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CPI da Enel em Cristalina e Ipameri

29 de Novembro de 2019 às 19:23
Crédito: Carlos Costa
CPI da Enel em Cristalina e Ipameri
CPI da Enel realiza audiência pública em Cristalina
CPI da Enel fez audiências em Ipameri na 5ªfeira e em Cristalina na sexta, 29. Nos dois municípios, os parlamentares obtiveram grande apoio das lideranças políticas e da população na busca de solução para o problema da energia em Goiás.

Cerca de 60 pessoas participaram da 24ª audiência pública realizada pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga irregularidades dos serviços prestados pela concessionária italiana Enel, no plenário da Câmara Municipal de Cristalina. O relator da CPI, deputado Cairo Salim (Pros), coordenou os trabalhos na mesa diretora, composta pelo procurador da Assembleia Legislativa (Alego) Edmarkson Ferreira de Araújo; deputado Amilton Filho (Solidariedade); presidente da Câmara, vereador Bernardo Vaccaro Fachinello (PR); secretário municipal da Agricultura Alécio Maróstica; vereadores Silvano da Rádio (PSDB), Osório Fernando (PHS) e Valter Tomaz de Souza (PSD).

Na abertura do evento, o relator da CPI, deputado Cairo Salim reforçou o compromisso público da comissão em buscar soluções para o fornecimento de energia elétrica oferecido pela Enel em Goiás. “Com o apoio das câmaras municipais vamos lutar para que a Enel nos respeite e cumpra o contrato de concessão. A empresa tem todas as condições de resolver os problemas do povo goiano. Ou nosso dinheiro tem o mesmo valor do dinheiro dos franceses? Porque lá fora eles prestam um bom serviço? Estamos juntos para dizer que a Enel terá que respeitar o cidadão de Cristalina. Já faz três anos que a Enel assumiu a Celg, e até então não investiu em atendimento”, pontuou.

Diante do impasse entre o Parlamento goiano e Enel, o deputado Amilton Filho disse que o melhor caminho é dar fim às diferenças e buscar soluções efetivas e rápidas. “Os embates com a Enel têm o objetivo de ofuscar nosso trabalho na Alego, mas não vão conseguir. Vamos continuar trabalhando para garantir energia de qualidade na casa e nas empresas dos goianos. O ideal é entender o problema, conversar com a população e encontrar soluções. Por isso estamos aqui”, avaliou.

De acordo com o ranking da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a Enel é a pior distribuidora de energia do Brasil. Atualmente, a empresa italiana controla e administra a distribuição de energia nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará e Goiás, além de outros 38 países. O procurador da Alego, Edmarkson Ferreira de Araújo, apresentou informações relacionadas ao painel de desempenho de distribuição por municípios disponibilizados no site da Aneel. Os dados oficiais da agência, apontam 16.322 unidades consumidoras em Cristalina, com duração máxima de interrupção anual de 14 horas, porém os números revelam estrangulamento duas vezes mais que o permitido de 25,05 em 2019. Quanto à média de interrupção aceitável, o limite máximo para Cristalina seria de 16 horas por ano, mas ultrapassa a 30,59 horas segundo relatório da Aneel.

Mais uma vez, nenhum representante da Enel participou do evento.

O presidente da Casa, vereador Bernardo, usou a tribuna para relatar os problemas gerados pela má qualidade da energia oferecida pela Enel em Cristalina. “Sem energia não há desenvolvimento. Cristalina é um dos maiores polos agrícolas do País. Tudo que se planta, colhe. E precisamos de energia para processar a tecnologia. Se houver energia de boa qualidade, vamos dobrar a produção, e isso gera mais empregos, aumenta renda e gera desenvolvimento”, relatou. O parlamentar lembrou ainda que o município é referência no Brasil e no mundo pela diversidade de produção e pela exportação para China, Europa e Estados Unidos. “Produzimos mais de 60 culturas diferentes no solo abençoado e produtivo de Cristalina e para continuar alimentando a população dentro e fora do País, precisamos de energia de qualidade. A energia é tudo pra nós”, completou.

Agricultura

De acordo com o secretário de Agricultura, Alécio Maróstica, cerca de 1.720 agricultores sofrem diariamente com a falta de energia em Cristalina. “São mais de 1,7 mil produtores, 200 deles são irrigantes. Nossa rede elétrica está sobrecarregada, e a Enel foi informada disso há dois anos, mas não fez nada até hoje. Precisamos de, no mínimo, 80 mil KVA na zona rural e 70 mil KVA na cidade”, relatou.

O secretário disse ainda que estudos estão sendo feitos para que investidores apostem na energia solar como solução. “Sabemos que a energia solar é fonte de renda, e já temos investidores interessados em investir no setor para aumenta nossa independência, mas ainda assim, precisaremos da Enel para transmitir essa energia”, afirmou Alécio.

Além da falta de energia, a população reclama também de aumento no valor das faturas e troca desnecessária de padrões. “Estamos pagando cerca de 150% de aumento na conta de energia. Todo mês, aumenta 20 reais na conta”, relatou Pedro Henrique. Veruska Lopes disse que “nos obrigaram a trocar os relógios da minha casa, e tudo ficou pior. Se ligar duas televisões a energia cai e minha conta dobrou. Parei de pagar 80 reais com padrão antigo para pagar R$ 200 com o novo. Isso não pode continuar assim”, disse indignada.

Título de Cidadania

Ao fim da participação popular o vereador Walter Tomaz de Souza entregou o  Título de Cidadania Cristalinense ao deputado Amilton Filho. “Este título é um agradecimento por tudo que faz pelo nosso povo e um pedido para que continue olhando e atuando pela nossa cidade”, disse o vereador.

O deputado se disse orgulhoso e garantiu empenho na defesa dos direitos da população cristalinense. “Muito me orgulho de receber esse título, certamente aumenta minha vigilância por Cristalina, e pretendo ser merecedor dessa honraria com ações e muito trabalho”, concluiu Amilton Filho.

A reunião foi encerrada com a entrega de peças de artesanato esculpidas em cristais aos deputados Amilton e Cairo, pelo presidente da Casa vereador Bernardo.

CPI da Enel em Ipameri 

Na quinta-feira, 28, foi realizada a 23ª audiência pública realizada pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga irregularidades dos serviços prestados pela concessionária italiana Enel. O plenário da Câmara Municipal de Ipameri, distante 207 quilômetros de Goiânia, ficou lotado e ao final da audiência, os parlamentares demostraram confiança no trabalho da CPI, acreditando que uma solução será encontrada.

Em Ipameri, o relator da CPI, deputado Cairo Salim (Pros), dirigiu os trabalhos na mesa de autoridades, composta pelo procurador da Assembleia Legislativa (Alego), Edmarkson Ferreira de Araújo; vice-presidente do Legislativo local, Genivaldo Moreira (PR); secretário municipal de Planejamento, Humberto Gebrim; comandante 41ª CIMP, Comandante Major Tairo Ciloé de Oliveira; Alexandre Mendonça Teles, assessor do deputado federal José Mário Schreiner; e os vereadores por Ipameri Douglas Troncha (PDT), Luciano Carneiro (PSDB), Alan César (MDB), e Mara Ney (PSB).

O relator da CPI usou a tribuna para ressaltar que a falta e interrupção contínua do fornecimento de energia elétrica em Ipameri e em todo o estado de Goiás está atrapalhando a vida da população e que a comissão, instalada em março deste ano, ainda não foi concluída porque a sociedade está insatisfeita, e precisa ser ouvida antes da elaboração do relatório final. “Nossa visita é motivada pela falta de energia que tem atrapalhado a vida da população de Ipameri e muitas outras cidades. E estamos aqui para registrar o descontentamento de vocês com a Enel. O relato popular é fundamental para que possamos exigir o cumprimento dos compromissos firmados entre a empresa e o Governo”, pontuou.

O deputado destacou a falta de compromisso da Enel e relatou o sofrimento de produtores rurais, comerciantes e donas de casa. “A Enel não respeita ninguém. Temos bairros e assentamentos ficando dias sem energia. Somos a voz de nossos eleitores, e vamos usar nossa voz para ensinar a Enel a respeitar o cidadão, investir e oferecer serviço de qualidade na cidade e na zona rural. Não queremos favor, pagamos as taxas mais caras do País, seja empresário, produtor, comerciante ou dona de casa. Somos clientes de igual forma e exigimos um serviço de qualidade”, discursou Salim.

O parlamentar lamentou a ausência de um representante da Enel ao evento. “Infelizmente, nenhum representante compareceu para tomar nota da realidade de vocês. Mas, todas as reclamações serão informadas por relatório”, disse Salim.

Com a palavra franqueada aos convidados, o vice-presidente do Sindicato Rural de Ipameri, Eduardo Machado, relatou o sofrimento da população local, especialmente, do produtor rural que tem perdido a produção diária por falta de energia. “Na zona rural a falta de energia é muito pior que na cidade, o produtor está perdendo toda sua produção por falta de energia. É um caso de polícia o que estamos vivendo aqui. Acaba a energia, e a gente liga na Enel para registrar, eles demoram até quatro dias para atender. Isso porque o atendimento é de emergência, segundo eles. É lamentável! Façam valer nossa voz. Estamos à mercê da falta de respeito dessa empresa que nos deixa em situação humilhante constantemente”, relatou Eduardo.

Representatividade

O vereador Alan César reforçou o empenho do Poder Legislativo local e estadual na luta por um atendimento digno e justo por parte da Enel. “O intuito é dar voz ao cidadão, e somos incumbidos de ecoar essa voz apontando as reclamações do povo. A CPI é a oportunidade de apresentar nossas demandas. E lutar juntos por dignidade e justiça”, salientou o vereador.

Já o vereador Douglas Troncha, aproveitou a audiência para denunciar o desdém da diretoria da Enel para com o colegiado, que há tempos busca uma resposta da empresa. “Temos buscado soluções para o fornecimento de energia há muito tempo. Todos os 11 vereadores assinaram requerimentos e moção de repúdio, solicitando à Enel um plano de ação para recuperação do sistema elétrico de Ipameri. Já que não nos atendem, a esperança é que a CPI os conduzam ao cumprimento integral do contrato firmado com o Governo e que nossa gente não pague essa conta injusta sozinha”, concluiu.

Da platéia, ecoou-se a voz firme e entusiasmada de José Antônio, um pequeno comerciante que comemorou a união de forças para cobrar uma postura séria e justa da Enel. “Estou me sentindo animado, porque estamos falando a mesma língua. Nosso clamor é o mesmo”, enfatizou. O comerciante denunciou o descompromisso social e público da Enel para com a sociedade. “Eles não se importam com a vida. Outro dia, um fio de alta tensão se rompeu na rua da minha casa. Tinha faísca e fogo nos cabos rompidos, mas a equipe só chegou no dia seguinte. Substituíram a fiação, mas não religaram a rede elétrica. A luz só chegou na minha casa depois de três dias. Estamos literalmente no escuro”, relatou.

Outro entusiasta na plateia foi o senhor João Dias, ao revelar o sentimento confiança e esperança nas investigações da CPI. “Essa CPI não vai acabar em pizza. Até o Governador perdeu a paciência com a Enel. Obrigado por lutar ao nosso lado. Juntos, vamos ecoar nossa voz em busca dos nossos direitos”, disse em alto e bom tom.

As declarações, reclamações, opiniões e sugestões dos participantes foram unanimes em relação à necessidade de tomar atitudes mais enérgicas e sólidas contra a Enel, na tentativa de provocar o cumprimento do contrato ou, se necessário, a encampação da companhia. “O alto comando da Enel precisa respeitar o cidadão. A região do Fundão já ficou 8 dias sem energia. Isso é inadmissível”, completou o vereador Luciano Carneiro.

Como se não bastasse a interrupção contínua de energia elétrica, a população de Ipameri convive diariamente com a instabilidade da potência voltaíca que chega às unidades consumidoras. A reclamação foi registrada pelo comerciante Juscelino Dias. “Ouvi atentamente todas as declarações, mas é preciso registrar que a tensão voltaíca dispensada pela Enel em Ipameri, não chega aos 220 volts. Isso causa danos irreparáveis a equipamentos eletroeletrônicos e maquinário de processamento”, denunciou Juscelino.

Depois de quase duas horas de depoimentos e denúncias o relator da CPI, o deputado Cairo Salim encerrou a audiência pública em Ipameri sob protesto. “O povo quer mudança. Sorte a nossa que estamos aqui, isso mostra que todos nós somos líderes, e estamos pensando e lutando pelo bem da coletividade. Somos responsáveis pela mudança e por melhor qualidade de vida do povo goiano. Tenham certeza de que a participação de vocês fará diferença na elaboração do relatório final da nossa CPI”, finalizou.

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