, Samuel Belchior, não estava presente na terça. O sr. concorda que seria melhor se ele tivesse esse cuidado de estar presente nessas situações, pois, além do próprio mandato, ele representa o partido também?

Concordo, tanto que acabei de falar que estou sempre presente lá. A dele também é, mesmo que fosse só como deputado. Como presidente, é mais emblemática ainda. Eu acho que ele tem feitos os esforços para estar lá, não posso julgar por qual motivo ele não estava na terça, mas tenho o visto com mais constância lá ultimamente. Agora, nós deputados estaduais, federais, precisamos de um projeto maior, e tenho falado isso para todo mundo. Eu, como deputado estadual, me sinto frustrado hoje. Se me perguntarem, eu falo que não tenho desejo nenhum de ser candidato à reeleição para ser deputado estadual de oposição. Eu acho que agora precisamos estar desprovidos de vaidades, de projetos pessoais. Eu estou determinado, se for preciso, a não ser candidato. Não tem desejo, eu até posso ser candidato a estadual ou a federal, mas dentro de um projeto, uma etapa a ser cumprida. Ser vereador e deputado estadual já me trouxe muita frustração com o Legislativo. Se tivermos um candidato ao governo e, para isso, for preciso deixar de lado os projetos pessoais, vale muito mais a pena ter o governo e poder trabalhar e ajudar a desenvolver o Estado do que ser um deputado estadual ou federal.

Na oposição, os projetos pessoais continuam sendo colocados acima do interesse coletivo?

Não é só na oposição, no governo também tem isso. Quem quer entrar, tem que se diferenciar. As pessoas não vão mudar o que dá certo, mas vão mudar o que está dando errado. Temos que apresentar uma alternativa melhor ao que está aí.

O sr. foi um dos poucos que não esteve presente na visita do empresário Júnior do Friboi ao diretório do PMDB. Como o sr. avalia a entrada dele no partido?

O partido precisa estar aberto a todo mundo que queira participar e tenha afinidades políticas. Ele tem todas as condições para ingressar e construir uma carreira política. É um empresário bem sucedido, ele tem qualidades que são importantes para o partido e para a política goiana. Agora, é preciso observar o que ele pensa e de que forma fazer isso, se está atualizado com o que é uma construção política atualmente. Ele não pode imaginar que vai se capacitar para uma candidatura majoritária por um motivo diferente do posicionamento político dele. Eu não vou nem entrar na questão de dinheiro ou de outras qualidades que tem para ser governador, mas eu acho que a primeira coisa que ele tem que fazer para conquistar o partido é mostrar posicionamento político. Ele sempre teve uma proximidade com o governador, foi cogitado para ser vice dele, esteve no PTB, no PSDB. Então, e aí, o que ele pensa do governador hoje? O que pensa desse governo? Ele precisa expor isso, questionar. Para mim, se não fizer isso, não me convence e eu disse isso pessoalmente a ele. Se for uma candidatura à custa de dinheiro ou puramente por questões pessoais, eu estou fora. Ele pode até me convencer, mas eu já deixei claro que não pulei para dentro do barco dele.

O PMDB tem certa resistência com o Júnior. Tem tempo para ele seduzir essas pessoas?

Eu espero que as pessoas sejam seduzidas por um projeto, por acreditar que ele tem condições de ser governador. Não adianta negar que as pessoas se deixam seduzir pela estrutura que ele pode oferecer, e eu acho que esse é um grande erro do PMDB. Não temos mais condições de errar. Se errarmos o ano que vem, pode ter certeza que um terceiro vai acertar. O Fernando Haddad, em São Paulo, evidenciou um perfil que as pessoas estavam querendo. Elas não querem mais pessoas para colocar a foto na parede, elas querem um candidato a governador que gere expectativa e que depois possa ser um governador que resolva os problemas.

O sr. falou que defende um projeto novo para o PMDB. Isso impede, por exemplo, uma candidatura de Iris Rezende?

Não impede. O Iris tem todas as condições de ser candidato. Ele, mais do que ninguém, tem competência comprovada, tem experiência em administração pública e conseguiu resgatar tudo isso com a administração em Goiânia. Agora, eu tenho observado que as pessoas gostam dele, o têm como ídolo, mas acreditam que ele não é o melhor candidato. Eu ouço isso, não é um pensamento meu e eu vejo isso no partido pelo interior. Todo mundo tem respeito e admiração por ele, inclusive eu, mas as pessoas querem um novo caminho, novas alternativas.

O sr. acha que é vital o diálogo com a chamada ‘terceira via’, para unir toda a oposição?

Acho sim. Quanto maior for a aliança, melhor. Eleitoralmente, isso também soma muito em horário de TV, em militância, mas eu também vejo que tudo está muito solto. O Vanderlan eu não observo muita movimentação política dele, talvez até seja uma estratégia. Eu só acredito no DEM fora da base do governo depois que for homologada alguma ata de convenção, pois não acredito em nenhum momento que o DEM fique fora do atual governo. Se hoje fosse coerente com os discursos de seus principais líderes, tinha deixado tudo o que tem no governo. Adota um discurso, fala em independência, mas o partido não deixa de ter regalias. Para mim, o DEM não é componente dessa aliança, até por uma questão nacional.

O PMDB tem quadros para lançar alguém ‘diferente’ no processo?

Tem, mas é preciso diferenciar a questão qualitativa da quantitativa. Se pegarmos quantitativamente, o Iris é o melhor candidato, não há o que discutir e todos têm que ficar com ele. Agora, ele representa isso? Se não, temos que achar um perfil nesse sentido. Eu acho que tem sim quadros dentro do PMDB que vão ser construídos, que vão ser o Marconi de 1998.

Como funcionam essas pesquisas, o Iris lidera, mas não é o melhor nome?

Eu ouvi de pesquisas quantitativas, que mostram o Iris bem à frente. É bom ficar claro que não estou expressando um desejo de que o Iris não seja candidato. O Iris é o antagonismo do Marconi, ou seja, o Marconi está muito mal, então o Iris está muito bem. O sentimento do anti-Marconi converge no Iris, mas o sentimento comum que observamos é de uma necessidade de alternância de poder. Exauriu-se um ciclo de 16 anos, aquele impacto acabou. É uma falência de um modelo, que prometeu muito e fez pouco. Essas pesquisas falam também, por exemplo, que o Caso Cachoeira tem uma vinculação com o governador, só que não é o principal problema do Marconi, que é, de fato, a sensação das pessoas de falta de realização do governo.

PMDB errou ao ficar revezando Iris e Maguito na disputa do governo desde 1990?

Eu acho que não. Foram as conjunturas que levaram a essas candidaturas. Em 1998, por mais que questionem a não candidatura de Maguito – e eu, como filho, posso garantir que foi um desejo dele, não uma imposição de Iris -, quem imaginava que o Iris, com mais de 70% das intenções de votos perderia a eleição? Em 2002, Maguito era o mais popular, disparado nas pesquisas. Em 2006, ele novamente despontou nas pesquisas, mas se tivesse surgido outro nome em 2006, talvez ele poderia não ser o candidato. Em 2010, daí surgiu a oportunidade de lançarmos um candidato diferente. O Iris e o Maguito foram abertos a isso. Todo mundo questiona o caso do Henrique Meirelles, na intenção de atacar o Iris, mas Meirelles não foi firme. Ele veio para cá, mas com a cabeça lá em Brasília, querendo ser vice da Dilma. Ele não tinha paixão pelo projeto. E aí, o Iris foi convencido a ser candidato. Mesmo a contragosto, com o sacrifício de deixar a prefeitura. Muitos usaram o argumento que, mesmo se não ganhasse as eleições, o PMDB faria uma bancada grande, que é o meu receio de acontecer de novo. Pensar em eleger bancada e não eleger o governador.

Há uma avaliação de que o Iris só perdeu a eleição em 2010 por falta de estrutura. Alguns colocam que é esta a importância do Júnior do Friboi, de trazer estrutura para a campanha do PMDB. Iris tem os votos, mas o Júnior a estrutura. Como resolver essa equação? Há possibilidade de outro nome que equacionaria este problema?

Existe, de fato, a reclamação da ausência de estrutura em 2010, mas não posso condenar o Iris por isso. Só ele sabe a dificuldade que ele deve ter passado. Ele não podia fazer compromisso que ele não podia honrar. Ele também não poderia se comprometer para amanhã não dar conta de fazer o governo que poderia ser feito. Não se comprometer com grupos econômicos, o que, hora nenhuma, o governador Marconi se preocupou durante a campanha. Ele se comprometeu, política e financeiramente. Foi o tudo pelo poder. Em eleição hoje, infelizmente, você precisa ter uma estrutura mínima. Senão, não deslancha. Mas não precisa ter o volume que o Marconi teve em 2010.

O sr. acredita que, para o governador se recuperar, só uma campanha com muito dinheiro?

Não. Eu não acredito que uma campanha seja só dinheiro. Principalmente uma campanha majoritária. Principalmente com as dificuldades e a situação atual do governo. Eu não acredito, inclusive, em questões pontuais que o governo possa fazer daqui para frente até 2014. Essa agenda positiva está sendo prometida desde 1999, mas nunca acontece.

Como o sr. vê os empréstimos que o Estado está conseguindo junto ao governo federal, o endividamento e o potencial de obras do governo?

É uma política da presidente Dilma e, para mim, é equivocada. O que ela observou? Que os bancos estatais estavam com muito crédito e havia a necessidade do investimento público para fomentar a economia. Quis enxugar, não sei por quais motivos, os investimentos diretos. Foi na ideia de aumentar o investimento público e a dívida dos Estados. Mas em todos os sentidos é ruim para ela. Porque, primeiro, o gasto público dos governos estaduais não tem a mesma eficiência do gasto feito pelo governo federal. O TCU é um pouco mais independente e o Ministério Público Federal também. Em Goiás, não existe um controle tão intenso. O dinheiro fica no meio do caminho, faz uma obra sem tanta qualidade, ou uma obra que não seja necessária, mas politicamente era importante para ele. E, politicamente, a presidente não capitaliza nada disso. Agora, estou ficando bem atento se o Estado está cumprindo as metas fiscais. O Estado fechou no limite de 60% do orçamento com a folha? Se não fechou, o governo federal não pode destinar estes recursos porque vai comprometer lá na frente.

Hoje os investimentos são basicamente destes empréstimos. Por que o Estado não consegue investir com recursos próprios?

Isso é muito simples, chama-se gestão. Não temos uma gestão eficiente, moderna. Todos os Estados tem na folha a maior parte dos seus gastos. Por que outros Estados dão conta de investir e Goiás não? Porque o Estado deixou de ser um prestador de serviços para ser o maior empregador de pessoas, com cerca de 10.200 comissionados. E comissionados que sequer tem uma função a desempenhar, um local para trabalhar. São funcionários políticos. Daí você pergunta para o governo e as pessoas dizem que o impacto dos comissionados é muito pequeno. Me lembro quando foram criados 1.600 cargos na Assembleia, na surdina pelo deputado Helder Valin, o secretário de Planejamento veio no outro dia e falou que estes funcionários custariam ao Estado R$ 140 milhões ao ano. Tenho a convicção que com o uso de servidores de carreira, competentes, que estão aí doidos para terem a oportunidade de chefiar órgãos e superintendências, você consegue gerir o Estado com três mil comissionados. Tranquilamente. Você acaba com sete mil cargos. Vamos fazer esta conta. Daria uma economia anual de mais de R$ 600 milhões. O que daria para fazer com esse dinheiro? Então este é o grande gargalo do Estado. Os comissionados estão comendo a capacidade de investimento do Estado. Improdutivo, ineficiente e caro para o Estado. O Estado virou clientelista, paternalista, uma cultura totalmente atrasada.

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